Força do minério de ferro se apoia em riscos de oferta no Brasil

Força do minério de ferro se apoia em riscos de oferta no Brasil

maio 22, 2020 Off Por JJ

(Bloomberg) — A crescente preocupação de que a pandemia de coronavírus possa limitar a oferta de minério de ferro no Brasil deve sustentar ainda mais os preços – na máxima em oito meses – e já adia previsões para o momento da descida rumo aos US$ 70.

O Citigroup, que no início de maio disse que a queda para US$ 70 a tonelada ocorreria nas próximas semanas, agora espera que o minério de ferro atinja esse nível no fim do ano. Possíveis perdas acima do esperado vindas do Brasil, juntamente com a forte demanda de siderúrgicas da China, devem sustentar o minério de ferro por mais tempo, antes que da oferta transatlântica global pressione os preços, segundo a estrategista de commodities do Citi, Tracy Liao.

“Não ficaria surpresa em ver os preços em US$ 100”, disse Tracy, destacando que os estoques portuários da China já são os mais baixos desde 2016. Medidas de estímulo chinesas, como a emissão de títulos especiais para ajudar a financiar infraestrutura, também ajudarão a demanda, disse. O preço spot de referência chegou a ser negociado a US$ 97,15, a cotação mais alta desde setembro.

A resiliência do minério de ferro surpreendeu investidores, que esperavam queda dos preços com a recuperação dos embarques brasileiros depois do rompimento da barragem em Brumadinho no ano passado, o que reduziu a produção. Mas condições climáticas e a posição do Brasil como epicentro do vírus voltam a destacar riscos da oferta.

“O catalisador mais positivo para os preços do minério de ferro é que ainda estamos aguardando mais notícias e manchetes” do Brasil, disse Tracy. O Citigroup tem monitorado o surto de vírus, particularmente nos estados do norte do país, onde são extraídos volumes significativos. No entanto, na hipótese do banco, a Vale deve conseguir administrar a crise de coronavírus por meio de medidas de saúde.

A Morgans Financial estima que os preços podem voltar a testar US$ 120, pois a oferta não consegue acompanhar a demanda resiliente. Nesta semana, o Morgan Stanley disse que, embora o momentum do atual rali possa continuar em junho, os preços serão ajustados para baixo dependendo de quando a oferta do Brasil se recuperar. O banco também não espera que estímulos em infraestrutura impulsionem a produção de aço da China no curto prazo de maneira significativa.

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