Ibovespa Futuro desafia correção e tem leve alta com continuidade do otimismo por vacina
novembro 10, 2020
SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro tem leve alta nesta terça-feira (10) desafiando uma leve tentativa de correção em algumas das bolsas internacionais depois do rali recente. A notícia de que os testes da vacina da Pfizer e da BioNTech contra o coronavírus tiveram 90% de eficácia seguem trazendo otimismo principalmente para os ativos que mais caíram por conta da pandemia.
Mesmo depois do avanço de ontem, hoje o petróleo segue apresentando ganhos. O barril do Brent – usado como referência pela Petrobras – tem alta de 1,18% a US$ 42,90, enquanto o barril do WTI sobe 0,87% a US$ 40,64.
Por aqui, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu os testes com a chinesa Coronavac devido a efeitos adversos. O Instituto Butantan afirmou que não tem a ver com os testes, e o governo de São Paulo, disse que foi informado da interrupção por meio da imprensa.
Às 09h17 (horário de Brasília), o índice futuro para dezembro subia 0,58%, aos 103.845 pontos.
O dólar futuro com vencimento em dezembro registrava queda de 0,3%, a R$ 5,374.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe um ponto-base a 3,28%, o DI para janeiro de 2023 opera estável a 4,81%, o DI para janeiro de 2025 tem queda de dois pontos-base a 6,42% e o DI para janeiro de 2027 fica estável a 7,16%.
Ainda no quadro de eleições americanas, consolida-se o cenário de divisão entre democratas e republicanos no Legislativo. O Senado deve continuar republicano, enquanto a Câmara deve ter controle democrata por uma estreita margem.
A notícia é boa principalmente para as empresas de alta tecnologia, uma vez que o Partido Democrata não será capaz de aprovar leis como o aumento de impostos ou mesmo a divisão de grandes companhias do setor com o objetivo de aumentar a concorrência e combater um possível monopólio.
Entre os indicadores internacionais, a China informou que a inflação caiu em outubro a seu nível mais baixo em uma década. O índice de preços ao produtor caiu 2,1% em outubro na comparação com o ano anterior, informou a Agência Nacional de Estatísticas, mesmo ritmo de setembro e contra expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 2,0%.
A expectativa é de que o indicador dê espaço para que o governo do país acesse crédito e gaste mais para impulsionar a economia.
Governo pode comprar vacina da Pfizer
No mesmo dia em que Pfizer e BioNTech anunciaram resultados animadores sobre sua vacina contra o coronavírus, tanto um porta-voz da Pfizer no Brasil quanto o Ministério da Saúde afirmaram que o governo brasileiro estuda a aquisição de doses do produto. O ministério ressaltou, no entanto, que acompanha cerca de 254 pesquisas de imunizantes, incluindo a da empresa americana.
No Brasil, a vacina passa por teste clínico em estágio avançado, com 3.100 voluntários nos estados de São Paulo e Bahia. Em caso de aquisição, o produto seria importado de fábricas dos Estados Unidos e da Europa, afirmou o porta-voz da Pfizer.
Após a repercussão dos resultados sobre a vacina da Pfizer, Bolsonaro afirmou que o país irá comprar qualquer vacina aprovada pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa.
O governo federal vem, no entanto, focando mais esforços em uma vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca. Em agosto, o presidente Jair Bolsonaro assinou Medida Provisória que libera R$ 1,9 bilhão para a compra do produto.
Também na segunda-feira, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que as primeiras 120 mil doses de uma outra vacina, a Coronavac, devem chegar no dia 20 de novembro ao estado. Até o dia 30 de dezembro devem chegar 6 milhões de doses do imunizante contra o coronavírus, fornecidas pela chinesa Sinovac. Outras 40 milhões não chegam prontas, e devem ser produzidas futuramente pelo Instituto Butantan a partir de insumos importados da China.
Mas, pela noite, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou, no entanto, que determinou o estudo clínico da Coronavac, após o registro de um “evento adverso grave”, no dia 29 de outubro, sem especificar do que se tratava, afirmando que dados sobre voluntários devem ser mantidos em sigilo.
A Coronavac também está na fase 3 de testes. Para ser aplicada sobre a população, ainda precisaria de aprovação da Anvisa.
O Instituto Butantan afirmou que “foi surpreendido”, e que está apurando o que ocorreu. E o governo do estado de São Paulo disse que lamentou “ter sido informado pela imprensa e não diretamente pela Anvisa”.
A Sinovac afirmou estar confiante na segurança de seu produto, e que “continuará a manter contato com o Brasil sobre este assunto”.
Pela manhã, Doria havia anunciado a construção das instalações para que o Instituto Butantan obtenha capacidade de produzir as vacinas de forma autônoma, algo previsto para 2022. Até lá, depende da importação do produto final ou de insumos para sua produção.
