Depois de anos, Jeff Bezos volta ao trabalho diário na Amazon
abril 23, 2020SÃO PAULO – Em tempos turbulentos para o varejo mundial, Jeff Bezos, homem mais rico do mundo segundo a Forbes e CEO da Amazon, retomou o gerenciamento mais próximo e constante da gigante do e-commerce. Por meio de uma carta aos acionistas, a empresa informou que Bezos “se voltou aos problemas atuais que a Amazon enfrenta “.
“Por enquanto, meu tempo e pensamento continuam focados na Covid-19 e em como a Amazon pode ajudar enquanto estamos no meio”, diz a carta.
De acordo com o New York Times, o trabalho diário de Bezos na companhia envolve uma mistura de decisões práticas sobre o futuro da Amazon com a área de relações públicas.
O CEO agora está fazendo ligações diárias para ajudar a tomar decisões sobre inventário e estoque, além de auxiliar na decisão sobre como a Amazon deve responder às críticas públicas.
O jornal ainda anuncia que o empresário estaria conversando com funcionários do governo americano e que, pela primeira vez em anos, o CEO fez uma visita a um armazém da Amazon.
Bezos havia terceirizado a maior parte das decisões cotidianas para seus representantes, concentrando-se em projetos de alto impacto e de longo prazo, como o desenvolvimento do assistente de voz Alexa ou das lojas Amazon Go sem caixa.
Amazon e a crise
À medida que os países entraram em quarentena e as pessoas passam cada vez mais a consumir online, os negócios da Amazon podem acabar por se beneficiar da crise.
Na última semana, por exemplo, as ações da varejista atingiram a máxima histórica, evidenciando confiança do mercado com um crescimento da empresa durante esse momento delicado para a economia e a humanidade.
Mas, mesmo vendo a demanda crescente, a empresa enfrenta a reação de trabalhadores, vitais em seus armazéns, que estão arriscando sua saúde para continuar trabalhando, mas se sentem desprotegidos, já que mais de 74 armazéns da companhia nos EUA já relataram casos da Covid-2019.
Como relatou o Business Insider, diversos trabalhadores da companhia nos EUA se sentem descontentes com as políticas e medidas de segurança implementadas pela empresa, dizendo que não se sentem adequadamente protegidos.
A Amazon também está enfrentando alguns problemas com reguladores trabalhistas, após uma suposta retaliação ilegal aos trabalhadores que criticaram a resposta da companhia ao coronavírus.
Na mesma linha, a companhia tentou encerrar um evento virtual em que os trabalhadores falavam e discutiam sobre as condições de um armazém da empresa.
Emily Cunningham e Maren Costa, dois dos organizadores do evento virtual em questão foram demitidos pela Amazon na semana passada após criticar publicamente sua resposta ao coronavírus.
Em entrevista ao jornal americano The Seattle Times, os funcionários disseram que a empresa excluiu os convites do calendário interno depois de várias centenas de funcionários os terem visto e aceito.
“A Amazon mostrou que não nos permitirá compartilhar detalhes de como participar da reunião internamente, por isso somos forçados a nos reunir externamente”, escreveu o Amazon Employees for Climate Justice, grupo responsável pelo evento, em um formulário do Google anunciando o evento.
Procurada pelo Business Insider para comentar a situação da demissão dos funcionários e o evento de discussão, a Amazon disse apoiar o direito que seus empregados têm de criticar a companhia, mas informou que as demissões foram motivadas por repetidas violações às suas políticas internas.
“Apoiamos o direito de todos os funcionários de criticar as condições de trabalho de seus empregadores, mas isso não vem com imunidade geral contra toda e qualquer política interna”, informou a varejista em nota.
A companhia anunciou que deve contratar pelo menos 175 mil novos funcionários neste ano para trabalhar nos armazéns e centros de distribuição e melhorar a logística da companhia durante esse período.