Grupo Mateus como estrela regional e Aura sendo melhor alternativa que o ouro: os destaques das recomendações

Grupo Mateus como estrela regional e Aura sendo melhor alternativa que o ouro: os destaques das recomendações

novembro 19, 2020 Off Por JJ

Grupo Mateus (Divulgação)

SÃO PAULO – Após as aberturas de capital, algumas recomendações ganham destaque, com casas de análise iniciando cobertura para ações de estreantes na Bolsa em 2020 como Grupo Mateus e Hidrovias do Brasil, com visão positiva. O BDR da Aura Minerals também chama a atenção dos analistas. Confira as recomendações dos analistas abaixo:

Grupo Mateus (GMAT3)

Com atuação nos segmentos de varejo e atacado no Norte e no Nordeste, o Grupo Mateus estreou na B3 em 13 de outubro após captar R$ 4,6 bilhões em sua oferta pública inicial de ações. A sua distribuição geográfica e o potencial de expansão são alguns dos pontos destacados por analistas que iniciaram a cobertura para a ação nesta semana, com recomendação equivalente à compra para os ativos e preço-alvo de R$ 11 para o fim de 2021, configurando um potencial de valorização de 29% frente o fechamento de quarta-feira (18).

O Grupo Mateus é um player regional, com 48 lojas na região Norte e 89 na região Nordeste. Diferentemente dos players nacionais, o Grupo Mateus possui uma maior concentração nos estados em que atua (principalmente Maranhão e Pará), oferecendo produtos e serviços adaptados às preferências regionais, com maior capilaridade e flexibilidade, destaca a XP Investimentos em relatório chamado “Uma Joia Garimpada no Nordeste” (veja mais clicando aqui).

A equipe de análise da XP, formada por Danniela Eiger, Thiago Suedt e Marco Nardini, destaca: “Vemos a empresa como bem posicionada para consolidar o mercado no Norte e Nordeste, dada sua estratégia de expansão bem-sucedida, formatos de lojas complementares e sólida rede logística. Além disso, o Grupo Mateus deve mais que dobrar suas lojas para 325 lojas em 2025, levando a um crescimento médio anual de receita de 26% entre 2019 e 2024 e de 39% para o lucro, uma vez que a margem Ebitda deve expandir 1,7 ponto percentual por conta da alavancagem operacional”.

Além disso, ao olhar para os players regionais, o Grupo Mateus também se destaca por conta da força das suas marcas, diferentes formatos de lojas, escala e modelo de negócio (oferecendo diversos serviços nas suas lojas), apontam os analistas.

Sobre o fato de ser um player regional, Richard Cathcart, João Andrade e Victor Gaspar, em relatório chamado “A estrela do Norte” para se referir à empresa, avalia que a rede tem dominância em três estados do Norte e do Nordeste, em que há competição limitada e potencial para expansão.

O Bradesco BBI espera crescimento de vendas proporcionalmente mais alto do que o do Carrefour, com potencial de expansão da rede especialmente nos estados do Maranhão, Pará e Piauí, onde domina.

O banco ainda tem a projeção de abertura entre 35 e 40 novas unidades por ano, por pelo menos cinco anos, em linha com o ritmo atual, com retorno do capital aplicado na ordem de 20% por loja.

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Além disso, apontam os analistas, o Grupo Mateus tem uma logística eficiente no Nordeste, que permite que forneça perecíveis de qualidade, algo que outras grandes empresas têm dificuldade de fazer no Norte e no Nordeste. Além disso, o grupo tem um serviço e um ambiente melhor do que redes regionais menores.

A empresa se beneficia também de incentivo fiscal. O risco é, no entanto, que ele não seja renovado em 2022 ou nos anos seguintes, o que diminuiria a avaliação para a ação, à medida que o incentivo responde por 30% do preço-alvo calculado pelo Bradesco BBI.

O Grupo Mateus também enfrentaria mais competição caso se expandisse para outros estados além de Maranhão, Pará, Piauí, Ceará e Tocantins, apesar dos analistas veem isso como mais provável de acontecer apenas nos próximos anos.

Um dos pontos interessantes para a tese de investimento, na avaliação da XP, é que o digital ainda é bastante incipiente, representando menos de 1% das vendas; os serviços financeiros estão em estágio inicial, com penetração de cerca de 3% nas vendas versus concorrentes listados em torno de 20%; e desenvolvimento de programas de fidelidade e cashback.

