A retomada virá para todos? As ações e os setores para ficar de olho na temporada de resultados do 3º trimestre
outubro 20, 2020
SÃO PAULO – Depois da tempestade, a bonança? A temporada de resultados do terceiro trimestre de 2020, que começou na última terça-feira (15) com a CSN (CSNA3) apresentando números fortes, dará mais sinais para os investidores se essa afirmação se aplica ao cenário atual.
Após um segundo trimestre bastante desafiador, em que o Produto Interno Bruto (PIB) teve uma queda de 9,7% – o que acabou se refletindo no resultado de vários setores – a expectativa é de uma melhora nos números entre julho e setembro em relação a abril e junho – mas ainda distantes na comparação com 2019.
Conforme destaca a XP Investimentos citando compilação da Bloomberg, o consenso de mercado espera uma queda de 15% no lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) para as empresas do índice Ibovespa no trimestre na base anual e uma queda de 60% no lucro líquido na mesma base de comparação.
Contudo, vale ressaltar: no segundo trimestre de 2020, o mais impactado pela pandemia, o mercado esperava uma queda de 73% no Ebitda. Os resultados vieram melhores que o esperado, com uma queda de “apenas” 26,5% – ou seja, mesmo no período mais impactante para o PIB, os números não vieram tão ruins.
Agora, os indicadores econômicos referentes ao terceiro trimestre apontam para uma retomada significativa, com os analistas também avaliando que isso se reflita nos resultados das empresas brasileiras. Mas, “sem dúvidas, a pandemia afetou os segmentos da economia de maneiras diferentes e esperamos que alguns setores se destaquem em relação a outros nessa temporada”, avalia a equipe de análise.
De um modo geral, a expectativa é de que empresas do mesmo setor da CSN, de siderurgia e mineração, registrem bons resultados, em meio à alta do minério de ferro em 30% na base trimestral; para a Vale (VALE3), a expectativa é de um terceiro trimestre positivo, impulsionado por maiores preços e vendas de minério de ferro. A mineradora já divulgou relatório de produção na última segunda-feira, que atingiu 88,7 milhões de toneladas no trimestre, aumento de 2,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, mas um salto de 31,2% ante o segundo trimestre. Já as vendas de minério de ferro atingiram 65,77 milhões de toneladas, queda de 11,2% na comparação com o terceiro trimestre de 2019 e aumento de 20,4% ante o segundo trimestre.
A Petrobras (PETR3;PETR4) também deve ter resultados sequencialmente melhores com a alta de 6,6% da produção de petróleo e o avanço de 30% do brent no período.
Também entre os destaques positivos, estão as empresas do setor de proteína animal, com destaque para a forte demanda chinesa. Ambev (AMBEV3) também deve registrar um aumento nas suas vendas, mas os custos mais altos e a sustentabilidade da demanda seguem sendo fatores a serem observados de perto pelos investidores.
No varejo, o e-commerce deve seguir mostrando a sua força, apesar de registrar alguma acomodação com a retomada das lojas físicas. Para os demais segmentos varejistas, como de moda, a expectativa é de uma certa normalização dos resultados, com gradual recuperação de vendas do varejo físico dada a reabertura das lojas. Também entre aqueles com recuperação gradual, ainda que longe de terem recuperação total, estão os bancos.
Na construção civil, XP, BofA e Credit esperam resultados fortes, o que já aparecem nas prévias operacionais divulgadas por algumas companhias.
Já entre os destaques negativos, a XP avalia que os setores de energia elétrica e de distribuição de combustíveis tenham sido impactados pela crise, assim como as empresas de saneamento.
Nos primeiros dias, a temporada de resultados não será tão movimentada, mas algumas empresas já chamarão e muito a atenção do mercado. Já nesta semana, mais precisamente na manhã do dia 21 de outubro, a Weg (WEGE3), companhia cuja ação é a maior alta do Ibovespa no ano (+138,65%), divulgará seus números.
O Itaú BBA aponta que, após resultados surpreendentes no segundo trimestre, a expectativa é também de números fortes para a Weg entre julho e setembro, possivelmente incluindo resultados trimestrais recordes de receita (alta de 33% em termos anuais), Ebitda (alta de 42,9% em termos anuais) e lucro líquido (alta de 37,6% em termos anuais).
“Os resultados da empresa no segundo trimestre nos mostraram a resiliência dos produtos de ciclo longo no Brasil e no exterior, juntamente com um cenário cambial benigno e ajustes operacionais efetivos. (…) Acreditamos que as tendências operacionais positivas registradas no 2T20 persistirão no 3T20, e estimamos uma recuperação em forma de “V” para os produtos de ciclo curto (principalmente no Brasil) com base na declaração da Weg de que as encomendas destes produtos haviam se recuperado gradualmente ao longo do segundo trimestre e devem continuar durante o terceiro”, avaliam.
