Com forte alta dos ativos, investidor deverá ser mais seletivo; especialistas elencam oportunidades
janeiro 26, 2021SÃO PAULO – Com a forte alta dos ativos no mercado financeiro já embutindo um cenário de normalização da economia pós-pandemia, o investidor brasileiro deverá ser ainda mais seletivo ao montar sua carteira de investimentos, principalmente considerando os riscos que seguem no horizonte. A avaliação é de Ronaldo Patah, estrategista do UBS Wealth Management.
Durante painel do Onde Investir 2021 nesta terça-feira (26), o especialista destacou que tem recomendado mais cautela aos clientes do que seis meses atrás, dado que boa parte do otimismo já está refletido nos preços dos ativos.
Entre as classes que ainda oferecem oportunidade hoje, Patah cita os investimentos em bolsas globais, commodities e o mercado de crédito global.
Já no Brasil, bons retornos podem ser encontrados em ativos reais como Bolsa e fundos imobiliários, diz. “Hoje não temos grandes barganhas, mas se o investidor fizer uma alocação seletiva, tende a ter uma boa performance este ano”, avalia.
Renato Iversson, da gestora de patrimônio Taler, também diz gostar dos ativos ligados à economia real, tanto internacionais quanto domésticos, de forma a proteger o portfólio da alta da inflação neste primeiro semestre.
Em 2020, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o ano com alta de 4,52%, acima da meta do governo, de 4%. E, até o momento, tudo indica que a pressão inflacionária deve continuar no curto prazo.
Na Taler, as projeções apontam para IPCA de 3,5% a 3,75%, enquanto no UBS, o cenário-base para o indicador este ano é de 3,5%. Já a taxa básica de juros deve encerrar dezembro em 3,5% e 4,0% ao ano, respectivamente, segundo os gestores de patrimônio.
Diversificação é a palavra-chave
Diante de riscos no horizonte envolvendo a pandemia, tensões entre China e Estados Unidos, além de uma fragilidade fiscal, no ambiente doméstico, a recomendação dos especialistas é diversificar o portfólio e buscar proteções para evitar possíveis quedas do mercado.
No UBS, Patah diz gostar da posição em ouro como forma de proteção da carteira. “[O investidor] precisa ter a expectativa de que, quando compra uma proteção, vai abrir mão de parte da rentabilidade por estar comprando um seguro, que é o caso do ouro. O metal não está uma barganha, mas é uma proteção”, diz.
Outro ativo que entra como hedge das carteiras da casa é o petróleo, conta, via fundos que reproduzam a variação da commodity no mercado internacional. Ele alerta, contudo, que é uma ativo mais volátil e, por conta do risco, não é recomendado para todos os investidores.
“Se começarmos a ver uma alta da inflação consistente no mundo, o petróleo deve ser um dos ativos que vai antecipar isso e pode servir como proteção”, avalia.
Bolsa
Na avaliação de Iversson, da Taler, o setor de commodities é um dos mais promissores na Bolsa em 2020, dado que tende a se beneficiar do crescimento da China e de um cenário de dólar mais desvalorizado em relação a moedas de países desenvolvidos.
Patah concorda e cita ainda a alocação internacional, com preferência pelo mercado asiático ex-Japão, tanto em renda variável quanto em renda fixa, dado o melhor enfrentamento da pandemia pela região.
Na Bolsa brasileira, o estrategista do UBS diz gostar, além das companhias de commodities, como as de petróleo, das ligadas ao setor financeiro e outros menos relacionados ao consumo e ao e-commerce, que não se valorizaram tanto em 2020 e têm potencial para andar este ano.
Renda fixa
Já no mercado de renda fixa, marcado pelos retornos menores nas aplicações mais conservadoras, diante dos juros baixos, a recomendação é buscar ativos de crédito privado, como debêntures de infraestrutura atreladas ao IPCA que, além da isenção de IR para a pessoa física, pagam prêmios atrativos e protegem da inflação.
Patah, do UBS, explica que, caso o investidor tenha apetite ao risco e busque melhores retornos, ele pode optar por papéis mais longos, com vencimentos entre três a cinco anos, que oferecem taxas mais interessantes.
Já Iversson, lembra do tripé “rentabilidade, segurança e liquidez”, afirmando que o investidor terá que abrir mão de um deles e, se ficar parado, verá a carteira de investimentos rendendo cada vez menos.
Amanhã tem mais
No segundo dia do Onde Investir 2021, Beatriz Fortunato (Studio), Fernando Ferreira (XP Inc.) e Marcio Correia (JGP), discutem, a partir das 18h, sobre o que esperar da Bolsa brasileira em 2021.
Na sequência, às 19h15, Carlos Martins (Kinea) e Daniel Caldeira (Mogno Capital) participam do painel de fundos imobiliários, elencando as principais promessas no setor para este ano. Confira a programação completa aqui