FIIs: os cinco erros que levam o investidor de fundo imobiliário a perder dinheiro; confira a lista
junho 30, 2022
Nos últimos quatro anos, o número de brasileiros que investem em FIIs subiu de 208 mil para 1,68 milhão, de acordo com dados da B3. Com uma base de investidores recém-formada, é natural a existência de dúvidas e até erros na estratégia de investimento. Simples ajustes, porém, podem elevar a chance de sucesso com os fundos imobiliários, tradicionalmente menos voláteis do que as ações.
Mesmo em momentos mais desafiadores, os fundos imobiliários têm defendido bem o patrimônio do investidor. Nos últimos doze meses, por exemplo, o IFIX, índice dos FIIs mais negociados na Bolsa, registra alta de 3%, contra queda de 22% do Ibovespa, principal índice da B3.
Além da resiliência dos FIIs, alguns cuidados podem garantir ainda mais a segurança do portfólio do cotista de fundos imobiliários, especialmente o dos mais iniciantes
O InfoMoney ouviu especialistas sobre os principais erros cometidos pelos investidores e o que fazer para não cair em armadilhas. Entre as dicas estão atenção com o valor da cota, leitura correta dos dividendos, diversificação, afastar-se do chamado “efeito manada” e compreender o que está dentro de cada fundo.
Descubra o passo a passo para viver de renda com FIIs e receber seu primeiro aluguel na conta nas próximas semanas, sem precisar ter um imóvel, em uma aula gratuita.
Primeiro erro, comprar um FII cotado acima do valor patrimonial
Assim como um consumidor, que dificilmente pagará mais do que um produto vale, o investidor de fundos imobiliários também precisa levar em consideração o preço que o FII está sendo negociado.
“Geralmente, a cota de um fundo começa a subir bastante e o investidor acha que a tendência de alta permanecerá infinitamente”, alerta José Navikas, analista de FIIs da Necton. “O investidor não percebe que, em determinado momento, o preço sobre o valor patrimonial está muito alto”, reflete.
Para medir se um fundo está caro ou barato, analistas utilizam o indicador P/VPA (preço sobre valor patrimonial). Quanto mais próximo de 1 estiver o número, mais perto a cota está do seu valor considerado justo. Um indicador acima de 1 sinaliza que o papel está sendo negociado com ágio e, abaixo deste nível, com desconto.
O P/VPA ganha relevância ainda maior na análise dos FIIs de recebíveis, também conhecidos como fundos de “papel”, por investirem em ativos financeiros ligados ao setor imobiliário. O alerta é de Felipe Ribeiro, diretor de investimentos alternativos do Clube FII, que lembra que o preço da cota tende a voltar ao valor patrimonial. Comprar o FII com um grande ágio pode gerar perdas no futuro, alerta o especialista.
Leia mais:
Segundo erro, esquecer que diversificar é preciso
Outra máxima do mercado financeira que não pode faltar na estratégia de investimento de fundos imobiliários é a famosa “não colocar todos os ovos na mesma cesta”.
Diante da variedade de fundos e de segmentos – recebíveis, logística, shoppings, escritórios, entre outros – a diversificação é fundamental para o investidor reduzir riscos do portfólio, sinaliza Arthur Faviero, analista de FIIs da Ohmresearch.
“Por melhor que seja o fundo, uma alta concentração pode prejudicar o portfólio em determinados momentos”, explica o especialista. Segundo ele, um problema na carteira poderia comprometer boa parte dos dividendos recebidos pelo cotista.
Na avaliação de Faviero, diversificação é um assunto muito importante e nem sempre o investidor se atenta a esse cuidado. A maioria, explica, prefere ter poucos fundos com alta concentração, que acaba trazendo uma certa fragilidade ao portfólio.
Efeito manada nos FIIs, o terceiro erro
A boa gestão de uma carteira de fundos imobiliários também passa pela capacidade do investidor de se afastar do chamado efeito manada, a tendência de repetir o comportamento de um determinado grupo em busca de melhores resultados ou menores riscos.
“Quando o movimento acontece é natural que muita gente comece a falar sobre o fundo imobiliário”, afirma Marcelo Fayh, autor do livro Método Fayh: Descubra Como Escolher os Melhores Fundos Imobiliários do Mercado e Viva de Renda. “Mas normalmente o investidor acaba perdendo dinheiro ao ser contaminado pelo efeito manada”.
