Consumo de GNV cresce no país, mas política para combustíveis líquidos preocupa setor

Consumo de GNV cresce no país, mas política para combustíveis líquidos preocupa setor

agosto 30, 2022 Off Por JJ

O consumo médio de gás natural por automóveis subiu 19,6% no segundo trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado. De abril a junho, foram consumidos 6,71 milhões de metros cúbicos diários (m³/dia) ante os 5,62 milhões de m³/dia no segundo trimestre do ano passado.

Os dados são da Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). A associação atribui o aumento às altas nos preços dos combustíveis registradas no trimestre passado e teme que a falta de ajustes das políticas do governo para contemplar também o gás natural prejudique o segmento.

“No primeiro semestre, o mercado foi muito impactado pelo aumento dos combustíveis líquidos e, com isso, houve um crescimento muito grande do mercado de GNV [gás natural veicular]. Quem utiliza muito o GNV são os taxistas, os motoristas de aplicativo, então o GNV deu uma sobrevida para esse público”, explicou o diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, Marcelo Mendonça.

Ele avalia que o gás natural está com uma “política descasada” com relação a combustíveis como gasolina e etanol. “Quando você cria uma política específica e esquece algum combustível, você acaba criando condições artificiais para beneficiar certos combustíveis. Essa é uma questão que precisa ser corrigida. Vários estados já estão correndo atrás desse acerto”, afirmou Mendonça.

A associação avalia que o desarranjo pode ter influenciado a inflação já que muitas empresas que fazem esse serviço de transporte dentro do estado utilizam GNV. “A gente tem esse impacto, e essa é uma medida que precisa ser acertada para que não acabe reduzindo esse crescimento que a gente vem observando no mercado de GNV”, completou.

Consumo total segue em queda

O consumo médio de gás natural no Brasil caiu para 53,56 milhões de metros cúbicos diários (m³/dia) no segundo trimestre deste ano. A redução foi de 27,1% na comparação com o volume acumulado de abril a junho do ano passado, quando foram consumidos 73,44 milhões de m³/dia.

A queda é explicada, assim como no primeiro trimestre, pela diminuição do despacho térmico para geração de energia elétrica. Com a melhora na condição dos reservatórios das hidrelétricas observada desde o início do ano, o consumo de gás natural para geração elétrica despencou 70,1% frente ao segundo trimestre do ano passado, caindo de 32 milhões de metros cúbicos/dia de abril a junho de 2021 para 9,6 milhões de metros cúbicos/dia nos mesmos meses de 2022.

Sem considerar a geração termelétrica, o consumo médio de gás natural no país registrou alta de 6,2%, na mesma base de comparação, para 44 milhões de m³/dia ante os 41 milhões de m³/dia no segundo trimestre de 2021.

A melhora é identificada em quase todos os outros segmentos de consumo e é justificada, entre outros fatores, pelas condições mais favoráveis após o período mais crítico da pandemia de Covid-19. No segundo trimestre de 2021, o país enfrentava uma onda grave de infecções pela doença. Na comparação entre os dois períodos, além da alta no consumo veicular, cresceu o consumo industrial (5,2%), residencial (2,2%), comercial (23%) e na cogeração (2,8%).

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