Economia global depende mais do que nunca de descoberta da vacina contra coronavírus

Economia global depende mais do que nunca de descoberta da vacina contra coronavírus

maio 25, 2020 Off Por JJ

(Bloomberg) – Enquanto partes da economia global se preparam para a reabertura, fica cada vez mais claro que a recuperação total da pior crise desde a década de 1930 será impossível sem uma vacina ou tratamento para o coronavírus.

Consumidores permanecerão ansiosos, e empresas ficarão de mãos atadas por medidas como medições de temperatura e regras de distanciamento nos locais de trabalho, restaurantes, escolas, aeroportos, estádios e muito mais.

A China – a primeira grande economia atingida pelo vírus e a primeira a emergir do confinamento – conseguiu retomar a produção, mas não a demanda. A lição para outras economias: o caminho da normalidade será de paradas e reinícios.

Há também o risco de novos surtos. Cerca de 108 milhões de pessoas na região nordeste da China foram submetidas a vários níveis de confinamento em meio a um novo foco de infecções. Médicos também têm observado mudanças nos novos casos de coronavírus da região, sugerindo que o vírus pode estar mutando de maneiras desconhecidas.

Na Coreia do Sul – onde o vírus foi controlado sem medidas rígidas de isolamento social -, os gastos do consumidor permanecem fracos diante de casos que continuam a aparecer.

A resposta da Suécia, altamente debatida, deixou grande parte da economia funcionando, mas o país ainda pode registrar a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.

Isso significa que governos globais – que já anunciaram trilhões de dólares em apoio fiscal e monetário – precisarão manter os estímulos para evitar ainda mais falências de empresas e demissões. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, alertou que uma recuperação completa só será possível com a ajuda dos cientistas, um alerta ecoado pelo presidente do banco central australiano.

“Se não conseguirmos avanços na área médica, acho que será uma recuperação bastante lenta”, disse o presidente do banco central da Austrália, Philip Lowe, na semana passada.

Carmen Reinhart, professora da Universidade Harvard e recém-nomeada economista-chefe do Banco Mundial, tem uma mensagem semelhante. “Não teremos algo parecido com a normalização total, a menos que (a) tenhamos uma vacina e (b) – e isso é muito importante – se a vacina estiver acessível à população global em larga escala”, disse em entrevista à Harvard Gazette.

Pesquisa realizada pelo Bank of America com gestores de recursos revelou que o maior obstáculo seria uma segunda onda do vírus, o que significa que restrições teriam que ser impostas novamente. Apenas 10% esperam uma recuperação rápida, disse o banco em relatório.

A fusão de quando fármacos bem-sucedidos serão encontrados e quando as economias voltarão ao normal domina o clima nos mercados financeiros

“Existe uma recompensa global pelo vírus”, disse Stephen Jen, que administra a empresa de consultoria e hedge fund Eurizon SLJ Capital, em Londres. “Não vejo como pode ser mais sensato investidores apostarem no vírus do que apostar em ciência, tecnologia e capital político e financeiro ilimitado no mundo para conter e derrotar o vírus.”