Educação financeira como meta de vida: a história da CEO da startup Barkus, vencedora do prêmio Mulheres que Transformam
março 8, 2021Ela inovou no mercado de finanças e foi reconhecida por isso. Com 24 anos, a carioca Beatriz Santos foi a vencedora da categoria Inovação e Finanças do Prêmio Mulheres que Transformam, criado pela XP e apoiado pelo InfoMoney.
Bia, como gosta de ser chamada, é CEO da Barkus, uma startup que promove cursos sobre educação financeira fundada em 2015 com o objetivo de ampliar o acesso a esse tipo de conteúdo.
Nascida na zona norte do Rio de Janeiro, Bia diz que já sabia desde o Ensino Médio o que queria fazer da vida: inovar por meio da educação financeira. Aos poucos, começou a trilhar o seu caminho – inicialmente, com o apoio da mãe, Jane: “Ela dizia: ‘Não vou te dar carro e casa. A minha herança vai ser educação de qualidade’”, diz Bia.
A filha de Jane cursou Administração na Universidade Federal do Rio de Janeiro e na Universidade do Porto, e fez pós-graduação em História e Cultura Africana e Afro-Brasileira no Instituto Pretos Novos.
“Como a grana era curta, eu estudava e trabalhava. Foi assim desde o primeiro período da faculdade”, relembra. Bia fez dois estágios, um deles na escola de educação financeira do Rioprevidência, fundo de previdência do Estado do Rio de Janeiro.
O começo no ensino médio
Incentivada por dois professores durante o Ensino Médio, a futura empreendedora começou a pesquisar o comportamento do consumidor jovem.
“A educação financeira surgiu como uma solução para o problema de consumismo e falta de planejamento da nossa geração. Na época, existiam pouquíssimos trabalhos voltados para o público jovem, com uma linguagem mais leve, divertida e prática. Fazíamos a tradução do economês dos livros sobre educação financeira para a galera da nossa idade”, conta.
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Aos 16 anos, ela já participava de feiras de ciências pelo Brasil e recebeu reconhecimento internacional, da American Sociological Association, por uma pesquisa na área comportamental. Três anos depois, em 2015, surgiu a ideia de criar a Barkus.
A empresa foi fundada por Bia e o sócio Marden Rodrigues, quando ambos estavam na faculdade. O nome da empresa significa “ninguém fica para trás”.
A Barkus oferece diferentes cursos de educação financeira para pessoas físicas, empresas e escolas, e em diferentes formatos. Um deles, chamado de Iara, é oferecido via WhatsApp.
O objetivo nos próximos anos é atender 30 mil mulheres, autônomas e com veia empreendedora, em parceria com uma empresa brasileira cujo nome ainda é mantido em sigilo por Beatriz.
Alguns conteúdos são gratuitos, outros pagos. O início foi com recursos próprios, através do Bootstrap, ferramenta de desenvolvimento web.
Sem investidores, os sócios participaram de uma programa de aceleração que concedeu um investimento de R$ 25 mil. Atualmente, a empresa tem 12 funcionários.
“Pensar nisso tudo e montar um modelo de negócio não foi fácil. Lembro que nosso primeiro salário, em 2016, foi de R$ 260. Em 2018, o faturamento foi de R$ 25 mil”, relembra. Para este ano, a meta é faturar R$ 2,5 milhões.
“O objetivo sempre foi apoiar outras pessoas como nós a se organizarem e se planejarem financeiramente, utilizando crédito de forma saudável e, principalmente, começar a investir”, diz Bia.
A Barkus foi uma das startups vencedoras do Menos30fest, festival de empreendedorismo promovido pela Rede Globo. Beatriz Santos também foi premiada pela revista Forbes na lista Under 30 como uma das personalidades com menos de 30 anos mais relevantes na área de Ciência e Educação.
“Foi bastante difícil empreender com 20 anos, sendo uma mulher negra, em uma área de conhecimento bastante elitista e com pouca representatividade negra e feminina. Passei por muitas situações complicadas. Em muitos momentos eu levava meu sócio, que é homem e branco, para conseguir ser ouvida nas reuniões. Só com o tempo fui me empoderando nesse lugar e me fazia ser ouvida”, afirma.
“Meu grande objetivo de longo prazo é ver todas as nossas crianças e adolescentes em contato com a educação financeira durante todo o ensino fundamental e ensino médio. Esse conhecimento é imprescindível para a melhoria das próximas gerações e para a diminuição das desigualdades do nosso país”, diz Bia.
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