Ibovespa Futuro cai em meio a temores de que postura do Fed reflita fraqueza econômica à frente; dólar sobe
setembro 17, 2020SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em queda nesta quinta-feira (17) seguindo o desempenho negativo dos futuros das bolsas dos Estados Unidos. Embora seja boa para o mercado a sinalização feita pelo Federal Reserve ontem de que as taxas de juros permanecerão perto de zero pelos próximos três anos, os investidores estão preocupados com as entrelinhas de todo esse relaxamento monetário.
Prevalece nas bolsas mundiais o temor de que o Fed só esteja tão dovish (favorável a usar a política monetária para estimular a economia) porque as perspectivas para a atividade econômica no pós-pandemia estão mais sombrias do que as autoridades querem deixar transparecer.
Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) fez o esperado e manteve a taxa básica de juros, Selic, em 2% ao ano. A avaliação dos economistas é de que o comunicado continua reforçando um forward guidance de que os juros vão continuar baixos por bastante tempo.
Às 09h08 (horário de Brasília) o contrato futuro do Ibovespa para outubro tinha queda de 0,87%, aos 98.830 pontos.
O dólar futuro para outubro tem alta de 0,52%, a R$ 5,268.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 tem baixa de dois pontos-base a 2,87%, o DI para janeiro de 2023 ganha três pontos-base a 4,26%, o DI para janeiro de 2025 avança cinco pontos-base a 6,16% e o DI para janeiro de 2027 varia positivamente sete pontos-base a 7,16%.
Outro destaque é a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro foi intimado pela Polícia Federal a depor no inquérito que apura a denúncia do ex-ministro da Justiça Sergio Moro de uma suposta interferência no órgão. Como resposta, o presidente Jair Bolsonaro com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo para a prestar o depoimento por escrito.
No mercado de petróleo, os preços caem devido à preocupação sobre a baixa demanda por combustíveis. O WTI cai 0,30% para US$ 40,04 por barril, enquanto o tipo Brent recua 0,31% para US$ 42,09 por barril. O minério de ferro também mostra queda. Os futuros negociados na bolsa de Dalian fecharam em baixa de 2,71%, a 790.000 iuanes, equivalente hoje a US$ 116,69.
Presidente sob pressão
O presidente Jair Bolsonaro foi intimado pela Polícia Federal a depor no inquérito que apura a denúncia do ex-ministro da Justiça Sergio Moro de uma suposta interferência no órgão. Como resposta, o presidente Jair Bolsonaro com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo para a prestar o depoimento por escrito.
O ofício da PF chamou o presidente a um ato interrogatório nos dias 21, 22 ou 23 de setembro de 2020, às 14 horas. De acordo com o Estado de S.Paulo, o pedido de depor por escrito foi baseado em uma decisão de 2017 que permitiu a Michel Temer fazer o mesmo.
Ao mesmo tempo, a PF intimou os filhos do presidente – o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) – a depor como testemunhas no inquérito que apura a realização de atos antidemocráticos. O pedido de investigação foi apresentado depois de atos que defendiam o fechamento do Congresso Nacional e do STF, além de pautas antidemocráticas.
Outro destaque é a informação de que o presidente pretende fazer um corte bilionário em despesas da Educação, de programas sociais, e de ministérios como a Agricultura para turbinar o Plano Pró-Brasil de investimentos públicos e outras ações apadrinhadas pelo Congresso Nacional.
De acordo com O Estado de S.Paulo, o corte foi definido em reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO). O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e o Ministério da Infraestrutura receberão R$ 1,6 bilhão cada. Já o Congresso ficará com R$ 3,3 bilhões. Nos cortes, a maior redução, de R$ 1,57 bilhão, é prevista no Ministério da Educação. O Ministério da Defesa sofreu corte de R$ 430 milhões.
Novo programa social
Ontem, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator do Orçamento de 2021, disse que o presidente autorizou a criação de um novo programa social no seu relatório. No entanto, ele evitou detalhar valores e as origens de recursos para viabilizar o programa.
Além disso, foi noticiado que a segunda fase de pagamento do auxílio emergencial de R$ 300, que vai até dezembro, vai deixar de fora um universo de seis milhões de pessoas, segundo estimativas do Ministério da Cidadania.
O mercado segue acompanhando os passos da equipe econômica do governo. Ontem, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes fez uma reunião de quatro horas em Brasília, mas não falou com a imprensa.
Segundo a Folha de S.Paulo, o ministro mudou de estratégia e quer que o presidente dê aval a suas propostas, com líderes partidários, antes que elas sejam divulgadas. Na terça-feira (15), Bolsonaro ameaçou o time de Guedes com “cartão vermelho” caso fossem feitas propostas de criação do Renda Brasil com cortes em outros programas sociais.
Existem rumores sobre uma possível saída do secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues. Foi ele quem falou sobre um possível congelamento de aposentadorias para bancar o Renda Brasil, mas a medida foi publicamente criticada pelo presidente, que decidiu encerrar os planos de criar o programa.
De acordo com O Globo, Guedes aguarda um pedido de demissão do secretário, e a equipe econômica estaria tentando construir uma saída honrosa para Waldery, como um cargo em organismo internacional, por exemplo.
Radar corporativo
No noticiário corporativo, a Copel anunciou que o preço mínimo de venda da Copel Telecomunicações será de R$ 1,4 bilhão. O leilão pela empresa deve ocorrer no dia 09 de novembro de 2020. Outro destaque foi a captação de US$ 500 milhões pela BRF no mercado externo, por meio de senior notes.
Além disso, a Eletrobras teve seu rating elevado pela agência de classificação de risco Moody´s, de “Ba3” para “Ba2”. A agência também aumentou a avaliação de crédito básica da empresa (BCA) de “b1” para “Ba3”. A perspectiva para todos os ratings foi alterada de positiva para estável. Os investidores aguardam hoje a fixação do preço por ação em IPO da Cury após bookbuilding.
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