Ibovespa Futuro fica no zero, enquanto dólar e DIs sobem com tensão fiscal no Brasil e risco de nova onda do coronavírus
agosto 14, 2020SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro descola do exterior e opera próximo da estabilidade nesta sexta-feira (14) em maio à preocupação dos investidores internacionais com uma segunda nova onda de contágio pelo coronavírus, enquanto por aqui se mantém o temor com a questão fiscal.
Na quinta-feira à noite, o presidente Jair Bolsonaro admitiu discussões para furar o teto do gastos e ainda cobrou “patriotismo” do mercado financeiro, que costuma reagir mal às medidas de menor rigor fiscal.
E no âmbito da reforma tributária, as discussões para a criação de um imposto aos moldes da antiga CPMF indicam que o novo tributo pode incidir inclusive entre as transferências feitas em contas correntes da mesma titularidade.
Às 09h10 (horário de Brasília) o contrato futuro do Ibovespa para outubro registrava leve alta de 0,04%, aos 100.450 pontos. Enquanto isso, o dólar futuro para setembro tinha alta de 0,57%, a R$ 5,400.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 opera com ganhos de sete pontos-base, a 2,85%, o DI para janeiro de 2023 avança nove pontos, em 4,07% e o DI para janeiro de 2025 sobe 5 pontos, a 5,92%.
Já no exterior, a preocupação com uma segunda onda de contágio pelo novo coronavírus faz as Bolsas caírem na Europa e os futuros de Nova York operarem em terreno negativo.
Essa preocupação veio após o aumento de casos na Alemanha e França e à imposição de quarentena para viajantes da Holanda e França que queiram entrar no Reino Unido.
Os investidores também repercutem os dados econômicos na região. O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do Euro registrou queda de 15% no segundo trimestre ante igual período de 2019. Na comparação com o trimestre anterior, o tombo foi de 12,1%.
Nos Estados Unidos, os investidores continuam aguardando novas medidas de estímulo por parte do governo, mas republicanos e democratas já sinalizaram que o acordo pode não estar próximo.
Na Ásia, os investidores repercutiram os dados da produção industrial na China, que mostrou uma alta de 4,8% em julho na comparação com igual mês do ano passado.
Agenda de indicadores
O destaque na agenda doméstica fica para o IBC-Br, índice considerado referência mensal para o PIB, que teve uma alta de 4,89% no mês de junho ante maio, em seu segundo mês de recuperação depois da forte retração da atividade por conta da pandemia do coronavírus. No acumulado do segundo trimestre, o indicador do BC registrou queda de 10,94%.
A recuperação ficou levemente abaixo do que o projetado pela mediana das expectativas dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para uma alta de 5,03% na comparação mensal, depois de subir 1,31% na medição anterior.
Nos Estados Unidos, os números das vendas no varejo do mês de julho sairão às 9h30 (horário de Brasíila), mesmo horário em que serão divulgados os dados da produtividade no setor não agrícola.
Às 10h15, é a vez da produção industrial do mês de julho se tornar pública. Às 11h, sai o índice de confiança da Universidade de Michigan.
Na agenda do InfoMoney, a série Por dentro dos resultados – que traz lives com os CEOs e principais executivos de companhias da Bolsa, em que eles comentam os números do ano, detalham as estratégias dos próximos meses e respondem as perguntas de quem estiver assistindo – recebe quatro empresas nesta sexta-feira. Para participar, basta se cadastrar, gratuitamente, na série.
Às 10h, Wilson Ferreira Júnior, CEO da Eletrobras participa da live; às 13h, é a vez de Roberto Fulcherberguer, CEO, e Orivaldo Padilha, CFO da Via Varejo. Às 16h, a Unidas falará dos resultados, com a participação de Luis Porto, CEO, Marco Tulio, CFO, Carlos Sarquis, head da divisão de aluguel de carros, e Rodrigo Faria, gerente de relações com investidores. Marcelo Bacci, diretor executivo de finanças e relações com investidores, fala sobre os números da companhia às 17h30.
Teto de gastos e aprovação de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro admitiu, em transmissão ao vivo em redes sociais, que há discussões no governo sobre furar o teto de gastos públicos, que é a regra que impedem que as despesas cresçam acima da inflação. Cobrou ainda “patriotismo” de agentes do mercado financeiro que reagem de forma negativa a esse tema.
