Investir em VALE3 ou PETR4? Confira a análise das ações e saiba qual pode trazer maior retorno

Pesos pesados da Bolsa, respondendo por grande parte do volume do Ibovespa, as ações de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) passam por momentos distintos no índice. Enquanto Vale recua cerca de 25% no acumulado de 2023, Petrobras PN sobe 23,4%.

Mesmo que na sessão desta quinta-feira (1º) ambas registrem fortes ganhos, após aprovação do teto da dívida americana e alta das commodities, Petrobras vem em tendência de alta (mas próxima de ponto de resistência) e Vale em tendência de baixa, porém, na linha de suporte relevante, dizem analistas técnicos.

No pregão desta quinta-feira (1º), os papéis da Vale (VALE3) subiram 2,1%, cotados a R$ 65,16, ao passo que os da Petrobras (PETR4) avançaram 3,2%, a R$ 26,96.

Diante deste cenário, confira a seguir a analise técnica das ações das duas gigantes da Bolsa e entenda quais são as suas perspectivas com base na avaliação de grafistas consultados pelo InfoMoney.

Análise técnica de ações de VALE3

Começando por Vale (VALE3), a mineradora tem enfrentado um contexto desafiador em 2023, caracterizado por um desempenho ruim das ações, mesmo diante de bons resultados e perspectivas de dividendos.

O cenário macroeconômico tem sido um obstáculo significativo, uma vez que o preço do minério de ferro não apresenta uma recuperação, e a narrativa de recessão global se fortalece, com a China importando menos matéria-prima.

Para Enrico Cozzolino, head de análise da Levante, do ponto de vista técnico, a Vale está passando por uma consolidação de preços no médio prazo.

Essa consolidação, destaca ele, é marcada por uma resistência significativa em torno de R$ 90,00 e uma região de suporte que varia de R$ 64,00 a R$ 58,00, na qual o ativo está sendo negociado atualmente [veja gráfico abaixo].

Gráfico semanal da VALE3

“O maior perigo para a Vale é a possibilidade de rompimento dessa região de suporte, o que poderia indicar uma reversão da tendência de longo prazo de alta para baixa”, diz Cozzolino.

Neste sentido, o especialista pontua a importância de se avaliar tanto o cenário macroeconômico desafiador quanto os aspectos técnicos ao se avaliar a performance da Vale.

“Acompanhar de perto a evolução desses fatores pode fornecer insights importantes sobre o possível desempenho futuro do ativo”, completa.

Gráfico semanal da VALE3

Em resumo, para a Levante, as ações da Vale encontram-se em tendência de alta no longo prazo, de consolidação no médio e de baixa no curto prazo.

Os pontos de suporte de VALE3 são os preços de R$ 64,00 (1) e R$ 59,70 (2), e os de resistência R$ 68,30 (1) e R$ 72,96 (2).

VALE3: Em tendência de baixa

Matheus Lima, analista técnico da Top Gain, ressalta que as ações da Vale, após renovarem suas máximas, no final de janeiro de 2023, atingiram uma forte região de resistência nos preços, entre R$ 95,48 e R$ 96,18.

“Nesses patamares de preços, existe uma atuação agressiva da ponta vendedora, defendendo essa região, o que faz com que as ações entrem em uma tendência de baixa, sendo negociadas dentro de um canal de baixa”, pontua Lima.

Em relação ao atual momento, além das ações estarem na linha de retorno do seu canal de baixa, também operam em região de suporte.

“Porém, o suporte dos R$ 63,93 acabou de ser rompido para baixo (nas últimas sessões), abrindo espaço para que os preços das ações busquem os fundos anteriores, nos R$ 61,60, e para os mais pessimistas, nos R$ 55,43.

Gráfico diário da VALE3: julho/21 a maio/23 

Para os analistas técnicos do Itaú BBA, Fábio Perina, Lucas Piza e Igor Caixeta, as ações da VALE3 estão em tendência de baixa, tendo testado na véspera a região de suporte de R$ 63,90.

“Caso perca esse patamar, a ação abrirá espaço para que as quedas a curto prazo continuem, e terá objetivo em R$ 60,40 – mínima do último ano”, destacam.

