Ibovespa Futuro cai com “debandada” do Ministério da Economia ofuscando exterior positivo
agosto 12, 2020SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em queda nesta quarta-feira (12) pressionado pelo noticiário político. Na véspera, os pedidos de demissão do secretário de Desestatizações e Privatizações, Salim Mattar, e do secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, ambos subordinados ao Ministério da Economia do ministro Paulo Guedes, comprometeram a visão de que o governo Bolsonaro conseguirá implementar a agenda de reformas liberais que o mercado tanto espera.
No entanto, algum alívio vem dos futuros dos índices dos Estados Unidos, que sobem em meio ao quarto dia de negociações entre democratas e republicanos para aprovar um pacote de mais de US$ 1 trilhão em estímulos contra os impactos econômicos do coronavírus.
No noticiário econômico nacional, entre os indicadores, as vendas no varejo cresceram 8% em junho na comparação com maio, mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número veio acima da mediana das projeções dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para um avanço de 5%.
Às 09h14 (horário de Brasília) o contrato futuro do Ibovespa para agosto registrava queda de 0,56% a 101.750 pontos.
Já o dólar comercial sobe 0,33% a R$ 5,4304 na compra e a R$ 5,4329 na venda. Enquanto isso, o dólar futuro para setembro tem alta de 0,71% a R$ 5,423.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe cinco pontos-base a 2,72%, o DI para janeiro de 2023 tem variação positiva de oito pontos-base a 3,89% e o DI para janeiro de 2025 avança oito pontos-base a 5,65%.
Hoje, na Europa, o pregão é de ganhos apesar do tombo de 20,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido durante o segundo trimestre. Essa é a maior queda desde o início desse levantamento e também a primeira vez que o Reino Unido entra em recessão desde 2009.
Noticiário político
Segundo Paulo Guedes, Mattar estava insatisfeito com o ritmo das privatizações e Uebel reclamou da falta de andamento da reforma administrativa, que trata dos servidores públicos, e que deve ser tocada apenas em 2021.
O jornal “Folha de S.Paulo” destaca que essas movimentações ocorrem no momento em que há uma maior pressão por um modelo mais populista na economia, após o presidente Jair Bolsonaro ter visto sua popularidade subir com o pagamento do auxílio emergencial.
Após as saídas, ministro da Economia fez dobradinha em entrevista com Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados. Conforme destaca a XP Política, com a entrevista, o ministro buscou respaldo político do presidente Jair Bolsonaro, enquanto Maia fez uma tentativa dupla de blindagem – da agenda e de si próprio.
O discurso unificado é uma tentativa de barrar os anseios pelo aumento dos gastos públicos após o fim da pandemia do novo coronavírus.
Guedes afirmou ainda que iria “brigar” com ministros que propusessem formar de furar o teto de gastos e ainda lembrou que a insistência em manter despesas extraordinárias levou à queda da presidente Dilma Rousseff por “irresponsabilidade fiscal”.
Já Maia afirmou que não incluirá na pauta de votação do plenário qualquer proposta que permita o rompimento do teto. Segundo ele, a PEC da Guerra, criada para permitir gastos necessários durante a pandemia, terá vigência só até o final do ano.
Votação de vetos
O Congresso Nacional pode votar nesta quarta vetos presidenciais e projetos de lei que abrem créditos extras. A sessão será dividida em três horários: às 10 horas, com deputados; às 16 horas, com senadores; e às 19 horas, novamente com deputados.
Para que um veto do presidente da República seja derrubado, é necessário o apoio mínimo de 257 votos na Câmara dos Deputados e 41 no Senado.
Os parlamentares poderão votar 17 vetos presidenciais. Alguns deles são de 2019, como o Veto 56, que barrou 24 dispositivos do Pacote Anticrime; e o Veto 62, que cancelou totalmente o Projeto de Lei 5815/19, que prorrogava incentivos ao cinema.
Radar corporativo
A XP Inc. registrou um lucro líquido ajustado de R$ 565 milhões no segundo trimestre de 2020, valor 148% superior na comparação com igual período do ano passado e 36% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
A receita líquida, por sua vez, teve alta de 68% na comparação anual, passando de R$ 1,147 bilhão para R$ 1,921 bilhão.
A margem líquida ajustada passou de 19,9% no segundo trimestre de 2019 para 29,4% no mesmo período de 2020, uma alta de 9,51 pontos percentuais.
A combinação entre redução de volume e de preços fez o lucro líquido da BR Distribuidora cair 37,7% no segundo trimestre ante igual período do ano passado, para R$ 188 milhões.
O Ebitda ajustado ficou em R$ 816 milhões entre abril e junho, aumento de 61,3% na comparação anual, com o efeito positivo de uma recuperação de crédito de PIS/Cofins, que somou R$ 376 milhões.
A receita líquida caiu 38,1%, para R$ 14,9 bilhões de reais.
Já o endividamento bruto da empresa chegou a R$ 9,2 bilhões, alta de 49,6%. A empresa informou que essa elevação é decorrente das captações feitas em “caráter precaucional” para lidar com a pandemia da Covid-19.
E a empresa de meios de pagamento Stone anunciou na terça-feira á noite um acordo vinculante para unir sua área de software com a Linx, produtora de programas para o varejo. A transação poderia chegar a R$ 6,4 bilhões.
O acordo será implementado por meio de uma fusão de ações no Brasil, com cada ação da Linx sendo trocada por uma nova ação PN classe A e B da Stone. Após outras etapas, o valor base da operação será de R$ 33,7625 reais por ação da Linx.
Segundo a Stone, o valor base representa ágio de 41,6% sobre o preço médio das ações da Linux nos 60 dias anteriores a 7 de agosto e de 28,3% considerando os 30 dias prévios a esta data.
As ações da Linx fecharam o pregão de terça-feira em alta de 31,5%, a R$ 34,40. Em Nova York, onde são negociados, os papéis avançaram 11%, para US$ 52,39.
A companhia de energia Eneva registrou lucro líquido de R$ 85,8 milhões no segundo trimestre, ante R$ 15,8 milhões no mesmo período do ano passado.
O aumento do resultado se deveu basicamente aos valores relacionados a poços secos e a uma melhoria do resultado financeiro líquido.
O Ebitda ficou em R$ 279,2 milhões, uma redução de 2%.
(Com Bloomberg, Agência Câmara e Agência Estado)
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