Hedge aponta aumento de inadimplência e de vacância em fundo imobiliário de shoppings
maio 28, 2020SÃO PAULO – As estratégias adotadas por fundos imobiliários de shopping centers para minimizar os impactos provocados pelas medidas de isolamento social não têm sido suficientes para evitar um aumento das taxas de inadimplência e vacância.
Durante teleconferência com cotistas nesta quinta-feira (28), André Freitas, CEO da Hedge Investments, afirmou que, embora os ativos do fundo Hedge Brasil Shopping (HGBS11) sejam maduros e estejam posicionados nos grandes centros urbanos, que devem se recuperar mais rapidamente, os efeitos da crise têm sido sentidos.
Além da redução do faturamento, o fundo conta com um aumento de inadimplência entre 10% e 30% e possui uma taxa de vacância da ordem dos 7,4%, ante 6% em janeiro.
Com uma economia fragilizada pela pandemia, Freitas avalia que o resultado do fundo neste ano deve representar entre 50% e 60% daquele apresentado em 2019, dado o período de fechamento dos shoppings e uma retomada tímida a partir de setembro ou apenas no último trimestre.
O executivo destaca, contudo, que o HGBS11 possui um caixa confortável, da ordem de R$ 278 milhões, para atender eventuais investimentos demandados por conta da crise. Até o momento, contudo, é estimado que seja necessário um aporte, por parte do fundo, inferior a R$ 1 milhão.
No último mês, o fundo Hedge Brasil Shopping, que possui um patrimônio líquido da ordem de R$ 2,2 bilhões, teve perdas de 2,8%, ante valorização de 4,4% do Ifix. No ano, o desempenho é negativo em 27,6%, frente à queda de 18,6% do benchmark.
Estratégias em meio à crise
Com os shoppings fechados de forma a reduzir as contaminações pela Covid-19, o momento tem exigido uma reinvenção do segmento.
Alexandre Machado, gestor na Hedge Investments, contou na teleconferência que a maior parte dos ativos do portfólio do fundo Hedge Brasil Shopping têm acelerado mudanças para se enquadrar em um “novo normal”.
Entre as principais medidas, Machado cita a adoção do modelo de drive-thru, com uma área no estacionamento do shopping estruturada para que o lojista possa vender seus produtos com maior segurança.
Segundo ele, esta é uma iniciativa que foi adotada pela maioria dos 16 shoppings da carteira do fundo e vem crescendo com a adesão de lojistas. A avaliação é que o modelo tende a permanecer mesmo depois da reabertura dos shoppings.
Vendas por delivery, antes concentradas na praça de alimentação, hoje têm com a participação de outros segmentos, conta o gestor, muitos deles se utilizando de aplicativos de entrega e das redes sociais para impulsionar as vendas.
Além disso, Machado cita a intensificação do e-commerce, com alguns shoppings trabalhando em projetos de plataformas de marketplace com ferramentas que consigam controlar, inclusive, o estoque dos lojistas e contribuir para um aumento do faturamento das lojas.
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