Já sobre o impacto do auxílio emergencial concedido pelo governo para apoiar famílias durante a Covid-19, com o fim do benefício em 2021, as vendas podem ser afetadas negativamente, com a redução da renda disponível das famílias. “Portanto, assumimos uma queda de vendas no conceito mesmas lojas consolidado de 2,5% na base anual em 2021e para considerar esse impacto”, avaliam.

Contudo, vale destacar que, mesmo com a queda do auxílio de R$ 600 para R$ 300 desde setembro, o grupo afirmou não observar uma desaceleração das vendas do formato até o momento. De acordo com a companhia, as vendas de outubro estão crescendo 54% na base anual, em linha com o crescimento de receita reportado no terceiro trimestre.

“Nós acreditamos que uma possível explicação pela resiliência é o fato de que o gasto com alimentos é essencial para as famílias, de forma que já era priorizado antes do auxílio. Dessa forma, a renda adicional pode ter sido destinada a outros tipos de gastos, como pré-pagamento de dívida, reformas e/ou eletrodomésticos”, apontam os analistas.

Em entrevista ao InfoMoney publicada nesta quarta-feira, Ilson Mateus, fundador e presidente do Grupo Mateus, falou sobre os números do terceiro trimestre, quando a companhia apresentou um crescimento de 65,6% no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado ante o mesmo período do ano passado, chegando a R$ 324,7 milhões.

O CEO atribuiu os dados financeiros positivos ao forte movimento de abertura de lojas e centros de distribuição e também destacou as perspectivas para os próximos anos (confira a entrevista clicando aqui).

Aura Minerals (AURA33)

A Aura Minerals (AURA33), empresa canadense gerida por brasileiros e com foco de produção no Brasil e no México na mineração de ouro, está de olho nos investidores brasileiros. Ela acabou de subir para o nível 3 de BDRs (recibos de ações de empresas estrangeiras na B3), tornando seu papel acessível para a enxurrada de pessoas físicas que estão entrando na Bolsa brasileira.

Essa mudança tem atraído também o interesse de casas de análise que iniciaram cobertura para a ação, como a XP Investimentos e o Safra.

A XP Investimentos iniciou a cobertura para os papéis da Aura Minerals com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 95 por BDR, o que configura um potencial de valorização de 89% em relação ao fechamento de R$ 50,14 da véspera. A recomendação é baseada principalmente em: (1) um valuation atrativo, (2) perspectivas de crescimento com a aquisição e desenvolvimento de minas, (3) baixa alavancagem com alocação de capital eficiente e (4) dividendos saudáveis.

O analista Yuri Pereira destaca que a companhia é uma melhor alternativa do que o ouro nas oportunidades de crescimento e pagamento de dividendos.

A Aura está sendo negociada, aponta Pereira, a um múltiplo de 0,5 vezes o seu valor líquido do ativo (ou NAV, Net Asset Value), considerando todos os recursos), contra 1,1 vez de seus pares.

Portanto, (1) a expectativa é de que um aumento no volume negociado (ADTV), após o recente follow-on, deva ajudar as ações da companhia a negociar com base nos fundamentos; (2) novos estudos de viabilidade devem aumentar as reservas e recursos da companhia; e (3) a Aura deve continuar a entregar seus projetos de expansão.

“O controlador da companhia possui forte experiência no setor, com mais de 50 anos atuando na mineração. Eles fizeram uma expansão similar na Yamana Gold entre o final de 2003 e 2008, quando saíram da companhia”, avalia o analista.

Já os principais riscos são aqueles relacionados a (1) uma forte queda nos preços de ouro e cobre e (2) impactos potenciais na produção da empresa. “Durante tempos adversos para a produção, como no período da COVID-19, podemos esperar algum impacto sobre os preços das ações devido às preocupações do mercado sobre potenciais paralisações. Outro ponto de atenção é sobre riscos geológicos e execução de projetos. É importante destacar que a empresa está entregando os aumentos de produção dentro do prazo e do orçamento”, avalia Pereira.

O Safra, por sua vez, possui recomendação outperform com preço-alvo de R$ 79 para 2021, o que corresponde a um potencial de valorização de 57% em relação ao valor de fechamento da véspera.

