Bolsa chega a superar os 123 mil pontos com IPCA-15 e “efeito China”: entenda como esses fatores impulsionaram o mercado

Bolsa chega a superar os 123 mil pontos com IPCA-15 e “efeito China”: entenda como esses fatores impulsionaram o mercado

julho 25, 2023 Off Por JJ

O Ibovespa chegou a superar os 123 mil pontos na máxima da sessão desta terça-feira (25), com uma alta de 1,37%, a 123.009 pontos. Às 12h40 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira amenizou fortemente os ganhos, mas ainda seguia com um desempenho positivo, de 0,67%, a 122.158 pontos, em meio aos dados do IPCA-15 de julho, divulgados nesta manhã pelo IBGE.

Ele fortaleceu a expectativa de que o Brasil pode passar por um recuo dos juros em 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no início do próximo mês.

Na esteira dos dados, as taxas dos contratos futuros de juros passaram a precificar chances majoritárias – 66% – de o Banco Central cortar a Selic neste percentual em agosto, com os 34% restantes prevendo ajuste menos intenso, de 0,25 ponto.

Leia mais: Opções do Copom na Bolsa já apontam aposta majoritária em queda na Selic de 0,5 p.p. na reunião de agosto

As taxas dos DIs para 2024 perdem seis pontos-base, negociadas a 12,64%, e as dos para 2025, 11 pontos, a 10,59%. Os rendimentos dos contratos para 2027 e 2029 recuam 8,5 e sete pontos, a 10,08% e a 10,46%. Os DIs para 2031 pagam 10,69%, com menos quatro pontos.

A prévia da inflação do sétimo mês do ano teve leitura de queda de 0,07%, contra projeção de recuo de 0,01% do consenso.

“A deflação veio melhor do que a nossa expectativa e da do mercado. Além disso, o índice foi benigno também na composição, ao se abrir o número. Com isso, uma expectativa de baixa 50 pontos da Selic na próxima reunião do Copom [Comitê de Política Monetária], no dia 2 de agosto, ganha força”, fala Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.

 

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O índice, de acordo com Costa, trouxe descontos com o bônus de Itaipu e dos estímulos do governo para eletrodomésticos e automóveis. Na parte de serviços, o núcleo de serviços desacelerou, o que “é uma boa notícia”.

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“O indicador é o último oficial a ser publicado antes de o Banco Central ter sua reunião. Então é um elemento importante na avaliação da autoridade monetária de como está o processo de inflação no Brasil, obviamente”, complementa o especialista da Monte Bravo.

Entre as maiores altas do Ibovespa ficam, justamente, empresas ligadas ao mercado interno. As ações ordinárias da Magazine Luiza (MGLU3) avançam 5,32%, as da EzTec (EZTC3), construtora, 5,66% e as preferenciais da Alpargatas (ALPA4), 4,76%. Os papéis ordinários da Via (VIIA3) ganham 5,37%. As ações do setor doméstico acabam sendo mais impactadas uma vez que um corte mais forte nos juros estimula a economia, além de impulsionar a Bolsa no geral, sendo um dos catalisadores esperados para o mercado brasileiro neste segundo semestre.

“Os dados corroboram com a nossa visão de um corte de 50 pontos na próxima reunião, o que já tínhamos falado na carta mensal, e de 11,25% no final do ano”, corrobora  Andrea Damico, sócia e economista-chefe da Armor Capital.

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Conforme destaca a Levante Corp, a pergunta é até que ponto essa baixa do IPCA-15 vai prosseguir ao longo do ano, e qual sua capacidade de influenciar as decisões futuras do Comitê de Política Monetária (Copom).

“A avaliação preliminar é que as notícias são positivas – toda convergência da inflação para a meta é positiva – mas será preciso observar o comportamento do índice nos próximos meses para saber se essa baixa é pontual ou se está em uma tendência mais consistente”, avalia a casa, o que, consequentemente, pode se traduzir em mais ganhos para o Ibovespa.

Mirella Hirakawa, economista-sênior da AZ Quest, avalia, por sua vez que, ainda que o IPCA-15 de julho tenha registrado queda maior que a esperada, o número não deve ser suficiente para que o Copom inicie um ciclo de cortes de juros mais agressivo.

Ou seja, ainda há uma divisão do mercado, ainda que a princípio, as notícias sejam positivas para a Bolsa.

Fora o IPCA-15 e companhias do mercado interno, o Ibovespa nesta terça também tem ajuda para subir das companhias exportadoras de commodities, após a China anunciar estímulos aos setor imobiliário. As ações ordinárias da CSN ganham 5,98%, as da CSN Mineração (CMIN3), 3,70% e as da Vale (VALE3), 3,65%, todas repercutindo a alta de 1,36% do minério de ferro em Dalian, com a tonelada negociada a US$ 119,94.

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“Terminou a reunião do órgão mais voltado à economia do Partido Comunista Chinês e agora vamos ter uma sequência de anúncio de medidas. O overnight, por lá, foi favorável. As Bolsas subiram mais de 3% na China”, contextualiza Costa.

Em Nova York, investidores seguem um pouco cautelosos – uma vez que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deve, amanhã, aumentar a fed funds em 25 pontos-base, para o intervalo de 5,25% e 5,5%. Apesar de a alta ser consenso, investidores aguardam as sinalizações da autoridade monetária da maior economia do mundo.

Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq têm altas de, respectivamente, 0,03%, 0,09% e 0,37%.

“O comitê do Federal Reserve é o mais importante hoje de política monetária. Eles definem qual vai ser a política de juros nos Estados Unidos, que é a principal economia do mundo e que influencia diretamente no dólar, que é a principal moeda de troca”, expõe Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

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