Confira abaixo os setores para ficar de olho:
Bancos: melhora após semestre de altas provisões
Após dois trimestres com altas provisões por conta das provisões por conta do coronavírus, a expectativa é de que os bancos registrem resultados positivos neste terceiro trimestre, com lucros maiores e queda no custo de risco, na avaliação de analistas do setor.
Para o UBS BB, esse movimento de custo do risco de crédito deve acontecer principalmente para o Bradesco (BBDC3;BBDC4) e para o Santander Brasil (SANB11). Na avaliação de Thiago Batista, Olavo Arthuzo e Philip Finch, analistas do banco, o custo de risco que atingiu 6% em média no segundo trimestre de 2020 para os bancos de grande capitalização deve cair para 5% – ainda que, vale lembrar, bem acima do custo normal de 3,5% registrado em 2019.
Já a medida de rentabilidade, o retorno sobre o patrimônio (ROE) deverá ter alta de 13,3% no segundo trimestre para 14,5%, enquanto o lucro por ação deverá subir 16% na base de comparação com o trimestre anterior — mesmo que ainda com baixa de 24% na comparação anual.
O índice de inadimplência também seguirá sobre controle: o programa de alívio de crédito levou a uma redução artificial dos índices, sendo que parte deles deve vencer no trimestre, mas ainda sem impacto sobre a inadimplência de 90 dias. Contudo, apontam, ainda poderá haver alguma deterioração antecipada no índice de inadimplência antecipada (entre 15 e 90 dias de vencimento), especialmente no negócio de varejo.
Além das provisões, o Itaú BBA avalia que melhores receitas com taxas de serviços, esforços de corte de custos e um portfolio de empréstimos marginalmente melhor deve levar a uma melhoria dos resultados.
“Sobre os custos, os bancos devem reforçar seus compromissos de redução nos próximos anos, por meio de iniciativas como otimização de agências, programas de demissão voluntária e adoção permanente do trabalho remoto. Finalmente, esperamos ver o ponto de inflexão no aumento da demanda por empréstimos às famílias e uma desaceleração nos empréstimos corporativos, o que deve aliviar a pressão sobre a margem líquida de juros dos bancos a partir do quarto trimestre”, avaliam os analistas.
Já o Credit Suisse, também com visão positiva sobre os bancos, avalia que o crescimento da receita líquida de juros deva permanecer pressionado como resultado de (i) mudança do portfolio para produtos de menor rendimento e (ii) desaceleração sequencial (normalização) nos resultados de tesouraria. “No total, esperamos que o ROE agregado aumente 198 pontos-base na base trimestral, para 14,2% em relação ao trimestre anterior, de 12,2%”, apontam.
A expectativa do Credit é de que o Banco do Brasil (BBAS3) entregue um lucro líquido de R$ 3,727 bilhões, alta de 13% na comparação trimestral, representando um ROE de 13,1% (alta de 117 pontos-base na comparação trimestral). Para o Bradesco, a projeção é de um lucro líquido gerencial de R$ 4,852 bilhões, alta de 25% na comparação trimestral e um ROE de 14,1% (alta de 244 pontos-base). O Itaú (ITUB4) deve lucrar R$ 4,877 bilhões, alta de 16% na comparação trimestral, com um ROE de 15,2% (alta de 174 pontos-base). Por fim, para o Santander Brasil, a projeção do banco suíço é de uma alta de 29,5% no lucro na base trimestral, a R$ 2,68 bilhões, com um ROE de 14,4% (alta de 258 pontos-base).
Petrobras: resultados significativamente melhores
No caso de Petrobras, a XP acredita que os resultados deverão ser significativamente melhores em relação ao trimestre passado, refletindo o aumento da produção de petróleo de 6,6% na comparação com o segundo trimestre e os preços 30% mais altos de petróleo brent (US$ 43,3 o barril no terceiro trimestre versus US$ 33,3 o barril no segundo trimestre).
Soma-se a isso ainda uma maior taxa de utilização do parque de refino, estimada em 83% com base nos dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis. A expectativa é de que a Petrobras registre um prejuízo líquido de R$ 724 milhões no terceiro trimestre, uma piora ante um lucro de R$ 9,09 bilhões do mesmo período de 2019, mas 73,3% menor frente o prejuízo no segundo trimestre de 2020, de R$ 2,71 bilhões.
Enquanto isso, a receita líquida projetada para o trimestre é de R$ 68,08 bilhões, 11,6% abaixo na base anual, mas 33,8% superior frente o reportado no segundo trimestre.
Já no segmento de distribuidoras de combustíveis, na avaliação da XP, os resultados ainda refletirão os impactos da crise da Covid-19, devido à redução no volume de vendas, principalmente no consumo de combustíveis do ciclo otto e querosene de aviação, embora observe que a demanda por diesel apresentou maior resiliência.
