Balanço da Movida (MOVI3) divide analistas: bom resultado operacional, mas com aumento de despesas financeiras
agosto 2, 2022A Movida (MOVI3) divulgou no fim da noite desta segunda-feira (2) seu balanço do segundo trimestre de 2022. Os resultados dividiram especialistas, com os ganhos operacionais avançando mas, ao mesmo tempo, com a companhia tendo mais gastos com dívidas.
“A Movida apresentou bons resultados no segundo trimestre, apesar de estritamente em linha com nossas estimativas, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 905 milhões, alta de 5% na base trimestral”, comenta a XP Investimentos, em relatório.
Os analistas da corretora, Pedro Bruno e Lucas Laghi, destacam, do lado positivo, o crescimento do segmento de aluguel, com as receitas de rent a car (RAC) e da gestão e terceirização de frotas (GTF) crescendo, respectivamente, 7% e 11% na base trimestral.
Além disso, a venda de seminovos, com a Movida vendendo 48% a mais destes carros na base anual e com preço 22% mais alto, indica, segundo eles, “mais disponibilidade de carros novos pelas montadoras” – lembrando que as companhias de aluguel de carros vinham evitando vender carros por conta da falta destes no mercado.
Do outro lado, no entanto, a XP aponta que a companhia viu as despesas financeiras crescerem 39% na base trimestral, o que “impactou o lucro líquido”, com a dívida líquida crescendo e as taxas de juros mais altas impactando as parcelas. Além disso, os gastos com depreciação também aumentaram, pelo fato de a companhia ter segurado mais a revenda de frota em meio aos problemas de linha de produção das montadoras.
O Itaú BBA vai no mesmo caminho. “Os resultados da Movida foram marcados por uma surpresa positiva na divisão de gestão de frotas, com tarifas crescentes e volumes sólidos, enquanto o negócio de Rent-a-Car viu melhorar as taxas de ocupação”, abrem os analistas Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Luiz Capistrano.
Para eles, o crescimento do Ebitda nos últimos doze meses permitiu a Movida manter uma alavancagem estável. “O resultado, no entanto, ficou aquém das nossas estimativas, principalmente devido à margem abaixo do previsto nos segmentos RAC e Seminovos, combinada com resultados financeiros pressionados”, pontuam.
A receita líquida consolidada cresceu 17% no trimestre e 91% no ano, em linha com ase expectativas do banco, mas a margem Ebtida ficou 2 pontos percentuais abaixo do esperado, com a queda das margens de seminovos e de RAC, com maiores gastos com manutenção.
Apesar da alta das dívidas, o Itaú BBA destaca, por fim, que o spread entre o retorno sobre o capital investido (ROIC, na sigla em inglês) e o gasto com juros caiu 0,5 ponto percentual.
Por fim, o Credit Suisse definiu que “o resultado da Movida traz sentimentos misturados”.
Do lado positivo, segundo o banco suíço, a companhia aumentou sua frota em cerca de 15 mil carros no trimestre e superou ligeiramente as estimativas para o Ebitda dos segmentos de aluguel (R$ 700 milhões, número 2% maior do que o consenso do banco).
“No lado negativo, a combinação de margens de Seminovos caindo mais rápido do que prevíamos e altas despesas financeiras líquidas resultaram em um lucro líquido menor sequencialmente e em perda de lucros”, comentam.
Para o futuro, o Credit Suisse vê a Movida aumentando ainda mais sua frota, pelo fato de a maioria dos carros ter sido adicionado no final de junho. “Acreditamos que o terceiro trimestre deve decolar em maior escala, levando a um sólido crescimento de volumes”, pontuam. “Esperamos, porém, também quedas mais acentuadas das margens com Seminovos”
De acordo com os analistas, o valor contábil médio da venda de um carro foi de R$ 52 mil entre abril e junho e o preço médio de compra de R$ 83 mil no terceiro trimestre do ano passado, de R$ 83 mil. “Achamos improvável que esses carros mais caros já estejam sendo vendidos. Quando começarem, ainda este ano, principalmente no segmento RAC com menor idade nos carros vendidos, as margens dos Seminovos poderão sofrer um impacto”, explicam.
A XP e o Itaú BBA têm, ambos, recomendação de compra para as ações ordinárias da Movida, com preços-alvos definidos em R$ 26 – prêmio de 100% em relação ao preço de fechamento da véspera. O Credit Suisse está neutro em relação às ações, com preço-alvo de R$ 16, potencial de alta de 23%. Nesta terça, às 14h25 (horário de Brasília), a ação MOVI3 avançava 0,61%, a R$ 13,09.
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