Em outubro, o presidente Jair Bolsonaro desautorizou uma fala do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que anunciou a intenção de comprar milhões de doses da Coronavac produzidas pelo Instituto Butantan.
Noticiário político
Em entrevista à CNN, Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, afirmou que, sem reformas, o Brasil “explode” e o dólar vai a R$ 7. Segundo o presidente da Câmara, projetos não andam porque a esquerda obstrui por um motivo e a base por outros. “O Brasil vai explodir em janeiro se as matérias não forem votadas, o dólar vai a R$ 7,00, a taxa de juros de longo prazo vai subir´´, disse Maia.
O noticiário político de segunda-feira também foi marcado pela divulgação de pesquisa Ibope sobre as Eleições em São Paulo.
Bruno Covas (PSDB) ampliou vantagem em seis pontos percentuais desde a medição de 30 de outubro, e lidera com 32% das intenções de votos. O segundo lugar tem empate técnico entre Guilherme Boulos (PSOL), com 13% dos votos; Celso Russomanno (Republicanos), com 12%; e Márcio França (PSB), com 10%. Nas projeções para segundo turno, Covas se sai vitorioso em todos os cenários.
E uma quebra de sigilo bancário determinada pela Justiça do Rio de Janeiro indica que o policial militar aposentado Fabrício Queiroz pagou com dinheiro vivo ao menos quatro cabos eleitorais na campanha de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho de Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018.
A quebra de sigilo foi determinada no âmbito da investigação sobre a prática, no gabinete de Flávio Bolsonaro de “rachadinha”, em que funcionários pagos com dinheiro público supostamente repassariam parte de seus salários ao político.
A informação foi publicada nesta segunda-feira pelo portal UOL, que afirma que encontrou 15 transferências bancárias da conta de Queiroz para cabos eleitorais, no valor total de R$ 12 mil, entre 3 de setembro e 8 de outubro de 2018. Nenhum dos pagamentos foi declarado à Justiça Eleitoral, o que pode ser um indício de caixa 2 na campanha.
Anteriormente, a investigação do Ministério Público já havia indicado que Queiroz utilizara dinheiro do esquema da rachadinha para pagar ao menos R$ 261 mil em despesas pessoais de Flávio Bolsonaro e de sua família, como plano de saúde e mensalidade da escola de suas filhas.
Em nota ao portal de notícias, a assessoria de Flávio Bolsonaro negou irregularidades na campanha. “Todos os pagamentos da campanha de 2018 foram registrados junto à Justiça Eleitoral e estão dentro das regras. O senador Flávio Bolsonaro desconhece qualquer tipo de pagamento que não tenha cumprido as determinações legais”, diz o documento.
O advogado de Fabrício Queiroz afirmou que não poderia se posicionar, pois seu cliente estaria incomunicável, por cumprir prisão domiciliar.
Radar corporativo
O grupo japonês Mitsui estuda vender sua participação na Gaspetro, informa o Valor. Por um preço de quase R$ 2 bilhões pagos em 2015, o conglomerado é dono de 49% da companhia de distribuição de gás natural controlada pela Petrobras, que mantém 51% do negócio. A empresa brasileira está em processo formal de venda do controle da empresa.
A Azul concluiu a coleta de intenções de investimentos para emissão de debêntures conversíveis em ações, alcançando o valor de R$ 1,745 bilhão. A emissão de cerca de 1,8 milhão de debênture fica dentro de sua expectativa quando anunciou a emissão de cerca de 1,6 milhão de papéis, em 26 de outubro.
A Caixa Econômica Federal abriu um novo programa de demissão voluntária para 7.200 funcionários.
A oferta pública inicial de ações da 3R Petroleum foi precificada a R$ 21 por ação, abaixo dos entre R$ 24,50 e R$ 31,50 esperados pelos coordenadores. A operação movimentou R$ 690 milhões.
A Magazine Luiza teve lucro de R$ 215,9 milhões no terceiro trimestre, alta de 69,6% em um ano, impulsionada pelas vendas online.
O lucro ajustado da XP subiu para R$ 570 milhões no período, mais que dobrando.
A oferta da Aeris saiu em R$ 5,5 por ação, abaixo da faixa estimada, de entre R$ 6,50 e R$ 8,10, movimentando R$ 834,6 milhões.
O lucro ajustado do grupo de ensino Yduqs caiu 1,5% no terceiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior, a R$ 191,3 milhões.
O lucro líquido da BRF veio acima da expectativa do mercado, em R$ 218,7 milhões no terceiro trimestre. Analistas consultados pelo Refinitiv esperavam lucro de R$ 203,15 milhões.
O lucro da São Martinho disparou com altas na venda de açúcar, indo a R$ 332 milhões ante R$ 62 milhões no mesmo período de 2019.
(Com Agência Estado e Bloomberg)
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