Ibovespa sobe forte com otimismo em torno de vacina e falas de Powell; dólar cai a R$ 5,74

Ibovespa sobe forte com otimismo em torno de vacina e falas de Powell; dólar cai a R$ 5,74

maio 18, 2020 Off Por JJ

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(Shutterstock)

SÃO PAULO – O Ibovespa opera em forte alta nesta segunda-feira (18) seguindo os índices futuros dos Estados Unidos, que intensificaram os ganhos após a farmacêutica Moderna Therapeutics anunciar resultados positivos na primeira fase do desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus.

Segundo a companhia, duas doses administradas a 45 participantes de um teste foram capazes de estimular a produção de anticorpos por eles. Os ativos da companhia sobem até 40% no pré-market da Nyse.

No domingo, o presidente Federal Reserve, Jerome Powell falou que a economia americana deve se recuperar gradualmente no segundo semestre e que as medidas de confiança só devem retornar aos níveis pré-crise apenas justamente após a chegada de uma vacina. O presidente do Fed afirmou ainda que não está sem munição para combater a recessão.

Às 10h12 (horário de Brasília) o Ibovespa subia 3,31% a 80.127 pontos. Vale lembrar que hoje é dia de vencimento de opções, o que deve adicionar volatilidade ao pregão.

Já o dólar futuro para junho tinha queda de 1,79% a R$ 5,756. O dólar comercial, por sua vez, recua 1,56%, a R$ 5,746 na compra e R$ 5,748 na venda.

Em meio a esse otimismo, a atenção está voltada para o encontro virtual entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra alemã, Angela Markel, que será seguido por uma coletiva de imprensa para apresentar um conjunto de iniciativas para a recuperação da Europa após os estragos causados pela pandemia do coronavírus.

Comércios, bares, cafés, restaurantes e museus reabriram na Itália, em um retorno gradual à normalidade passada a pior fase do coronavírus. Apesar disso, cuidados ainda serão tomados como a obrigatoriedade do uso de máscaras nas lojas e a distância mínima de um metro entre as mesas dos restaurantes.

No Brasil, as atenções estão voltadas para a condução da crise sanitária, após a saída do ministro da Saúde, Nelson Teich, e ao desdobramento de revelações, feitas pelo empresário Paulo Marinho, envolvendo o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, e a Polícia Federal.

Entre os indicadores, o Relatório Focus do Banco Central mostrou que a mediana das projeções dos economistas para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 convergiu para uma retração de 5,12%, ante uma queda de 4,11% prevista na semana passada. Para 2021 a expectativa foi mantida e crescimento de 3,2%.

A perspectiva é de uma menor Selic ao final do ano, de 2,50% para 2,25%, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial de inflação, também foi revisado para baixo, de 1,76% para 1,59%. A projeção de dólar, por sua vez, passou de R$ 5 para R$ 5,28.

Espera por novo ministro

O Brasil aguarda a escolha do novo ministro da Saúde após a saída de Nelson Teich na última sexta-feira, em meio à espiral de casos de coronavírus, com país apenas atrás dos EUA, Rússia e Reino Unido como epicentro global para a doença.

Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, Jair Bolsonaro disse a aliados neste final de semana que não quer ser açodado na escolha do futuro ministro da Saúde que entrará no lugar de Teich. Por isso, cresce entre assessores do presidente a avaliação de que o general Eduardo Pazuello, ministro interino, ficará à frente da pasta por pelo menos mais uma semana.

Pazuello deve assinar um novo protocolo da pasta sobre o uso da cloroquina inclusive para pacientes com sintomas leves da doença. Esse foi o ponto que causou embate entre o antigo ministro, que ficou menos de um mês no cargo, e o presidente Jair Bolsonaro.

Com temor sobre os impactos do isolamento social na economia, o presidente também tem pedido a reabertura da economia, mesmo com o crescimento do número de casos e mortes causadas pela Covid-19. Dados do Ministério da Saúde mostram que o Brasil conta com 241.080 casos confirmados desde o início da pandemia e 16.118 óbitos.

Embate político

A semana começa também com a repercussão do relato do empresário Paulo Marinho ao jornal “Folha de S.Paulo”. Em entrevista publicada no domingo, o ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro afirmou que o senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, foi avisado sobre investigações da Polícia Federal realizadas em 2018 e que envolviam seu gabinete – na ocasião, Flavio ocupava o cargo de deputado estadual.

A Polícia Federal vai investigar essa denúncia, que deve ser absorvida pelo inquérito que já tratava das acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro sobre possível interferência de Jair Bolsonaro em investigações da PF.

Segundo informações da Folha, Marinho deve prestar depoimento, mas ainda não há uma data definida. Na entrevista, o empresário disse ter ouvido de Flávio que, em outubro de 2018, foi procurado por um delegado da PF e avisado sobre a Operação Furna da Onça, que investigava as “rachadinhas” na Assembleia do rio. Essa operação, segundo Marinho, teria sido postergada para ser deflagrada em novembro e, dessa forma, não atrapalhar a eleição de Jair Bolsonaro.

Noticiário corporativo

No cenário corporativo, o final da temporada de balanços está no radar. A Equatorial e a Marfrig divulgam os resultados do primeiro trimestre após o fechamento dos mercados. Na última sexta-feira, Cemig divulgou prejuízo de R$ 56,8 milhões e a Even registrou lucro líquido de R$ 36,3 milhões.

Ainda no radar corporativo, a Vale comentou nota do Mining.com, em que apontou na semana passada que a cidade de Brumadinho suspendeu a licença de operação da Vale depois que agentes de saúde disseram que as atividades no local não respeitavam as regras de isolamento social. O município também interrompeu as obras de reparo da barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão, segundo a reportagem.

A Petrobras iniciou fases não vinculantes para venda Gaspetro e NTS, enquanto a JBS aumentou a produção nos EUA após reabertura de unidades. Por fim, a Cogna Educação aprovou a 6ª emissão de R$ 500 milhões em debêntures.