Biblioteca Epiphanio Dória disponibiliza acervo em braille

Biblioteca Epiphanio Dória disponibiliza acervo em braille

abril 8, 2021 Off Por JJ

A Biblioteca Epiphanio Dória tem um acervo de 424 títulos em Braille; 85 em fonte ampliada e 675 títulos em formato acessível MP3. (Foto: Ascom/SEDUC)

Localizada na rua Vila Cristina, no bairro Treze de Julho, em Aracaju, a Biblioteca Epiphanio Dória tem um acervo de 424 títulos em Braille; 85 em fonte ampliada e 675 títulos em formato acessível MP3. “Nós temos um acervo impresso em braille de aproximadamente 400 obras, tanto de temas adultos quanto de temas para o público infantojuvenil. São romances, livros históricos, pedagógicos, e um acervo em audiolivro de aproximadamente 600 títulos. Então, juntando tudo, esse acervo é muito rico e serve como base para as pessoas virem fazer pesquisas”, explicou a professora responsável pelo acervo em braille, Anatércia Silva Santos.

Em um dos livros disposto na estante da biblioteca, conta-se que o Dia Nacional do Sistema em Braille é uma homenagem a José Álvares de Azevedo, primeiro brasileiro a aprender a escrita braille. O sistema é um processo de escrita e leitura baseado em 64 símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos dispostos em duas colunas de três pontos cada. Pode-se fazer a representação tanto de letras, como de algarismos e sinais de pontuação.

Ao nascer cego, José Álvares obteve muito apoio dos pais ao estudar no Instituto Real dos Jovens Cegos, em Paris, quando voltou para o Brasil e difundiu a escrita e leitura em braille. É em homenagem ao dia de seu nascimento que 8 de abril é lembrado como o Dia Nacional do Sistema Braille. José Álvares de Azevedo é considerado patrono da educação de pessoas com deficiência visual no Brasil. A data propõe a reflexão e conscientização da população sobre as demandas desse grupo em busca de inclusão e acesso à educação.

Ainda na biblioteca, o acervo em braille é composto de material com fonte ampliada para pessoas com baixa visão, a fim de proporcionar um conforto visual durante a leitura; livros com contornos em braille nos animais; com textura; e audiolivro com descrição de imagem em formato MP3. Anatércia destaca que as tipificações dos materiais são necessárias porque existem graus de deficiência visual, de modo que o material tem de se adequar a cada pessoa. Para alimentar o acervo, a Biblioteca Pública Epiphanio Dória mantém parceria com a Fundação Dorina Nowill e com o Instituto Benjamin Constant.

Os títulos disponíveis são variados. Nas estantes é possível encontrar obras da autora sergipana Wilma Ramos, autores nordestinos, como Jorge Amado e Graciliano Ramos; clássicos de Monteiro Lobato, além da literatura estrangeira, a exemplo da série de livros do personagem Harry Potter. Com a pandemia do novo coronavírus tudo mudou, mas a equipe da biblioteca desenvolveu o projeto intitulado “Pontos para Leitura”, que consiste no empréstimo de livros em braille para pessoas com deficiência visual residentes no município de Aracaju.

“A pessoa faz o cadastro pelo WhatsApp, a gente pega todos os dados e leva à residência da pessoa para que seja possível um momento de leitura e interação em casa, como uma atividade diferenciada”, explicou Anatércia, ressaltando que a ideia é evitar a locomoção fora do espaço familiar das pessoas com deficiência visual, cuja habilidade tátil é essencial ao sair para a rua, e que no cenário atual de avanço da covid-19, aumenta-se o risco de contaminação.

Diante do aprofundamento da tecnologia ao desenvolver equipamentos e ferramentas que proporcionam o acesso de pessoas com deficiência visual a diversos conteúdos, e o avanço da legislação brasileira para a acessibilidade, Anatércia destaca que ainda é urgente acreditar nas potencialidades das pessoas com deficiência visual. “É preciso melhorar o acesso físico aos espaços, como ônibus, tornar as ruas mais transitáveis para essas pessoas, a fim de que elas tenham autonomia plena para ir e vir”, concluiu.

Fonte: Ascom/Seduc