Em abril, um dos fundos imobiliários mais populares do mercado, o Hectare CE (HCTR11), enfrentou uma forte onda vendedora após influenciadores digitais chamarem atenção para um possível conflito de interesse nas operações do FII.
A especulação sobre o problema levou as cotas do fundo a uma queda de mais de 16% em quatro sessões. Após divulgação do relatório gerencial do fundo — que negou irregularidades nas operações — os papéis do Hectare voltaram a subir e recuperaram parte das perdas acumuladas durante o episódio.
O investidor que se deixa levar por estes tipos de movimentos – de compra ou venda em situações extraordinárias – também comete um erro comum e pode pagar muito caro no futuro, diz Fayh.
Quem só vê dividendos comete o quarto erro
Entre os principais erros cometidos por investidores de fundos imobiliários relatados pelos analistas ouvidos pelo InfoMoney, um é consenso: a seleção de um FII com base apenas na taxa de retorno com dividendos (dividend yield).
Como a maior parte dos investidores de FIIs busca a geração de renda passiva, é natural que o dividend yield tenha destaque na avaliação de um fundo, reflete Rodrigo Medeiros, analista do Desmistificando FII. No entanto, aponta o especialista, escolher a carteira sem analisar a origem e a qualidade dos rendimentos é um erro.
“Erro que pode fazer o investidor adquirir um fundo que pague um dividendo alto de forma artificial ou não recorrente”, explica. “Assim, o investidor recebe temporariamente um bom rendimento e pode perder tudo e mais um pouco com uma eventual desvalorização da cota”.
O lucro não recorrente pode ser resultado da alienação de um dos imóveis do fundo. É o exemplo do SP Downtown (SPTW11) que, em março de 2021, vendeu um dos dois edifícios que tinha no portfólio e distribuiu a receita do negócio – R$ 67 milhões – aos cotistas, em forma de amortização do patrimônio.
Na prática, o pagamento pelo edifício Belenzinho, localizado em São Paulo (SP), foi feito em três vezes. Nos meses do repasse para os investidores, o dividend yield do fundo destoava da distribuição normal do fundo, chegando a a bater 6,36%, conforme sinaliza a página do SP Downtown no InfoMoney.
A transação e o repasse extraordinário colocaram o SP Downtown na lista dos dez maiores retornos com dividendos no acumulado dos últimos 12 meses, com 14,81%.Situações desse tipo podem confundir o investidor mais desatento, sugere Fayh.
“O investidor vê o dividend yield do fundo, que é extraordinário, e acaba se frustrando”, concorda. “É o erro mais fácil de cair porque o investidor quer dividendos e ele vai ver o fundo que mais distribui”.
Quinto erro, investir sem saber em quê
O que há dentro do seu fundo imobiliário? A pergunta pode parecer sem sentido, mas ter conhecimento dos ativos e das operações do FII pode fazer a diferença no sucesso da estratégia de investimentos, dizem os analistas.
Navikas, da Necton, enfatiza a importância de analisar a carteira de ativos de um fundo como forma de se posicionar bem e evitar armadilhas. “Por exemplo, o investidor começa a comprar FIIs de recebíveis, com muitos títulos indexados à inflação, mas o momento é de queda da inflação”, exemplifica.
Na avaliação de Fayh, o investidor precisa estudar o suficiente para compreender a situação e o funcionamento do fundo imobiliário. Do contrário, afirma o especialista, a chance de o cotista ficar perdido em uma situação de adversidade é muito grande.
“Quando surge uma notícia que influencia a cotação do fundo, o investidor fica sem saber como agir e dependendo de outras pessoas para dimensionar o impacto da informação”, analisa. “Não conhecer o ativo que você está investindo é muito ruim”.
Para Fayh, muitos investidores podem tomar decisão influenciados por opiniões nem sempre embasadas ou mesmo ancorados no efeito manada. “Estudar a respeito do FII é fundamental”, afirma. “Investir em algo que não se conhece é muito perigoso. É um convite para tomar más decisões de investimento”.
Descubra o passo a passo para viver de renda com FIIs e receber seu primeiro aluguel na conta nas próximas semanas, sem precisar ter um imóvel, em uma aula gratuita.