Campos Neto defende modelo do real digital e regulação que não atrapalhe inovação
agosto 12, 2022O Brasil deve ter uma moeda digital própria diferente de outros países, com um projeto que irá favorecer a inovação, sem prejudicar o balanço dos bancos, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta sexta-feira (12).
Segundo ele, a regulação é um passo importante, mas deve ser focada em dar transparência para o mercado, com o risco de afastar investidores para um mercado não regulado e tirar oportunidades do Brasil com novas tecnologias, citando como exemplo a área de Finanças Descentralizadas (DeFi).
“Em geral, os banqueiros centrais querem regular com mão pesada. Eu entendo, mas não concordo. Talvez seja um erro regular assim […] Não devemos deixar para trás os avanços tecnológicos que vão vir com isso”, disse Campo Neto durante o debate “A regulamentação das Criptomoedas no Brasil e no mundo”, promovido pelo Escritório Figueiredo & Velloso Advogados.
“Eu quero integrar o mundo digital com o mundo regulado, fazer diferente do que os outros BCs estão fazendo”, completou.
O presidente do BC reforçou que a meta é que o real digital esteja em funcionamento em 2024 e que o grande desafio desse projeto é o entendimento com o resto do mundo: “Se cada país fizer uma moeda diferente, vamos continuar no mesmo sistema de hoje, que não é eficiente”.
Sobre o modelo brasileiro, Campos Neto explicou que os bancos nacionais poderão emitir stablecoins para reduzir o risco de faltar dinheiro para executar operações de crédito, algo que Fábio Araújo, coordenador do projeto do real digital, explicou essa semana em evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
“Se alguém quiser, na liquidação, converter essa stablecoin em uma moeda emitida pelo BC, vamos garantir que toda stablecoin seja transformada em um para um em uma moeda digital”, explicou o presidente do BC nesta sexta.
Participando do mesmo evento, o novo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, também reforçou o papel da autarquia em criar uma regulação que não seja invasiva ao mercado cripto.
Segundo ele, a CVM já criou um parecer de orientação, que está em fase de revisão, que será utilizado para ajudar o mercado e dar maior segurança enquanto uma lei não for aprovada no Congresso. “Proibir uma revolução não é algo que faremos”, disse ele sobre o crescimento das criptos.
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