A confirmação das discussões sobre furar o teto da meta ocorreram um dia após o presidente pregar a responsabilidade fiscal ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, e dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Na transmissão, o presidente lembrou que a PEC da Guerra permitiu um gasto extraordinário de R$ 700 bilhões e que foi questionado por membros do governo a furar o teto em mais R$ 20 bilhões e assim ter recursos para completar obras.
O flerte de Bolsonaro com o menor rigor fiscal ocorre no momento emq ue ele está melhor avaliado. Segundo pesquisa Datafolha, 37% dos brasileiros consideram seu governo ótimo ou bom, ante 32% que o achavam na pesquisa anterior, feita em 23 e 24 de junho.Já a rejeição caiu dez pontos percentuais, para 34%.
Vale destacar que Paulo Guedes indicou o secretário de Desenvolvimento da Infraestrutura da sua pasta, Diogo Mac Cord, para assumir a Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, deixada na última terça pelo empresário Salim Mattar. A informação é do próprio Ministério, em nota à imprensa.
Já o indicado para substituir Paulo Uebel na Secretaria Especial de Desburocratização Gestão e Governo Digital é Caio Andrade, atual presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
Nova CPMF
O novo tributo sobre transações financeiras que será proposto pelo governo está sendo desenhado para incidir sobre saques em dinheiro e pode ter um espectro de cobrança mais amplo do que a extinta CPMF, segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”.
Embora o foco seja alcançar operações digitais, a reportagem mostra que os saques também serão taxados.
O debate inclui a possibilidade de cobrar transações interbancárias, investimentos e até operações entre contas de mesma titularidade, algo que era isento enquanto vigorou a CPMF.
A análise feita no momento prevê incidência sobre o que vem sendo chamado de transações externas, como saques, compras em lojas e na internet, pagamentos de boletos ou contas e operações digitais.
Radar corporativo
A JBS registrou lucro líquido de R$ 3,38 bilhões no segundo trimestre de 2020, alta de 54,8% na comparação com igual período de 2019. A receita líquida, por sua vez, subiu 32,9% na mesma base de comparação, passando para R$ 67,58 bilhões.
O Ebitda ajustado mais do que dobrou, chegando a R$ 10,49 bilhões.
Já a operadora da bolsa brasileira B3 registrou lucro líquido de R$ 891,8 milhões no segundo trimestre, uma alta de 36,2% em relação ao segundo trimestred de 2019.
Entre abril e junho, o Ebitda da companhia avançou 42%, passando para R$ 1,42 bilhão, com a margem Ebitda também avançando de 70,3% para 74,4%.
A receita líquida da B3 fechou o período em R$ 1,91 bilhão, uma alta de 34,3%.
E a Suzano registrou um prejuízo líquido de R$ 2,05 bilhões no segundo trimestre de 2020, revertendo um lucro de R$ 700 milhões em igual período de 2019.
Esse resultado decorre do efeito da variação cambial sobre a dívida da empresa.
A receita líquida, por sua vez, subiu 20%, para R$ 8 bilhões. O Ebitda ajustado teve alta de 35%, indo de R$ 3,1 bilhões para R$ 4,18 bilhões.
A construtora Cyrela registrou lucro líquido de R$ 68 milhões no segundo trimestre de 2020, uma queda de 40,4% em relação a igual período de 2019.
A receita líquida da construtora no segundo trimestre foi de R$ 839 milhões, queda de 10,4% na comparação anual.
Já a CCR, que sofreu com a queda do tráfego em rodovias e aeroportos, registrou prejuízo comparável de R$ 164,7 milhões entre abril a junho, contra lucro de R$ 329,5 milhões um ano antes.
O tráfego consolidado no trimestre das rodovias sob concessão da CCR, incluindo o Sistema Anhanguera/Bandeirantes e a Via Dutra, caiu 22,1% na comparação anual, enquanto na mobilidade urbana o declínio foi de 73,6%, atingindo 95% em aeroportos.
Já o Ebitda ajustado pela mesma base encerrou o período em R$ 819,4 milhões, queda de 39,7% ano a ano.
A empresa de varejo de moda Cia. Hering teve uma forte alta de 212% em seu lucro líquido no segundo trimestre, que chegou a R$ 126,85 milhões. A empresa se beneficiou de ganhos financeiros no período.
Já a receita líquida da empresa, no entanto, caiu 67%, para R$ 118,8 milhões, com um recuo de 69,4% nas vendas mesmas lojas. Enquanto isso, o Ebitda fechou o período em R$ 73,36 milhões, crescimento de 59% em um ano.
(Com Agência Estado e Bloomberg)
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