Ibovespa fecha em alta de 1,9% e atinge máxima desde 19 de fevereiro com Anvisa, BCE e alta do petróleo; dólar cai a R$ 5,03

Ibovespa fecha em alta de 1,9% e atinge máxima desde 19 de fevereiro com Anvisa, BCE e alta do petróleo; dólar cai a R$ 5,03

dezembro 10, 2020 Off Por JJ

SÃO PAULO -O Ibovespa fechou em forte alta nesta quinta-feira (10) e atingiu seu maior patamar de fim de sessão desde o dia 19 de fevereiro, quando encerrou cotado em 116.518 pontos. Faltam apenas 517 pontos para o índice zerar perdas no ano.

A alta no pregão de hoje foi puxada principalmente pelas ações de empresas ligadas a commodities e pelos bancos.

Os drivers que desencadearam esse avanço foram o movimento do petróleo no mercado internacional e o aumento nos estímulos anunciado pelo Banco Central Europeu (BCE), que trazem mais liquidez e, consequentemente, significam maior fluxo de capital para ativos de países emergentes em um contexto de menor aversão a risco e juros em zero ou negativos nos países desenvolvidos.

Hoje, o barril do Brent superou US$ 50 pela primeira vez desde março devido às expectativas de que a demanda por petróleo aumente por conta da distribuição de vacinas contra o coronavírus. O barril do Brent – usado como referência pela Petrobras – subiu 3,11% a US$ 50,38 e o barril do WTI teve alta de 2,99% a US$ 46,88. As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) dispararam mais de 3%.

Contribuiu para o otimismo dos investidores brasileiros a notícia de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu conceder autorização temporária de uso emergencial de vacinas contra a Covid-19.

No radar político, o relatório da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial será apresentado amanhã e pode ser votado na semana que vem segundo o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE).

No radar macroeconômico, os EUA divulgaram hoje que o total de pedidos por seguro-desemprego no país atingiu 853 mil na semana passada contra expectativa de que fossem solicitados 730 mil auxílios.

Foi mais um dado negativo sobre o mercado de trabalho na maior economia do mundo. Na semana passada, o Relatório de Emprego revelou a criação de 245 mil vagas em novembro, bem menos que as 475 mil esperadas para o período, em meio às discussões, ainda envoltas por impasses, sobre um pacote de estímulos no país.

Por aqui, ocorre a repercussão da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na véspera. O Copom manteve a taxa básica de juros, Selic, em 2% ao ano como era esperado, mas surpreendeu ao mudar o discurso para o futuro, removendo a sinalização a juros estáveis por tempo prolongado. A mensagem mais hawkish – favorável a apertar a política monetária – fez os contratos de DI com vencimento mais curto subirem.

Enquanto isso, o teor do comunicado fez com que o dólar registrasse forte queda, no menor patamar desde junho e perto dos R$ 5: o patamar extremamente baixo da taxa foi um dos motivos para o salto do dólar frente ao real no ano, já que a redução do diferencial de juros entre o Brasil e outros países diminuiu a atratividade de rendimentos locais atrelados à Selic, diminuindo o fluxo estrangeiro para a renda fixa.

Entre os indicadores, as vendas no varejo brasileiro cresceram 0,9% em outubro na comparação com setembro, mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o patamar do varejo bateu recorde pela terceira vez seguida, ficando também 8,0% superior a fevereiro, nível pré-pandemia.

A expectativa, segundo o consenso Bloomberg, era de que as vendas no varejo tivessem subido 0,1% na base de comparação mês a mês após alta anterior de 0,6% e 7% no comparativo anual, após alta de 7,3% na medição anterior.

Em meio a esse cenário, o Ibovespa teve alta de 1,88%, aos 115.128 pontos com volume financeiro negociado de R$ 37,9 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial caiu 2,6% a R$ 5,0369 na compra e a R$ 5,0379 na venda. O dólar futuro com vencimento em janeiro de 2021 registrava queda de 2,63%, a R$ 5,035 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu seis pontos-base a 3,06%, o DI para janeiro de 2023 teve alta de seis pontos-base a 4,44%, o DI para janeiro de 2025 registrou perdas de seis pontos-base a 5,99% e o DI para janeiro de 2027 apresentou variação negativa de 12 pontos-base a 6,79%.

Os juros mais longos chegaram a reduzir perdas depois de atuação do Tesouro Nacional, mas logo retomaram as quedas, fechando em baixa. O Tesouro vendeu integralmente lotes de 45 milhões de LTN e de 2,5 milhões de NTN-F. O Tesouro ainda conseguiu colocar parcialmente a oferta de LFT. Ao todo, o leilão somou R$ 56,94 bilhões.

Voltando ao noticiário internacional, os investidores continuaram à espera de um acordo comercial entre Reino Unido e União Europeia pós-Brexit ao mesmo tempo em que refletem sobre a decisão do Banco Central Europeu (BCE) anunciada nesta manhã.

A autoridade monetária europeia expandiu seu programa de compras de títulos em 500 bilhões de euros a 1,85 trilhão de euros por mês e prorrogou seu estímulo em 9 meses, até março de 2022.

O aumento no programa era esperado desde a reunião de outubro, quando o BCE comunicou que iria “recalibrar seus instrumentos” para fazer frente à segunda onda do coronavírus. O BCE manteve sua taxa de refinanciamento em 0%, a taxa de empréstimos marginais em 0,25% e a taxa de depósitos em -0,5% ao ano.

Já no Reino Unido, quarta à noite (9), o ministro britânico, Boris Johnson, e a presidente da Comissão Europeia Reguladores de União Europeia, Ursula von der Leyen se reuniram para discutir os termos do novo acordo comercial pós-Brexit. Ainda persiste um impasse sobre assuntos-chave, incluindo direitos a pesca e regras de competição.

