Enfermaria, retaguarda, UTI: as diferenças técnicas entre os leitos
maio 4, 2020Com a pandemia da Covid-19 tomando conta das manchetes e noticiário de todo o mundo, mais do que nunca as pessoas passaram a ouvir sobre leitos hospitalares, oferta de vagas e equipamentos como ventiladores respiratórios. A mesma pandemia também expôs uma realidade de muitos países no mundo: a falta de capacidade dos sistemas de saúde em absorver pacientes em massa durante períodos de crise na saúde, como o que tem sido provocado pelo coronavírus.
Setores da saúde têm feito uma verdadeira corrida para aumentar os seus leitos, adquirir equipamentos, reforçar a sua rede de assistência. Em Sergipe, por exemplo, a Prefeitura de Aracaju está construindo um hospital de campanha com capacidade de 150 leitos de retaguarda. Já o Governo do Estado reabriu o Hospital da Polícia Militar (HPM) para aumentar o número de leitos de retaguarda e dar suporte ao maior hospital público de Sergipe, o Huse. Além disso, tem esboçado projetos para expandir os leitos de UTI. Mas, afinal, o que difere cada um desses leitos? E que tipo de empecilho os gestores encontram conseguir abrir um novo leito?
Nossa reportagem conversou com o chefe da divisão de Apoio de Diagnóstico e Terapêutico do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Raimundo Saturnino, para esclarecer o assunto. O médico explica que os pacientes da Covid-19 estão sendo classificados conforme sintomas. “Majoritariamente os pacientes desenvolvem sintomas leves. Nesses casos, podem se recuperar em suas próprias residências. Quando há sintomas moderados ou graves, normalmente os pacientes recebem atendimento médico em um dos leitos”, afirma.
Enfermaria ou retaguarda
De acordo com Raimundo, são os mais numerosos e basicamente os mesmos tipos de leitos. Dispõem de menos profissionais de saúde e têm menos aparato de equipamentos. Durante esta pandemia eles têm uma finalidade específica. “Via de regra, eles tem esse menor aparato, menor dimensionamento de profissionais por pessoa. Eles existem para esses pacientes com sintomas moderados que precisam de observação. Quando há agravamento dos sintomas, os pacientes saem desses leitos para a UTI, ou o contrário. Quando pacientes que estão na UTI apresentam uma melhora, são deslocados para esses leitos para que fiquem em observação”, explica.
Leitos de enfermaria podem ser transformados em leitos de tratamento semi-intensivos
Em um cenário normal, essa é uma medida que pouco acontece. Mas, segundo Raimundo, com a atual situação de pandemia, as regulamentações foram flexibilizadas para que leitos de enfermaria, por exemplo, possam ser transformados em leitos de tratamento semi-intensivo. De acordo com Raimundo, essa é uma medida em caso de lotação da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). “O hospital pode colocar um respirador e um monitor em um leito de enfermaria. Precisa também deslocar profissionais com habilitação para cuidar desses pacientes. É uma medida alternativa”, pontua.
UTI
São os leitos mais equipados de um hospital, que demanda mais profissionais e que podem prestar uma melhor assistência para pacientes em estados graves. De acordo com Raimundo, os leitos costumam reunir além dos ventiladores respiratórios, monitores multiparamétricos e equipamentos que dão aos médicos respostas simultâneas e instantâneas sobre pressão arterial, oxigênio, frequência cardíaca e outros parâmetros. “São equipamentos que permitem ao médico decidir naquele momento quantidade de medicação, troca de medicação e outros vários sinalizadores para recuperar os pacientes”, explica o médico.
Além de todo esse aparato de equipamento, o setor tem uma equipe de saúde, que inclui médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais em maior quantidade por pacientes – para manter o tratamento intensivo 24h por dia. Justamente por causa de toda essa complexidade, se torna mais difícil abrir novos leitos de UTI, explica Raimundo.
Por Ícaro Novaes