Descontrole fiscal e crise política no Brasil são os maiores riscos no radar dos gestores

Descontrole fiscal e crise política no Brasil são os maiores riscos no radar dos gestores

maio 19, 2020 Off Por JJ

Plenário da Câmara durante sessão do Congresso
Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão conjunto do Congresso Nacional (Foto: Beto Barata/Agência Senado)

SÃO PAULO – O risco de que a agenda extraordinária de combate ao coronavírus leve a um descontrole das contas públicas brasileiras após o fim da pandemia é a maior preocupação no radar de gestores, de acordo com a pesquisa “Latam Fund Manager”, divulgada nesta quarta-feira pelo Bank of America. Foram ouvidos 32 gestores da América Latina para o levantamento, entre os dias 11 e 15 de maio.

Um desarranjo fiscal foi citado por 56% dos entrevistados como o maior risco no radar, seguido pela crise política, lembrada por 20% dos investidores.

No plano mais amplo, considerando gestores de toda a América Latina, o maior risco é o coronavírus, embora aparente ser uma preocupação em gradual redução. Uma parcela de 44% dos entrevistados citou o vírus, contra 77% no mês anterior. A alta do dólar e o preço das commodities ainda ganharam espaço no radar de aflições dos gestores.

Já em termos globais, uma segunda onda da Covid-19 foi o ponto mais lembrado, por 56% dos investidores.

As incertezas no horizonte fazem com que 38% dos investidores estejam adotando instrumentos de proteção para se prevenir contra uma forte realização dos mercados. O percentual está acima dos patamares históricos de 33% há quatro meses consecutivos.

PIB e Bolsa

A pesquisa do banco americano mostra também que 60% dos participantes esperam que a contração do Produto Interno Bruto (PIB) da economia brasileira ultrapasse a marca dos 5% – o BofA prevê queda de 7,7%.

Nesse cenário, 62% dos gestores acreditam que o Ibovespa terminará o ano acima dos 80 mil pontos, contra 76% no mês passado. Além disso, apenas 26% dos investidores disseram ter planos de aumentar a alocação em bolsa, o menor nível desde agosto de 2018.

O levantamento da instituição financeira aponta ainda que, apesar dos prognósticos em baixa para o PIB e a revisão da perspectiva de rating pela Fitch, 65% dos que responderam ao questionário esperam que o Brasil recupere o selo grau de investimento de bom pagador. Mas somente a partir de 2023.

Em relação ao câmbio, 28% dos entrevistados preveem que a cotação do dólar ultrapasse a marca dos R$ 5,90 até dezembro.

Apesar da depreciação cambial, apenas 25% dos investidores contam com um aumento da inflação, ainda que o percentual tenha mais que dobrado ante os 10% do mês anterior. Diante dos preços comportados, mais de 50% dos entrevistados acreditam que o Banco Central (BC) volte a cortar os juros, prevendo a taxa Selic no piso de 2,5%.

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