Endividamento dos brasileiros sobe em agosto ao maior índice da série da CNC

Endividamento dos brasileiros sobe em agosto ao maior índice da série da CNC

setembro 3, 2020 Off Por JJ

Dívidas

O endividamento dos brasileiros subiu ligeiramente em agosto, para 67,5%, resultado 0,1 ponto porcentual acima do mês anterior, atingindo o maior índice da série história da Confederação Nacional do Comércio (CNC), iniciada em janeiro de 2010.

Segundo a CNC, na comparação anual a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o endividamento no mês de agosto também se mostrou acima do mesmo mês de 2019 em 2,7 pontos porcentuais.

A Peic é apurada mensalmente pela CNC. Os dados são coletados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores.

A proporção das famílias que se declararam muito endividadas caiu para 14,6%, a primeira queda desde janeiro deste ano. Na comparação anual, porém, ainda registra alta, embora menos expressiva, de 0,8 ponto porcentual, informou a CNC.

Especificamente entre as famílias de menor renda, o endividamento continua crescendo, informa a entidade. Para as que recebem até 10 salários mínimos, o porcentual alcançou novo recorde na série em agosto (69,5%, contra 69% em julho e 66,1%, em agosto de 2019). No caminho inverso, entre as famílias com renda acima de 10 salários, esta mesma proporção diminuiu para 57,8% em agosto, ante 59,1% em julho, e 59,2% em agosto de 2019.

O total de famílias com dívidas ou contas em atraso aumentou de 26,3%, em julho, para 26,7% em agosto, atingindo a maior proporção desde março de 2010. Em comparação com o mesmo mês do ano passado, a proporção cresceu 2,4 pontos porcentuais.

Por outro lado, analisa a CNC, a parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes manteve-se praticamente estável em agosto, passando de 12%, em julho, para 12,1%. No mesmo período de 2019, o indicador havia alcançado 9,5%.

De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, as famílias com maior renda têm aumentado a poupança em detrimento do consumo, principalmente de serviços, enquanto a necessidade de crédito segue maior para as famílias com renda mais baixa.

“Os benefícios emergenciais têm impactado positivamente o consumo, especialmente dos itens considerados essenciais, e auxiliado o pagamento de despesas, ainda que parcialmente, entre os brasileiros de menor renda”, afirma Tadros. “As transferências emergenciais, conjuntamente às taxas de juros baixas e à inflação controlada em níveis também historicamente menores, são fatores que favorecem o crédito e o poder de compra dos consumidores”, concluiu.

Embora mais endividados, os brasileiros diminuíram a parcela média da renda comprometida com dívidas em agosto, favorecendo a capacidade de pagamento. Entre as famílias endividadas, 21,4% afirmaram ter mais da metade da renda mensal comprometida com o pagamento destas dívidas.

“É a terceira queda mensal consecutiva do indicador, que, após ter alcançado 22,4% em abril, a maior proporção desde dezembro de 2017, passou a cair a partir de junho”, aponta Izis Ferreira, economista da CNC, responsável pela pesquisa.

Nas famílias com renda até 10 salários, o porcentual das que afirmam ter mais da metade da renda comprometida com dívidas diminuiu de 22,4%, em julho, para 22,2% em agosto, enquanto manteve-se estável em 17,1%, na passagem mensal, para as famílias com mais de 10 salários/mês.

O cartão de crédito, historicamente apontado pelas famílias como a principal modalidade de endividamento, foi o único que apresentou crescimento mensal, subindo para 77,8%. Em segundo lugar, aparecem os carnês (17,3%) e o financiamento de veículos (10,6%).

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