Estudo da UFS reforça aumento de leitos para evitar colapso em 8 dias

Estudo da UFS reforça aumento de leitos para evitar colapso em 8 dias

junho 8, 2020 Off Por JJ

Números acumulados de casos e internamentos em UTI. Fonte: EpiSergipe

Uma projeção epidemiológica divulgada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), na manhã desta segunda-feira, 8, aponta a urgente necessidade de ampliação de UTI’s para dar suporte aos pacientes infectados pelo novo coronavírus. O número de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) na rede pública em Sergipe precisará ser ampliado para evitar o colapso do sistema de saúde no prazo de oito dias.

O estudo, produzido no âmbito do projeto EpiSergipe, sinaliza para a saturação desses leitos quando o estado atingir 12 mil casos da doença. “A previsão é que esta saturação ocorra a partir do dia 14 de junho. Entretanto, com um planejamento de ampliação gradual entre 50 e 60 leitos de UTI prevista até a metade deste mês, a rede pública deverá apresentar uma taxa de ocupação ao final desse período em torno de 65-70%,” explica o coordenador do laboratório de Patologia Investigativa da UFS, professor Paulo Ricardo Martins Filho.

A análise foi elaborada com base nos boletins epidemiológicos da secretaria estadual de Saúde entre os dias 1º de maio e 4 de junho, considerando o número de casos acumulados da covid-19, a quantidade de leitos disponíveis na rede de saúde, o número de internamentos e a taxa de ocupação em UTI dentro dessa série histórica.

Neste período, o crescimento médio diário de casos confirmados do novo coronavírus no estado foi de 4%, e a taxa média de internamentos em leitos intensivos de 2,5%. Até o fechamento da projeção, o estado tinha 200 leitos de UTI exclusivamente para atender casos da doença, sendo 120 na rede pública e 80 na rede privada. A taxa total de ocupação desses leitos era de 68% nos hospitais públicos e 85% nos privados.

Relação entre casos, internamentos e taxa de ocupação em UTI na rede pública

Fila de espera no Lacen-SE

O estudo observa ainda a demanda reprimida no processamento de exames para o diagnóstico da covid-19 no Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe. Isso porque existe um represamento de cerca de 5 mil exames no Lacen-SE, provocando uma redução diária de cerca de 50% na emissão dos laudos. Com isso, levando em conta que historicamente 32% das amostras analisadas pelo laboratório apresentam resultado positivo, Sergipe pode ter, pelo menos, mais 1.600 casos a serem notificados.

“Considerando também uma taxa de internamento médio em UTI de 2.5%, a previsão é de que pelo menos 25 pacientes com covid-19 que ainda estão à espera dos resultados dos exames necessitem de tratamento intensivo e sejam assim contabilizados nas taxas de ocupação de leitos no estado. Para uma demanda reprimida em torno de 7 dias, seriam cerca de 3-4 pacientes por dia a mais entrando no sistema de saúde necessitando de um leito de UTI. A proporção de internamentos intensivos tem sido de 55% na rede pública e 45% na rede privada,” aponta o estudo.

Os pesquisadores complementam que “os dados reforçam a necessidade de se manter as medidas de distanciamento social ampliado e o uso obrigatório de máscaras e de outros equipamentos de proteção, bem como de melhorar a capacidade de fiscalização do poder público no sentido de evitar aglomerações urbanas, até que a taxa de crescimento real e atual da epidemia em Sergipe seja conhecida e o sistema de saúde tenha capacidade de absorver os pacientes mais graves que necessitem de UTI.”

Além de Paulo Ricardo Martins Filho, a nota técnica é assinada pelos professores do departamento de Farmácia e dos programas de pós-graduação em Ciências da Saúde e em Ciências Farmacêuticas da UFS, Lucindo Quintans Júnior e Adriano Antunes Araújo, e pela doutoranda em Ciências da Saúde, Carolina Santos Souza Tavares.

Outras projeções

Há cerca de um mês, o professor Paulo Martins também havia projetado a ocupação de 100% dos leitos de UTI exclusivos para pacientes com covid-19 nas redes pública e privada no prazo de oito dias. Caso não houvesse a ampliação do número de leitos de terapia intensiva à época, o sistema de saúde teria colapsado na metade de maio.

Fonte: Universidade Federal de Sergipe