IPCA tem deflação de 0,31% em abril, maior queda do índice desde agosto de 1998
maio 8, 2020SÃO PAULO – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou deflação de 0,31% em abril, segundo informou nesta sexta-feira (8) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A deflação foi acima da expectativa mediana dos economistas do mercado financeiro compilada pela pesquisa Bloomberg, que apontava para uma deflação de 0,24% no período. Esta foi a maior deflação mensal para o IPCA desde agosto de 1998 (-0,51%).
Na comparação anual, a inflação chegou a 2,40%, ante estimativas de desaceleração a 2,46%. Foi a primeira deflação já registrada em um mês de abril no Brasil, reiterando o cenário de queda na Selic após o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzir a taxa básica de juros brasileira em 0,75 ponto percentual, para 3% ao ano, na última quarta-feira.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram deflação em abril e o maior impacto negativo do mês, -0,54 ponto percentual (p.p.), veio do grupo Transportes (-2,66%). A segunda contribuição negativa mais intensa (-0,05 p.p.) veio dos Artigos de residência (-1,37%), cuja queda foi mais intensa que a registrada em março (-1,08%). No lado das altas, destaca-se o grupo Alimentação e bebidas (1,79%), que acelerou em relação a março, com impacto de 0,35 p.p. no IPCA de abril. Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,22% em Saúde e cuidados pessoais e a alta de 0,10% em Vestuário.
A queda no grupo dos Transportes (-2,66%) deve-se sobretudo ao recuo observado nos preços dos combustíveis (-9,59%), em particular da gasolina (-9,31%), que apresentou o maior impacto individual negativo no índice do mês (-0,47 p.p.). Houve quedas no preço desse combustível nas 16 regiões pesquisadas, sendo a maior em Curitiba (-13,92%) e a menor no Rio de Janeiro (-5,13%). Além da gasolina, o etanol (-13,51%), o óleo diesel (-6,09%) e o gás veicular (-0,79%) também apresentaram queda em abril.
Ainda em Transportes, as passagens aéreas (15,10%) registraram alta após três meses consecutivos de quedas. O item ônibus urbano (0,11%) foi outro a apresentar variação positiva, em função do reajuste de 5,00% no preço das passagens em Salvador (1,56%), em vigor desde 12 de março.
O grupo dos Artigos de residência (-1,37%) apresentou a segunda maior variação negativa no índice do mês, influenciada pelas quedas dos itens mobiliário (-2,92%) e eletrodomésticos e equipamentos (-3,58%). Por outro lado, artigos de tv, som e informática (0,72%) e de cama, mesa e banho (1,35%) registraram variações positivas no IPCA de abril.
A maior contribuição positiva no índice do mês (0,35 p.p.) veio de Alimentação e bebidas (1,79%), que acelerou em relação ao resultado do mês anterior (1,13%). A alimentação no domicílio passou de 1,40% em março para 2,24% em abril, com destaque para as altas da cebola (34,83%), da batata-inglesa (22,81%), do feijão-carioca (17,29%) e do leite longa vida (9,59%). As carnes (-2,01%) apresentaram queda pelo quarto mês consecutivo, desta vez mais intensa que a do mês anterior (-0,30%).
O piso da meta de inflação do Banco Central é de 2,5% este ano e o centro da meta é de 4%. Se a variação do nível geral de preços em 2020 terminar abaixo do piso, o BC terá de enviar carta ao governo explicando por que não foi capaz de atingir a meta.
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