Hoje não, hoje não, hoje sim: o momento da Bolsa está próximo?

Hoje não, hoje não, hoje sim: o momento da Bolsa está próximo?

maio 20, 2023 Off Por JJ

Caros(as) leitores(as),

O profissional de investimento sofre uma vida ingrata, especialmente quando o assunto é seleção de ações do ponto de vista fundamentalista. Um verdadeiro e doloroso exercício de paciência.

Parto da premissa de que nada que está barato não possa ficar ainda mais – são as famigeradas armadilhas de valor. O preço pode levar bastante tempo para convergir para o fundamento; se você estiver na ponta vendida, pode tomar mais do que você consegue ficar solvente.

O trabalho de enxergar o valor de algo no futuro sofre com as turbulências do noticiário de curto prazo e a tendência das pessoas de perpetuar o presente. Enfim, não é por menos que Warren Buffett sempre disse que o value investing era algo simples, mas que nem todos replicavam pois era necessária a tal da paciência.

Porém, após um longo momento de sofrimento para os investidores de ações no Brasil, parece que momentos de felicidade estão prestes a chegar. Alguns motivos me fazem pensar isso.

Um dia a mais, um dia a menos para os juros ser cortado

Já foi tema de artigo por aqui. O Banco Central brasileiro indicou fim do ciclo de alta de juros após a sexta reunião consecutiva em que a taxa Selic foi mantida no mesmo patamar de 13,75% ao ano.

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Enquanto os dados econômicos melhoram, o mercado já passa a discutir e precificar cortes na taxa de juros ainda esse ano. Seja em agosto ou depois, o BCB deve inverter a direção dos juros.

A inflação implícita do mercado “gansou” para baixo. Os economistas esperam a definição da meta de inflação para revisar suas projeções no relatório Focus e mudar o rumo da política monetária:

É uma questão de tempo. Sempre há espaço para surpresas, claro, mas mais cedo ou mais tarde esse juro vai cair.

Brasil, o melhor lugar para seu dinheiro passar as férias

O cenário macro pede exposição a temas de commodities, abundantes em economias emergentes. Caso o cenário global não entre numa vertente muito negativa, sofra com uma recessão mais profunda e severa nos Estados Unidos, o capital pode procurar os “EMs”.

E veja só, o Brasil está no meio desse bolo. Quem são os demais?

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México, que parece estar caro demais e ter proxy alta com a economia americana (tudo que o estrangeiro não quer para essa parcela do capital); Rússia, que está fora do jogo por questões geopolíticas; e China, que, além de ser uma incógnita, está na blacklist de muitos gestores de recursos por conta das sanções impostas a geografia.

O Brasil está ganhando por WO – ou falta de competidores.

Para completar, nossa Bolsa está descontada perante o histórico, temos carrego que protege a moeda e, após as quedas recentes do dólar contra o real, o estrangeiro tem chances menores de perder dinheiro no câmbio. Quase um cartão de visitas para seu dinheiro passar férias por aqui.

O romance entre o brasileiro e a Bolsa pode voltar

A alta dos juros foi uma verdadeira draga para a bolsa brasileira. Selic em patamares tão elevados, por que investir em renda variável?

Assistimos resgates consecutivos em fundos dedicados a seleção de ações. O fluxo foi vendedor durante muito tempo. Aparentemente, esse momento está chegando ao fim.

Os primeiros números levemente positivos de captação na indústria de fundos de ações começam a aparecer. O brasileiro parece estar fazendo as pazes com a Bolsa.

Ativos tão descontados, os juros caindo e fazendo a renda fixas render menos: tudo isso somado pode gerar atratividade para a poupança do investidor local.

O fluxo é muito importante para esses ativos destravarem valor. Parece que ele pode vir de fora, como vimos no ano passado, mas o capital interno também pode fazer pressão de compra.

O momento da bolsa parece estar mais próximo. Ainda é um mercado de maior volatilidade (embora esteja muito baixa nos últimos dias), o macro e o noticiário político podem continuar fazendo barulho no curto prazo, pressionando esses ativos para que eles não saiam do lugar.

Como Buffett previu, é um exercício de paciência. No tamanho adequado de exposição no seu portfólio, alinhado ao risco que você aceita, vale ficar de olho nos próximos episódios da Bolsa brasileira.