Braskem (BRKM5) tem trimestre fraco, mas já esperado, e atenção se volta para possível venda de participação da Novonor

Braskem (BRKM5) tem trimestre fraco, mas já esperado, e atenção se volta para possível venda de participação da Novonor

maio 9, 2023 Off Por JJ

A Braskem (BRKM5) divulgou na noite desta segunda-feira (8) seus resultados do primeiro trimestre de 2023, que vieram sem muito brilho, o que, contudo, já era esperado por analistas. Os destaques, então, ficaram para os comentários de executivos sobre a possível venda de uma fatia da companhia.

A Novonor, antiga Odebrecht, confirmou na véspera que recebeu uma proposta não vinculante para comprar sua participação na empresa, correspondente a 50,1% do capital votante, da Adnoc, companhia dos Emirados Árabes Unidos.

A Petrobras (PETR3;PETR4), que divide com a Novonor o controle da Braskem, , com 47% do capital votante, tem a opção de recusar a oferta ou não, além de também poder executar um tag along – ou seja, vender sua participação na mesma leva.

“No caso de venda da Braskem, hoje temos um acordo de acionistas entre Novonor e Petrobras, além do estatuto que regula a companhia, e somos do Nível 1 de Mercado. Em uma mudança de controle, nós garantimos 100% de tag along para ações ON e PN”, explicou a diretora de relações com investidores (RI), Rosana Avolio. “Mas é um assunto dos acionistas. Nós não temos nenhum tipo de poder nesse contexto”.

Ao serem indagados sobre um possível fatiamento, no caso da compra sair do papel, os executivos explicaram que há diversos ganhos operacionais ao se manter a companhia como está. Caso de compra de matérias-primas mais em conta, troca de conhecimento entre as unidades, escala e operação coordenada.

De qualquer forma, os executivos afirmaram que seguirão comprometidos com as mudanças que estão em curso na petroquímica, com foco em plásticos verdes e em renováveis.

“Tudo isso está focado no grande vetor da administração, que é criar valor para os acionistas. Está completamente desagregado com qualquer proposta de compra ou venda. Uma movimentação não afeta nossa estratégia quando o assunto é futuro”, apontou Roberto Bischoff, diretor executivo (CEO) da Braskem. “Estamos focados na implementação da nossa estratégia, a compra é uma agenda dos acionistas”, completou Avolio.

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Do lado operacional, os executivos ainda veem os spreads pressionados no curto prazo, apesar de uma tendência de melhora. A empresa, no primeiro trimestre, viu um avanço de margens, com recuo das principais matérias-primas, mas ainda tem dúvidas quanto à demanda, de olho na China, e acompanha a entrada de algumas capacidades no mercado.

A pressão, contudo, criou dúvidas quanto à alavancagem da empresa. Medida pela relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), o múltiplo da companhia fechou março em 4,1 vezes, ante 2,6 em dezembro.

“Mantemos as agências de rating próximas, é algo importante. Dito isso, as agências conhecem bastante as dinâmicas de ciclo. É comum a alavancagem responder a isso”, explicou a diretora de RI. “A alavancagem pesa, mas há uma discussão em volta do ciclo, mas há outras agendas importantes. Uma delas é projeção futura. Quando olhamos a expectativa futura, vemos um curto prazo com mais incerteza, com melhora do spread dependente da economia global e de maior racionalização da indústria. Mas, a partir do ano que vem, vemos menor entrada de oferta acontecendo”.

Analistas falam em trimestre fraco, mas já esperado

Quanto aos números trazidos pela companhia, analistas não destacaram muitas surpresas.

“Trimestre fraco, como esperávamos. O Ebitda recorrente reportado chegou a US$ 205 milhões, 13% abaixo de nossa estimativa e abaixo do consenso de US$ 238 milhões do mercado. O fraco resultado foi em grande parte impulsionado pelos fracos spreads petroquímicos, parcialmente compensados pelos preços mais baixos do etano na instalação do México”, diz a equipe do Bradesco BBI.

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Eles chamaram atenção também que o fluxo de caixa foi negativo em US$ 646 milhões, por conta da operação debilitada e pelo capital de giro.

“O Ebitda recorrente bateu nosso consenso, enquanto o fluxo de caixa negativo ainda prejudicou os resultados”, avalia o time do JP Morgan. “A Braskem registrou Ebitda consolidado de R$ 1,1 bilhão, 29% acima de nossa estimativa de R$ 826 milhões, principalmente em spreads mais fortes do que o esperado no Brasil e nas regiões dos EUA e Europa. O México foi um fracasso. Mesmo com o EBITDA mais alto, o FCF (cálculo do JPM) ficou negativo em R$ 2,5 bilhões devido à maior demanda de capital de giro”.

O Bank of America e o Citi, por fim, mencionam que esperam que os spreads devem, em breve, ficar mais saudáveis.

“Embora as perspectivas para os spreads de petroquímicos continuem desafiadoras, especialmente para polietileno (PE) e polipropileno (PP), que juntos respondem por cerca de 65% da receita da Braskem, esperamos alguma recuperação ao longo de 2023 e 2024”, fala o BofA. “Apesar do cenário macroeconômico ainda desafiador, foi possível ver uma recuperação lenta no primeiro trimestre”, disse o Citi.

As ações preferenciais série A da Braskem, por volta das 13h, operam com leve alta de 0,24%, negociadas a R$ 25,36.