Uma fonte do alto escalão do governo britânico cujo nome não foi revelado teria afirmado à agência internacional de notícias Reuters que ainda há “grandes lacunas”, enquanto Von der Leyen descreveu os dois lados da negociação como “muito distantes entre si”. A líder europeia e Boris Johnson concordaram, no entanto, em chegar a um acordo até o domingo (13).

Disputa pela Câmara dos Deputados

Na quarta, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), lançou sua candidatura à Presidência da Câmara, com apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de partidos que formam o bloco do Centrão: Progressistas, PSD, PL, Solidariedade e Avante. Também tem apoio de Patriota, PROS e PSC. Espera-se também que o PTB oficialize nesta semana a adesão a sua candidatura.

Em um grupo de WhatsApp com integrantes do governo, o então ministro do Turismo, deputado Marcelo Álvaro Antônio (PSL), acusou na quarta o chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável por articulações com o Congresso, de tentar tirá-lo do cargo, buscando um acordo para favorecer apadrinhados do Centrão para obter a Presidência da Câmara.

Em um dos trechos vazados pela TV Globo, afirma: “Ministro Ramos, o senhor é exemplo de tudo que não quero me tornar na vida. Quero chegar ao fim da minha jornada exatamente como meus pais me ensinaram, leal aos meus companheiros e não um traíra como o senhor”.

Após o vazamento, Ramos pediu a Bolsonaro a demissão de Marcelo Álvaro Antônio, sendo atendido. Segundo informações de bastidores, Bolsonaro já pretendia demitir o então ministro do Turismo e ficou irritado com a briga. A exoneração foi publicada no Diário Oficial nesta quinta. Também foi publicada a nomeação para o cargo de Gilson Machado, que comandava a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo).

Do outro lado, líderes de seis partidos anunciaram um novo bloco na Câmara dos Deputados a partir de 2021, formado por DEM, PSL, MDB, PSDB, Cidadania e PV, com 147 deputados. De acordo com Efraim Filho (DEM-PB), líder do DEM, o movimento faz parte de um esforço do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) para eleger um sucessor. Ainda não foi escolhido um candidato.

Na quarta, Maia afirmou que o governo estaria “desesperado” para eleger um aliado como presidente da Câmara, com objetivo de fazer avançar a pauta de costumes e desorganizar a agenda do meio ambiente.

“O governo está desesperado para tomar conta da presidência da Câmara dos Deputados. O governo está desesperado para desorganizar de uma vez por todas a agenda do meio ambiente neste país (…) o governo está, de uma vez por todas, interessado em flexibilizar a venda e a entrega de armas neste país, entre outras agendas que desrespeitam a sociedade brasileira e as minorias. Infelizmente, pouca prioridade naquilo que é fundamental”, acusou Maia.

Radar corporativo

A Vale e o governo de Minas Gerais negociam um acordo de reparação de danos associados ao rompimento de uma barragem da empresa, em Brumadinho (MG), que deve envolver a injeção de bilhões de reais pela mineradora em fundos a serem geridos pelo Estado, disseram à agência de notícias Reuters duas fontes próximas das tratativas.

As conversas por ora focam na chamada “governança” do acerto, e não valores, com objetivo de definir responsabilidades pelos trabalhos de compensação e como eles seriam executados, e há alinhamento entre as partes contra a criação de uma organização voltada especificamente a essas tarefas, acrescentaram as fontes, que falaram sob a condição de anonimato.

Assim, a mineradora e representantes do governo estadual buscarão arquitetar um desenho diferente do proposto por autoridades após o rompimento em 2015 de uma barragem da Samarco em Mariana (MG). A Vale e a BHP, donas da empresa, acordaram na época a criação da Fundação Renova para gerenciar ações de reparação.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
CSNA3 10.49574 28.53
PRIO3 6.07897 57.76
BBAS3 5.20022 37.83
SULA11 4.8683 44.59
MULT3 4.4686 25.95

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
SUZB3 -3.67759 50.55
BRFS3 -2.51323 22.11
MGLU3 -2.37698 23.41
AZUL4 -2.1032 40.03
LREN3 -1.63898 43.81

A Petrobras concluiu a venda de 100% de suas participações em quatro campos terrestres na Bacia do Tucano (BA), para a Eagle Exploração de Óleo e Gás Ltda. Segundo fato relevante divulgado pela petrolífera, a operação foi concluída com o pagamento de US$ 2,571 milhões para a Petrobras, já com os ajustes previstos no contrato. O valor recebido, acrescenta a empresa, se soma aos US$ 602 mil pagos na assinatura do contrato de venda, totalizando US$ 3,173 milhões.

Já a MRV Engenharia anunciou na véspera o lançamento da Sensia, nova incorporadora da companhia voltada a lançamentos imobiliários para consumidores com renda mensal entre R$ 7 mil e R$ 11 mil. O valor do investimento não foi divulgado.

Em reunião com analistas na quarta, Julian Garrido, vide-presidente da Alpargatas afirmou que a empresa pode ampliar suas margens. “As margens podem ser maiores daqui para frente. Com o volume de vendas crescendo, a empresa consegue absorver mais o custo fixo”, disse.

Na AES Brasil, o Conselho de Administração elegeu Clarissa Accorsi como CEO enquanto que, na Copel, o Conselho aprovou capex de R$ 1,9 bilhão para 2021. A Vasta, subsidiária da Cogna listada na Nasdaq, comprou a plataforma digital Meritt.

Ainda em destaque, as ações da Rede D’Or estreiam após IPO.

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