Caso Americanas impacta seguro de crédito no Brasil
fevereiro 20, 2023A recuperação judicial da Americanas abriu caminho para que credores acionem o chamado seguro de crédito, modalidade que garante a cobertura de pagamento dos recebíveis de transações comerciais a prazo das vendas B2B. O mercado de seguros estima que essas apólices somam entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões em risco segurado, trazendo sinistros de proporções inéditas em todo o mundo.
“Este mercado tem prêmio anual de cerca de R$ 800 milhões, considerando os dados de 2022 e só com um caso vai pagar de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões”, aponta Caio Lhano, gerente de crédito e seguro paramétrico da consultoria de riscos e corretora Marsh Brasil. “É um impacto muito grande”, reforça ao lembrar que existe toda uma estrutura de resseguro, que pulveriza esse impacto.
Nos últimos anos, o setor reportou forte crescimento. Não só pelo aumento na demanda pelo produto, mas também pela alta da inflação e dos preços das commodities, que também favoreceram o desempenho do faturamento segurado.
Para se ter uma ideia, o setor registrou expansão de 21% em 2022 na comparação com o ano anterior.
“Podemos dizer que o mercado de seguro de crédito se divide entre antes e depois desses eventos. A partir desses casos, acendeu um sinal de alerta para a necessidade de estar protegido para situações imprevistas. O seguro de crédito deve ser contratado para proteção de eventos inesperados, assim como os demais seguros que existem”, diz Rosana Passos de Pádua, CEO da Coface Brasil.
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“O custo do seguro de crédito não depende de um único fator, mas de uma conjunção de variáveis. Por exemplo o faturamento do segurado, os países para os quais o potencial segurado vende e o setor de atuação”, complementa.
De acordo com Lhano, o caso Americanas caminha para ser o maior em seguro de crédito do mundo e a tendência é que as seguradoras passem a olhar de maneira mais criteriosa para a análise deste produto.
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Renan Silva, professor de Economia do Ibmec Brasília, destaca que a Americanas tem vários elementos que contribuíram para ter traumas maiores, porque é marca conhecida e antiga. “Os sócios eram bem conhecidos pelo mercado. Fornecedor acaba aumentando tolerância por não querer se distanciar de um grande player e vai construindo elemento de alto risco”, diz.
“Além disso, por se tratar de uma empresa de capital aberto, com normativo sobre transparência e divulgação de balanços, inclusive auditado, tudo isso foi desenvolvendo uma segurança com o fornecedor”, complementa Silva.
Para Raphael Miranda, do escritório Raphael Miranda Advogados, que é especializado em seguros e resseguros, a tendência agora é que este seguro passe por um estresse e muitos desafios.
“No médio prazo, o produto vai crescer muito porque outros fornecedores que não contrataram vão contratar, mas isso vai acontecer se o assunto for tratado com responsabilidade. Se os pagamentos ocorrem de forma correta o mercado segurador tem um bom caminho pela frente”, finaliza.