Segundo apontam os analistas do banco, Conrado Vegner e Victor Chen, a Aura deve se beneficiar da tendência de alta do ouro e da capacidade de aumento de produção.

Eles ressaltam que o cenário de liquidez em expansão e as taxas de juros mais baixas devam favorecem os preços da commodities. “Taxas de juros reais negativas em mercados desenvolvidos (e, em alguns casos, até taxas nominais) defendem o ouro como uma alternativa”, apontam.

O pagamento de dividendos, com projeção de rendimento de 7% entre 2021 e 2025, e a diversificação geográfica também foram destacados pelos analistas. A Aura conta com produção em Honduras, México, Brasil, Estados Unidos e Colômbia.

“Além de diluir os riscos de regulação, a presença em vários lugares pode ser benéfico, já que as receitas estão vinculadas ao dólar, enquanto parte dos custos são expressos nas moedas locais dos países”, aponta o Safra. Entre os riscos, estão os preço do ouro, os riscos geológicos e as questões regulatórias.

Em entrevista ao InfoMoney, Rodrigo Barbosa, CEO da Aura, destacou que o ouro vai continuar sendo uma reserva de valor e as perspectivas são positivas. “O ouro é importante na composição das carteiras, ele é anticíclico, quase que um hedge natural para a deterioração das economias e o mundo agora está atravessando algo que jamais atravessou na sua história”, disse. Ele citou que a pandemia chegou a prejudicar o negócio da Aura no segundo trimestre, mas que as operações já retomaram ritmo forte desde julho.

Ele participou na última terça-feira (17) da série Por Dentro dos Resultados, onde executivos de importantes empresas da Bolsa apresentam os principais destaques financeiros do terceiro trimestre, comentam os números e falam sobre perspectivas. Veja mais clicando aqui.

Outras recomendações

Hidrovias do Brasil (HBSA3)

Também nesta semana, o Credit Suisse iniciou a cobertura para as ações da Hidrovias do Brasil, uma das maiores companhias prestadoras de serviços de logística integrada independente com foco em logística hidroviária da América Latina.

A recomendação é de compra e preço-alvo de R$ 9,50, o que representa um potencial de valorização de 49,6% em relação ao fechamento da véspera dos papéis.

A empresa, segundo os analistas do banco, está bem posicionada para o crescimento, levando em conta a atuação na região Norte na exportação de grãos.

A avaliação dos analistas é de que a Hidrovias do Brasil não é afetada pela pandemia do coronavírus e que não deve ser prejudicada caso ocorra uma nova onda de infecções. Pelo contrário, a queda do real ocorrida com a pandemia tornou as exportações brasileiras ainda mais competitivas nos mercados globais, apontam.

“Vemos o papel negociando a uma taxa interna de retorno (TIR) real de 12% (15,9% nominal), que é significativamente maior do que a TIR real da Rumo de 8,5%”, apontam os analistas.

O Bradesco BBI, por sua vez, reduziu o preço-alvo de R$ 39 para R$ 36 para a ação da Dimed, controladora da Panvel, mas reforçou a recomendação outperform (desempenho acima da média) para a ação, o que configura um potencial de valorização de 58% em relação ao fechamento da véspera.

Os analistas do BBI avaliam que a perspectiva é positiva para continuar o investimento no plano de expansão, ressaltando ainda que o adiamento do IPO da Nissei deve ajudar a Panvel a manter as suas projeções.

Entre as notícias mais recentes no radar da companhia, estão as i) lojas populares com desempenho positivo, ii) a expectativa de discussão da entrada da empresa no Novo Mercado em dezembro e iii) o fato do centro de distribuição da empresa em São José dos Pinhais, no Paraná, está dentro do cronograma.

“Ultimamente, a Panvel tem demonstrado capacidade de fornecer um melhor suporte às vendas digitais, que é uma de suas principais vantagens competitivas (atualmente cerca de 54% da receita em São Paulo vem do canal digital)”, apontam.

Além disso, a estrutura de saúde está ganhando cada vez mais força, com a Panvel adotando mais serviços dentro da loja, como telemedicina e vacinação, o que deve levar a um melhor jornada de saúde para o cliente e atrair maior fidelização.

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