Day Trade, um antro de vigaristas ou um mercado difamado injustamente?

Day Trade, um antro de vigaristas ou um mercado difamado injustamente?

julho 4, 2022 Off Por JJ

João Homem, trader e fundador da SST (Special Squad Traders), e Eduardo Garufi, trader e CEO da empresa

Os chamados day traders, operadores que atuam comprando e vendendo ações ao longo do dia na bolsa, nunca estiveram tão na moda no mercado brasileiro. O avanço do digital nos últimos anos, com lives e cursos pipocando nas redes sociais, tem levado muitas pessoas a se interessarem pela atividade.

Nem tudo são flores neste universo e também surgem críticas aos traders, muitas delas quase demonizando a função. São chamados de ‘viciados’ no sobe e desce do mercado ou especuladores sem compromisso com as companhias, por exemplo. A realidade, contudo, passa bem distante do imaginário coletivo.

Na visão do trader e fundador da SST (Special Squad Traders) – comunidade de traders – este tipo de atuação hoje enfrenta desafios que no passado já foram vividos por investidores em renda variável.

“Após o crash da bolsa em 1929, assim como nos anos 70, quando Eugene Fama apresentou a Hipótese dos Mercados Eficientes, o próprio investidor passou a ser demonizado. No Brasil, como estamos algumas décadas atrasados, até pouco tempo ainda havia uma visão pejorativa do investidor em bolsa, o que já mudou. Precisamos agora difundir o que de fato é atuar como trader, muito distante do que muitos vendem em redes sociais”, comenta João Homem, ao MoneyLab.

O CEO da SST e também trader, Eduardo Garufi, acrescenta que tem muita ilusão sendo vendida, o que atrapalha quem atua com seriedade.

“É uma empreitada que pode ser sim lucrativa, ajudar a construir patrimônio e performance, mas não é nem rápido e nem fácil. A ideia de que basta um curso ou algumas dicas para obter sucesso é ruim e prejudica a imagem do ofício”, explica Garufi.

“Me preocupo com quem está chegando. Precisa ter acesso à mensagem adequada para não criar falsas expectativas.”

Para os sócios da SST, a imagem passada por alguns cases de sucesso podem prejudicar porque quem está começando busca replicar aquele modelo, achando que é suficiente.

“É enganoso. O conhecimento é essencial, mas também é importante ter capital e começar com o mínimo de alavancagem. A outra parte da equação que leva ao sucesso é a experiência e o investidor precisa sobreviver no começo, até realmente aprender como operar o mercado”, explica João.

Análise de riscos

Entender o tamanho do risco que se está disposto a assumir, algo que muitas vezes as lives e cursos baseados na experiência de um trader não mostram, é outro elemento importante.

Na visão de Garufi, o interessado em atuar como day trader deve ter em mente que é uma empreitada como outra qualquer, com riscos de não dar resultado.

“Trading para mim é negócio como qualquer outro, como empreender. Por isto ter capital separado para a atividade e tempo para adquirir experiência são essenciais. Quem está começando depender do resultado do trading para pagar o aluguel vai cometer erros e pode não sobreviver.”

Pés no chão

Na trilha ideal que um day trader deve seguir, os executivos da SST também mencionam a importância de alinhar expectativa e realidade, evitando cair na sedução muitas vezes vendida pelas redes de um ganho rápido.

João Homem lembra também que há alguns mitos sobre a atividade que atrapalham a imagem do day trader.

“Tem quem ache que são pessoas que atuam prevendo o futuro, como uma bola de cristal. Errado porque atuamos olhando padrões, pode ser por exemplo, por análise gráfica, percebendo tendências prováveis e montando posições. Lidamos com probabilidade, risco e retorno e avaliamos cenários. É uma equação.”

Eduardo Garufi acrescenta: “é negócio como qualquer outro e tem que ser feito da maneira correta. Dá para ter performance, mas lembrando que não é um curso apenas que vai ensinar a ser day trader. Existem outras ferramentas importantes que se aprende com a experiência, estando em comunidade e sabendo adequar realidade e expectativa.”

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