Competitividade empresarial piora, e Brasil recua uma posição em ranking mundial
junho 20, 2023O Brasil segue ocupando uma das piores posições no ranking de competitividade mundial, medido pelo IMD Competitiveness Center com apoio da Fundação Dom Cabral (FDC). Na edição 2023 do anuário, o país ficou no 60º em uma lista de 64 países. Em relação ao ano anterior, o Brasil desceu uma posição.
Para Carlos Arruda, Miguel Costa, Rodrigo Penna e Hugo Tadeu, pesquisadores do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC responsáveis pela parte brasileira do estudo, o país continua com problemas estruturais que não permitem oferecer uma competitividade adequada aos empresários na mesma proporção em que atrai capital estrangeiro.
“O Brasil é o décimo país mais atraente para investimentos no ranking, em linha com a visão de que somos a décima economia do mundo. Mas, na parte de condições competitivas, ainda deixamos a desejar”, explica Carlos Arruda, que faz o levantamento do país desde a edição de 1997 do anuário.
Para o pesquisador, o Brasil convive com problemas no ambiente regulatório que afetam o planejamento dos empresários. “Temos algumas reformas, mas elas demoram a avançar. Quando saem, existem questionamentos, como vemos com a reforma trabalhista e o marco do saneamento”.
Setor empresarial piora
Os pesquisadores chamam a atenção para o declínio visto na competitividade do setor empresarial, considerado uma das fortalezas do Brasil nas últimas edições da pesquisa. Levando em conta apenas a eficiência dos negócios, o país caiu nove posições – de 52º para 61º.
“A perda da eficiência empresarial é reflexo da queda na competitividade econômica que temos visto nos últimos anos. Estamos em um momento de custo de capital mais alto e a percepção dos empresários sobre o cenário também está pior”, avalia Arruda.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
As dívidas corporativas e as práticas de auditoria contábil apresentaram o pior desempenho do Brasil neste ranking, ficando na penúltima colocação. Vale lembrar que neste ano o Caso Americanas e a sequência de pedidos de recuperação judicial abalaram a confiança do mercado de crédito no país, o que pode ter influenciado no resultado. “Esses eventos ligaram um alerta”, resume.
Outro ponto de atenção fica para a piora nos indicadores de investimento em tecnologia e formação de mão de obra. “Temos o pior desempenho do ranking em gestão da educação, isso reflete na qualidade da nossa mão de obra e tem impacto no nosso futuro”, reforça Carlos Arruda.
Enquanto na especialização da mão de obra, o Brasil está na 62º posição, o país é o 49º na fuga de talentos para o exterior.
Oportunidades
Por outro lado, os pesquisadores destacam as oportunidades que o Brasil pode capturar para melhorar sua competitividade. Em primeiro lugar, a aprovação de uma âncora fiscal e da reforma tributária são considerados pontes primordiais.
Ademais, a pauta ambiental é uma das forças do país para melhorar a competitividade. No ranking de energias renováveis, o Brasil é o terceiro do ranking, atrás apenas de Islândia e Noruega, com a vantagem de ter mais possibilidades do que esses países.
“Essa é uma grande oportunidade que não podemos deixar passar. Vemos que outros países tiveram suas oportunidades e evoluíram no ranking”, lembra Arruda. O caso principal é o da Irlanda, que melhorou seu ambiente regulatório para o setor empresarial à esteira do Brexit, ajudando o país a saltar da 11º para a 2ª posição da lista neste ano.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O estudo do IMD considera dados estatísticos oficiais dos países e faz uma pesquisa qualitativa com lideranças empresariais. No peso dos resultados, os dados equivalem a dois terços, enquanto a pesquisa equivale a um terço. No Brasil, a FDC ouviu 130 lideranças empresariais entre fevereiro e abril deste ano.