Headline XP volta ao setor de saúde e lidera rodada de R$ 17,5 milhões na Fiibo

Em mais um movimento que demonstra a busca do venture capital por teses em que há muito dinheiro na mesa em detrimento de um crescimento a qualquer custo, o Headline XP faz sua segunda incursão no setor de saúde em poucos meses. O fundo capitaneado por Romero Rodrigues liderou uma rodada “seed” (rodada de validação da tese de investimento) de R$ 17,5 milhões na Fiibo, uma plataforma voltada a benefícios de saúde.

O investimento sugere uma avaliação de mercado de R$ 77,5 milhões para a healthtech, crescimento de 2,5 vezes em relação à avaliação de mercado inicial. O aporte do Headline foi feito em parceria com a VOX Capital, responsável pelo fundo de corporate venture capital (CVC) Arava, do Hospital Albert Einstein.

“Estamos olhando com muita atenção para o setor. É o maior mercado de consumo que ainda não está totalmente digitalizado”, afirma Rodrigues, head de Venture Capital na XP e sócio gestor do Headline. A oportunidade vista pelo executivo coincide também com o tamanho do mercado endereçável para as empresas do segmento. Em 2022, os gastos privados em saúde no Brasil foram de R$ 520 bilhões, crescimento de 19,3% em relação ao ano imediatamente anterior.

Com um modelo híbrido de Software as a Service com marketplace (o chamado SaaS-enabled marketplace), a Fiibo tem entre seus principais clientes as áreas de recursos humanos das empresas e os corretores, que respondem por cerca de 70% do mercado de saúde. A ideia é conectar a oferta de produtos e serviços de saúde e bem-estar para as empresas. E viabilizar que os departamentos de RH consigam fazer a gestão do benefício entre seus funcionários.

A Fiibo conta hoje com 60 mil vidas, mas vislumbra um mercado bastante amplo. Hoje, no Brasil,  mais de 50 milhões de clientes de plano de saúde podem ter aderência ao sistema da startup. Assim, o aporte  já vem carimbado com uma meta de crescimento robusta: alcançar 1 milhão de vidas até agosto de 2025. Para isso, boa parte dos R$ 17,5 milhões levantados serão utilizados em tecnologia e grandes canais de vendas, afirma Ítalo Martins, fundador da startup.

“Nós temos os pés nos chão, mas temos uma visão agressiva de mercado. Conseguimos chegar a 60 mil vidas com pouco investimento”, explica Martins, que afirma que a startup está com deals encaminhados que darão fôlego ao número de vidas nos próximos meses. Em volume bruto de vendas (GMV), o objetivo é sair de R$ 12 milhões mensais para R$ 350 milhões até o fim do período. Nesse ritmo, projetam Rodrigues e Martins, a empresa terá atingido seu ponto de equilíbrio financeiro (breakeven, em inglês) com condições de caminhar para uma rodada Series A, aporte destinado a escalar as empresas.

Com um foco voltado ao público corporativo em seu estágio inicial, a Fiibo vê oportunidades de ofertar serviços diretamente ao consumidor (B2C). “Temos os mais diversos marketplaces, mas ainda não conseguimos achar um que facilite o acesso das pessoas à saúde com poucos cliques”, avalia Rodrigues

Além da oportunidade de negócio, outro atrativo observado pelo Headline XP foi a experiência de mercado do fundador da Fiibo. Médico cardiologista, Ítalo Martins já liderou outros negócios no setor, como os planos de saúde Free Life Saúde, LIV Saúde e InterBrasil Saúde. “O Ítalo é um apaixonado pelo que faz e tem um lado técnico muito forte”, ressalta Romero Rodrigues.

Ao todo, a Fiibo já levantou R$ 28,5 milhões com investidores. Na rodada anunciada nesta quarta-feira, o Headline participou com R$ 15 milhões, a VOX, com R$ 2,5 milhões. O investimento inicial havia sido de R$ 11 milhões obtidos com Alvarez & Marsal, Oowlish e XMartins Participações, empresas que não acompanharam esse novo aporte.

Headline segue investindo

Após concluir seu terceiro investimento por meio do fundo de participações Headline, criado em uma parceria da Headline Global com a XP Asset, Romero Rodrigues reforçou a ambição do fundo de investir de 20 a 25 startups em até três anos.

O executivo reconhece que os aportes do fundo estão “atrás da curva”, mas ressalta que o momento de secura no venture capital tem sido favorável para filtrar melhor as teses antes de assinar o cheque. “Já conversamos com mais de 2,5 mil startups. Estamos aproveitando o momento de mercado para avaliar melhor as oportunidades”, explica Rodrigues, que também já percorreu o caminho de uma startup ao cofundar o Buscapé, em 1999.

O Headline captou no ano passado R$ 915 milhões com cerca de 12,5 mil investidores e é considerado um dos maiores FIP do país em número de cotistas. Desde seu início, o fundo já investiu cerca de R$ 30 milhões na startup de minimercados autônomos Smart Break e outros R$ 7,8 milhões na healtech Fin-X.

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