Emissora da USDC, segunda maior stablecoin do mundo, revela exposição de US$ 3,3 bi ao SVB
março 12, 2023
A segunda maior criptomoeda indexada ao dólar perdeu sua paridade de US$ 1 na madrugada deste sábado (11), sendo negociada a US$ 0,81, prejudicada pela exposição da sua emissora, a Circle Internet Financial Ltd., ao colapso do Silicon Valley Bank (SVB).
A USD Coin (USDC) é um elemento chave dos mercados cripto e deve manter um valor constante de US$ 1, com unidades lastradas por reservas em dinheiro e títulos de curto prazo do Tesouro americano. No entanto, US$ 3,3 bilhões desse estoque, de cerca de US$ 40 bilhões, estão com o Silicon Valley Bank, que acaba de protagonizar a maior falência de um banco de crédito da história dos Estados Unidos.
Reguladores tomaram o controle do banco na sexta-feira (10) e os investidores aguardam mais clareza sobre o retorno dos depósitos. Nesse vácuo, o USDC caiu abaixo de US$ 1, sendo negociado a cerca de US$ 0,92 às 5h02 de Brasília. Stablecoins menores, como DAI e Pax Dollar (USDP), também caíram, em sinal de nervosismo mais amplo dos investidores.
Até agora, as preocupações não se espalharam para a stablecoin Tether (USDT), que já enfrentou no passado críticas sobre suas reservas, mas se mantinha a US$ 1 no momento da publicação deste texto.
Enquanto isso, o mercado cripto mais amplo fechou uma semana de perdas, e apresenta movimento misto neste sábado: pouco depois das 11h, o Bitcoin (BTC) opera em estabilidade nas últimas 24 horas, mantendo o patamar de US$ 20 mil, enquanto tokens menores como Maker (MKR) e Optimism (OP) entram em território negativo, com queda de dois dígitos.
O diretor de estratégia da Circle, Dante Disparte, descreveu a queda do Silicon Valley Bank como uma “falha de cisne negro” no sistema financeiro dos EUA, afirmando, via Twitter, que sem um plano de resgate federal haveria “implicações mais amplas para negócios, bancos e empreendedores”.
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O USDC tem uma oferta circulante de cerca de 41 bilhões de tokens e um valor de mercado de aproximadamente US$ 37 bilhões, mostram os dados da CoinGecko. Um valor líquido de US$ 2 bilhões em USDC foi resgatado nas últimas 24 horas, de acordo com a empresa de pesquisa de blockchain Nansen. Dados compilados pela Bloomberg indicaram que o USDC chegou, a certa altura, a ser negociado a US$ 0,81.
Resgates suspensos
Stablecoins como o USDC destinam-se a manter um valor definido em relação a outro ativo altamente líquido, como o dólar americano. Elas têm uma variedade de formas e algumas, como a da Circle, são sustentadas por reservas em dinheiro e títulos. Os investidores costumam depositar recursos em stablecoins enquanto se movem entre as negociações de criptomoedas.
À medida que a liquidação da USDC piorou, a exchange cripto norte-americana Coinbase Global Inc. disse que faria uma “pausa temporária” na conversão de USDC em dólares americanos durante o fim de semana e retomaria na segunda-feira (13), quando os bancos abrirem.
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Após a confirmação na madrugada de hoje de que as transferências iniciadas na quinta-feira (10) para resgatar tokens ainda não foram processadas, US$ 3,3 bilhões dos cerca de US$ 40 bilhões de reservas da USDC permanecem no SVB.
A queda na USDC teve um efeito indireto nas aplicações de finanças descentralizadas que permitem aos usuários negociar, tomar emprestado e emprestar moedas e que tendem a depender fortemente de pares de negociação envolvendo a stablecoin.
“A menos que haja um plano de resgate concreto neste fim de semana, acho que os mercados ficarão feios novamente na próxima semana”, disse Teong Hng, diretor executivo da empresa de investimentos cripto Satori Research, sobre o fracasso do SVB.
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A Binance, maior exchange do mundo, também anunciou a suspensão das negociações da USDC.
Crise nas criptomoedas
O setor cripto já estava se recuperando de uma derrota prolongada que derrubou US$ 2 trilhões do valor dos ativos digitais desde novembro de 2021, precipitando uma série de implosões como da stablecoin TerraUSD, do hedge fund Three Arrows Capital e da bolsa FTX.
O token TerraUSD – conhecido como UST – tentou usar uma mistura de algoritmos e incentivos a traders envolvendo um token irmão, Luna, para manter seu valor. A eliminação de US$ 60 bilhões desse sistema intensificou o escrutínio regulatório global sobre as stablecoins.
“Acho que o mercado ‘precificou’ a USDC como precificou a USDT em torno do colapso de Luna”, disse Haohan Xu, diretor executivo da Apifiny, uma plataforma de negociação institucional. “É [uma queda] impulsionada pela exposição da Circle ao SVB, mais a Coinbase fechando sua função de conversão de USDC”.
Empresas de criptomoedas, incluindo Binance e Tether, foram ao Twitter na sexta-feira para tentar tranquilizar seus clientes sobre quaisquer riscos representados pelo banco falido.
Changpeng Zhao, diretor executivo da Binance, afirmou que a empresa não tem exposição e seus fundos estão seguros.
A Paxos Trust Co., emissora da Pax Dollar, e a exchange cripto Gemini disseram que não têm relacionamento com o banco, de acordo com declarações em suas contas oficiais no Twitter. O diretor de tecnologia da Tether, Paolo Ardoino, disse em um tweet que a maior stablecoin do mundo, USDT, não tem exposição ao SVB.
Por outro lado, a plataforma falida de empréstimos de criptomoedas BlockFi tem cerca de US$ 227 milhões em uma conta no banco falido, de acordo com um processo judicial.