Japão nega que arcará com custos adicionais pelo adiamento dos Jogos Olímpicos
abril 21, 2020O comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 disse nesta terça-feira que ainda não chegou a um acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI) como dividir os custos adicionais por conta do adiamento da Olimpíada para o ano que vem, negando assim as informações publicadas pela entidade esportiva.
Um porta-voz do comitê organizador comentou hoje um artigo explicativo publicado ontem pelo COI sobre o adiamento dos Jogos, onde afirmava que o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, “havia concordado que o Japão continuará a cobrir os custos previstos nos termos do contrato existente”.
A nota acrescentava que o COI “continuaria sendo responsável por sua parte” das despesas, observando que o custo adicional do adiamento dos Jogos “chegaria sem dúvida a várias centenas de milhões de dólares”.
Em vez disso, os organizadores japoneses enfatizam que “a questão de quem arcará com os custos não foi discutida” entre Abe e o presidente do COI, Thomas Bach, na conversa telefônica entre eles, no dia 24 de março, quando concordaram em adiar os Jogos para 2021.
“Não achamos apropriado citar Abe para expressar algo além do que foi acordado. Portanto, pedimos ao COI para remover a frase em questão de seu site”, disse Masa Takaya, porta-voz do comitê organizador dos Jogos de Tóquio.
Na mesma linha, o porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, disse hoje em entrevista coletiva que “não é verdade” que Abe prometeu assumir os custos adicionais por conta do adiamento dos Jogos.
Os japoneses explicaram que todas as partes envolvidas continuam discutindo a “estrutura de governança” para gerenciar as novas datas do evento olímpico, após ter chegado a acordo sobre um esboço geral na semana passada, e disse que não havia data concreta para uma conclusão nesta fase.
Após a solicitação do comitê organizador, o COI publicou uma versão mais atualizada do artigo e removeu a polêmica menção. Em vez disso, observa que o Japão e o COI reafirmaram seus “compromissos e responsabilidades” para organizar os Jogos, sem mencionar os custos.
Vários cálculos colocam o custo decorrente do atraso dos Jogos de Tóquio em cerca de 300 bilhões de ienes (cerca de R$ 14,6 bilhões), embora a organização indique que, no momento, não é possível determinar o valor total devido pois há muitos problemas a serem resolvidos, como a disponibilidade dos locais.
Esse valor aumentaria o orçamento final que foi aprovado para Tóquio-2020 antes da decisão do adiamento devido à pandemia da Covid-19, que totalizou 1,35 trilhão de ienes (cerca de R$ 66 bilhões) financiado pela organização, pelo governo do Japão e por Tóquio.
*Com EFE