Entretanto, pelo lado da alta, os especialistas apontam como ponto de resistência para VALE3 os seguintes preços: R$ 67,60, R$ 70,70 e R$ 72,50.

Análise técnica de ações de PETR4

Partindo para Petrobras (PETR4), a petroleira apresenta uma tendência de alta no longo prazo, destaca Cozzolino. No entanto, no médio prazo, observa-se uma indefinição, pois os topos e fundos estão distribuídos de forma aleatória, sem um padrão definido.

“O papel possui a característica de grandes movimentos de alta e períodos de indefinição e redução de volatilidade. Atualmente, a Petrobras está negociando muito próxima a uma faixa relevante de preços [veja gráfico abaixo], que marca as resistências desse período de indefinição”, analisa Cozzolino.

Ele acrescenta que um aspecto negativo a ser considerado, para as ações de Petrobras, é o baixo volume financeiro, “o qual se torna um fator crucial para possíveis rompimentos nesses cenários”.

Gráfico semanal PETR4

Ademais, o especialista da Levante acrescenta que o cenário macroeconômico e a correlação com os preços do petróleo desempenham um papel determinante nas movimentações desse ativo, que é um dos mais líquidos do Ibovespa.

“É importante ressaltar que a análise de tendências, o monitoramento do volume financeiro e a consideração de fatores macroeconômicos são elementos fundamentais para uma avaliação completa e precisa da Petrobras e de seu potencial de movimentação”, completa ele.

Assim, Cozzolino ressalta que, em um cenário otimista para as ações, estaria o aumento do volume financeiro, ancorado por uma melhora nas cotações do petróleo e fechamento acima dos R$ 27,00, o que poderia levar suas ações a testarem suas máximas recentes [veja no gráfico abaixo].

No sentido contrário, afirma ele, em um cenário pessimista, estaria a continuidade do volume fraco e a queda de preços abaixo dos R$ 24,22.

Gráfico diário PETR4

A Levante tem como suporte para PETR4 as seguintes cotações: R$ 25,40 (1) e R$ 24,22 (2); enquanto as resistências encontram-se em: R$ 26,80 (1) e R$ 28,48 (2).

PETR4: Respeitando tendência de alta

Enquanto isso, para Matheus Lima, analista técnico da Top Gain, as ações da Petrobras, há um tempo, vêm respeitando a LTA (linha de tendência de alta), que se iniciou no fundo do mês de janeiro de 2022. Em 24 de março deste ano, o preço das ações chegou ao patamar da LTA, nos R$ 20,04.

“Após respeitar essa LTA, observamos uma movimentação de alta no curtíssimo prazo, na qual os preços das ações estão subindo dentro de um canal de alta, porém estão próximas de esbarrar em uma região de preço de resistência, nos R$ 27,46 – o que pode gerar dificuldade para buscar o próximo topo, dos R$ 30,06“, analisa Lima.

Para ele, caso as ações não consigam romper essa resistência, poderá ocorrer uma correção até os R$ 24,60 – preço de topos anteriores e da LTA do canal de alta, que podem servir como suportes. “Se houver rompimento, poderá abrir espaço para a continuação do movimento de alta, visando o alvo dos R$ 30,06 – topo da máxima das ações.”

Gráfico diário PETR4: janeiro/22 a maio/23

Por fim, para os analistas do Itaú BBA, as ações de Petrobras estão em tendência de alta, podendo ganhar ponto de compra caso consigam superar a barreira de R$ 27,20. “Se isso acontecer, o próximo objetivo ficará em R$ 30,30 – topo histórico.”

No lado da baixa, destacam os especialistas, os suportes para a ação ficam em R$ 25,35, R$ 23,90 e R$ 22,50 – “patamar que sustenta o viés positivo da ação no médio prazo.”

Suporte e resistência

Os suportes são regiões de preço que costumam atrair compradores sempre que a ação atinge aquele patamar. Ou seja, o papel sobe após atingir aquela cotação.

As resistências, ao contrário, são regiões de preços que costumam atrair vendas. Ou seja, a ação geralmente cai após bater naquela cotação.

Uma regra importante na análise técnica é a da bipolaridade, que significa que o suporte, quando rompido, se torna uma resistência e a resistência, quando superada, torna-se um suporte.

Relacionados