É hora de comprar? As ações que estão no radar da Brasil Capital
abril 2, 2020SÃO PAULO – Algumas das maiores oportunidades na Bolsa surgem justamente quando ninguém enxerga nada. A afirmação é de André Ribeiro, sócio-fundador da Brasil Capital e convidado especial da série Stock Pickers – Aprendizados em Tempos de Crise desta quarta-feira (1).
Em entrevista aos apresentadores Thiago Salomão e Renato Santiago, Ribeiro falou de suas perspectivas para o mercado de ações e revelou quais papéis estão baratos no momento, segundo a avaliação da gestora. Clique aqui para assistir à conversa na íntegra.
“Ninguém está enxergando nada, e isso faz com que o mercado tenha essa grande volatilidade”, afirmou. “E nesses momentos sem clareza é que surgem as maiores oportunidades de investimentos, desde que você tenha serenidade, paciência, tranquilidade e foco em obter resultados no longo prazo.”
Ribeiro conta que a gestora conversou nos últimos dias com executivos de todas as empresas que compõem seu portfólio e traçou estimativas para seus resultados. A conclusão, segundo ele, foi a de que há empresas de alta qualidade na Bolsa “negociando a valores que provavelmente só vamos ver em crises como essa”.
Para o gestor, muitos investidores acabam se desfazendo de ativos por uma necessidade de alívio imediato. “Mas o que acontece, historicamente, é que crises passam, e a primeira coisa que você faz quando olha para trás é se perguntar como aquela empresa bateu um valor de mercado tão baixo. Porque era óbvio que ela iria sobreviver”.
Value investor raiz, Ribeiro acredita que, ainda que 2020 se mostre “uma temeridade”, o valor intrínseco de uma boa companhia não merece cair 50% ou 60%. Não à toa, a Brasil Capital entrou para o grupo de casas cobiçadas que reabriram seus fundos para captação.
“São pouquíssimas as pessoas que estão dispostas a fazer um investimento com a cabeça no lugar nesse momento”, afirma. E aconselha: “As pessoas precisam entender o seu apetite por risco. Se você não dormir à noite, não invista.”
Para saber como encontrar boas oportunidades na Bolsa hoje, assista à nova série do Stock Pickers: Aprendizados em Tempos de Crise. Para garantir o seu acesso de graça, basta clicar aqui.
Quando tamanho é documento
Embora veja oportunidades no horizonte, Ribeiro reconhece que o momento é delicado para muitas empresas listadas em Bolsa. Por isso, o investidor deve tomar alguns cuidados antes de aumentar a exposição de sua carteira à renda variável.
“Não é momento de alavancagem, não é momento de procurar oportunidades de multiplicar seu capital por 20 vezes. É o momento de montar uma carteira com empresas líderes, dominantes, com vantagens competitivas e executivos de alto nível”, sugere. “Para quem puder esperar de um a dois anos [após a compra], o resultado será muito positivo”.
Para o gestor, as companhias mais sólidas de cada setor podem sair da crise com suas principais concorrentes enfraquecidas e, portanto, comparativamente mais fortes do que entraram.
“No histórico que temos no país, as empresas líderes de seus setores acabaram gerando bons resultados depois de grandes crises, com quedas de até 50% no mercado”, ressalta.
Mas Ribeiro não divide as empresas no momento apenas pelo tamanho. Em seu radar, as companhias estão divididas em serviços essenciais e discricionários — cuja demanda tende a ser mais elástica.
No curto prazo, os resultados das últimas devem sofrer mais que os das primeiras, e o mercado já colocou isso na conta. “Elas estão tomando uma paulada enorme”, afirma.
Mas, pensando no médio e longo prazo, avalia o gestor, são justamente as empresas de consumo discricionário que estão negociando a preços mais descontados. “Muitas delas são de altíssima qualidade. Se você assume que o mundo não vai acabar, você consegue montar uma boa carteira de investimentos com foco em dois ou três anos que vai dar muita alegria.”
As ações que ganharam moral
O tombo da Bolsa trouxe algumas mudanças para o portfólio da Brasil Capital. Ribeiro explica que algumas companhias ampliaram sua participação de forma passiva, porque caíram menos que seus pares, enquanto outras ganharam destaque no portfólio de forma ativa.
Entre as empresas que ganharam força no book estão Rumo, SulAmérica e a B3.
A operadora de ferrovias já fazia parte do portfólio da gestora, mas comparativamente em menor escala. Embora tenha sofrido um pouco no início da crise, destaca Ribeiro, o mercado percebeu que seus resultados operacionais devem ser pouco afetados pelo coronavírus.
A participação da SulAmérica no fundo seguiu caminho semelhante. Após penalizarem a empresa com a previsão de que a crise na saúde impactaria fortemente sua taxa de sinistralidade, os investidores perceberam que a pandemia pode adiar alguns dos custos mais altos da seguradora — caso de cirurgias eletivas e consultas, por exemplo.
A B3, por sua vez, entrou para o portfólio de forma mais ativa. Segundo Ribeiro, os volumes de transações diárias intermediados pela companhia estão “muito fortes”, boa parte das receitas está dolarizada e a empresa ainda paga dividendos generosos.
Para saber dessas e outras empresas que estão no radar da Brasil Capital, não deixe de assistir à entrevista completa.
Vai cair mais?
Embora considere que o pânico tenha distorcido os preços dos ativos para baixo, Ribeiro não descarta a possibilidade de que a Bolsa caia ainda mais. “Pode cair 20, 30% a mais? Eu acho que podem.”
Por isso, seu conselho para o investidor que tiver estômago e consiga dormir bem à noite posicionado em ativos de risco é que não tente identificar o fundo do poço, nem fazer operações milagrosas.
“Ninguém vai acertar qual é o fundo do poço, então tem que montar estratégia de médio e longo prazo de eventualmente fazer o preço médio, seja investindo em cotas de fundos, seja investindo nas grandes vencedoras.”
Quer saber quais são as oportunidades que os maiores especialistas em ações do país estão enxergando na Bolsa? Então clique aqui agora para assistir à nossa série inédita.