Com foco em casa compartilhada, startup Yuca levanta fundo imobiliário

Com foco em casa compartilhada, startup Yuca levanta fundo imobiliário

novembro 26, 2020 Off Por JJ

Uma foto com um zoom na porta de entrada mostrando a fechadura com uma chave nova.
(Shutterstock)

A startup de habitação Yuca anuncia nesta quinta-feira, 25, a criação de um fundo imobiliário no valor de R$ 40 milhões. Realizado com assessoria do Itaú BBA, o veículo de oferta restrita teve captação já realizada junto a investidores profissionais e instituições.

Os recursos vão ajudar a empresa, fundada em 2019, a comprar imóveis para aumentar a oferta de seu serviço de locação residencial em São Paulo.

Ao contrário de outras startups de locação, como o unicórnio QuintoAndar, a Yuca parte de um modelo mais centralizado de aluguel residencial, colocando diversos serviços num único boleto.

Além de aluguel, condomínio e IPTU, a empresa também oferece os móveis do apartamento, Wi-Fi, limpeza semanal e serviços de manutenção em um pacote só. A solução serve tanto para apartamentos individuais quanto para residências compartilhadas – neste segundo caso, a empresa capta imóveis de dois, três ou mais quartos e aluga-os por cômodo.

“Hoje, muitos jovens querem morar em São Paulo em áreas que só têm imóveis de tamanho maior. Há um desequilíbrio”, explica Rafael Steinbruch, cofundador e líder da área imobiliária da empresa. Ele é sobrinho de Benjamin Steinbruch, do Grupo Vicunha e da CSN.

Lógica de morar

Além de Steinbruch, a Yuca também tem outros dois sócios. Um deles é Eduardo Brennand de Campos, parte da família que controla o Grupo Brennand, com atuação em áreas como energia e cimento.

Ele também fundou a startup Parafuzo, um Uber de faxinas, e é investidor de empresas como Rappi, Loggi e Gympass. Outro é Paulo Bichucher, ex-Pátria Investimentos. Apesar dos sobrenomes, os executivos garantem que as famílias não investem nem atuam na Yuca.

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Segundo o trio, o preço médio de um quarto compartilhado em um imóvel da Yuca em São Paulo fica na casa de R$ 2,5 mil – a meta da empresa, que atua em bairros como Jardins, Pinheiros e Paraíso, é reduzir esse valor com o tempo, aumentando a quantidade de imóveis disponíveis e também o número de regiões em que atua.

Hoje, a empresa tem 250 unidades – a maioria são quartos, mas também há casas individuais. Até o fim do ano, serão 400 unidades. Ao ter o controle de um apartamento, a empresa faz reformas e adapta o imóvel para a demanda do mercado – segundo a Yuca, o custo médio do metro quadrado que assume é de R$ 6 mil.

“Muitos apartamentos têm desenhos antigos, incluindo quarto de serviço. É algo que hoje não faz sentido”, diz Steinbruch. Além da aquisição, a empresa também capta imóveis com investidores institucionais, que buscam administradores para os ativos.

“Queremos inverter a lógica de morar, indo a partir da demanda e não da oferta”, afirma Steinbruch. Segundo ele, o fundo permitirá à empresa expandir seu radar.

Hoje, a startup já mira bairros paulistanos como República, Sé, Luz e Bom Retiro – recentemente, começou a oferecer apartamentos no edifício Mirante do Vale, no Anhangabaú.

Para Alberto Ajzental, professor da FGV e especialista em mercado imobiliário, a proposta da Yuca faz sentido – e leva ao mundo residencial uma tendência que os coworkings já tinham posto no mundo dos escritórios.

“Em vez de uma laje corporativa, eles dividem apartamentos entre pessoas: quem aluga pode morar num bom bairro, enquanto eles conseguem cobrar uma margem maior do que no aluguel individual”, afirma. O especialista alerta, porém, que a convivência entre desconhecidos sob um mesmo teto pode trazer riscos à operação.

Dinheiro no bolso

Usar fundos imobiliários para financiar a expansão não é uma tática inédita entre as startups – nomes como Housi e Loft também lançaram mão da tática. “É melhor do que pegar um empréstimo e pagar juros”, diz Ajzental.

Segundo Steinbruch, a intenção é seguir utilizando fundos imobiliários. A empresa planeja aumentar a captação de forma restrita no início de 2021 e, até o final do ano que vem, fazer a distribuição pública do fundo, abrindo espaço para qualquer investidor comprar cotas em torno dos R$ 100.

A Yuca também deve captar investimentos no início de 2021, após ter levantado US$ 6 milhões em rodada liderada pelo Monashees.

Os valores serão usados para expansão da infraestrutura da startup, que hoje tem 70 pessoas. Em seis meses, a meta é duplicar a equipe. Novas cidades, porém, estão longe dos planos. Segundo os sócios, ainda há muito o que explorar em São Paulo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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