O Credit Suisse, por sua vez, ressalta que, depois de um trimestre bastante turbulento, o setor deve entregar bons resultados, com destaque para BR Distribuidora (BRDT3), já que as margens refletem os benefícios dos esforços que a companhia teve em controle de gastos após a privatização. Ipiranga – da Ultrapar (UGPA3) – e Raízen – joint venture entre a Shell e a Cosan (CSAN3) -, por outro lado, devem permanecer abaixo das margens embutidas no consenso para 2021, mesmo entregando uma melhoria significante no trimestre. Ultrapar e Cosan devem registrar boas noticias, já que o restante dos seus portfolios entregarão resultados robustos para o trimestre, projeta o banco suíço.
Vale e siderúrgicas em destaque, papel e celulose sem brilho
Com a economia global se recuperando do choque inicial provocado pelo Covid-19, a rapidez da recuperação do setor de materiais básicos de América Latina tem surpreendido positivamente e batido as maioria das expectativas do mercado, conforme avalia o Credit Suisse.
O primeiro resultado do setor foi positivo, com a CSN divulgando na quinta que reverteu prejuízo de R$ 871 milhões registrados no terceiro trimestre de 2019 em um lucro líquido de R$ 1,262 bilhão. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado atingiu R$ 3,506 bilhões no terceiro trimestre de 2020, avanço de 124% ante o mesmo período do ano passado.
Os analistas do Credit veem o setor de aço entregando o crescimento de lucros mais significativo da nossa cobertura, impulsionadas por uma recuperação forte na demanda doméstica e aumento de preço.
Semelhante, as companhias expostas a minério de ferro, o cobre também deve se beneficiar de um preço mais alto da commodity já que a atividade econômica na China tem sido bem forte nos últimos meses, avaliam os analistas.
Na sequência da CSN, Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) também devem reportar resultados robustos apoiados por uma melhora sequencial em resultados e preço, avaliam.
Em mineração, a preferência é pela Vale, com o aumento dos embarques junto com o aumento do preço de minério de ferro e custos mais baixos resultando em um Ebitda significantemente mais alto.
Enquanto isso, o dólar quase estável no período, o preço da celulose mais baixo (US$ 445 a tonelada, 4,8% abaixo do trimestre anterior) e a temporada mais fraca para a demanda pela commodity devem levar a lucros mais baixos para as companhias do setor, impactando Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3). O mercado estará atento ainda a potenciais paralisações e seus impactos sobre os volumes de vendas e custos.
Já para a Duratex (DTEX3), os analistas do Bradesco BBI apontam: prepare-se para um Ebitda recorde no terceiro trimestre, com expectativa de chegar a R$ 395 milhões no terceiro trimestre, versus R$ 119 milhões no segundo trimestre e R$ 238 milhões no terceiro trimestre de 2019.
Construtoras: resultados sólidos
A Duratex, por sinal, tem sua demanda bastante relacionada à atividade do segmento de construção civil que, como já mostraram as primeiras prévias operacionais do setor, deve apresentar um desempenho positivo.
Na expectativa da XP Investimentos, as incorporadoras de baixa renda apresentarão resultados sólidos no terceiro trimestre de 2020, impulsionado pela demanda resiliente por moradias populares do programa Minha Casa, Minha Vida (agora Casa Verde e Amarela), relacionada ao grande déficit habitacional, subsídios proporcionados pelo programa e concessões e medidas da Caixa Econômica Federal dada aos seus clientes durante a pandemia como carência no pagamento da primeira parcela e financiamento dos custos iniciais de aquisições e impostos.
“Para as incorporadoras de média e alta renda, esperamos uma melhora nos resultados (embora em ritmo mais lento que os de baixa renda) com retomada das vendas e lançamentos após os impactos iniciais da crise do COVID-19 no segundo trimestre”, avaliam os analistas da XP.
Também com visão positiva, o Bank of America ressalta ainda que as construtoras brasileiras começaram a reportar previsões operacionais do terceiro trimestre já superando as vendas e os lançamentos por uma ampla margem.
“As construtoras de baixa renda estão relatando vendas recordes, enquanto os lançamentos para construtoras de média-alta foram retomadas mais rápido do que o esperado. O setor imobiliário brasileiro deve apresentar uma recuperação de vários anos”, avaliam os analistas do BofA, que possuem recomendação de compra para as ações da Cyrela (CYRE3), Direcional (DIRR3) e Tenda (TEND3).
Varejo: normalização do setor, ainda com força do e-commerce
A expectativa é de que as varejistas de moda terão um trimestre marcado pela transição para a normalização de resultados, com gradual recuperação de vendas do varejo físico dada a reabertura das lojas ao longo do período.
Já para as empresas do setor de e-commerce e/ou com sólida estrutura multicanal, elas devem apresentar resultados fortes, apesar de haver alguma acomodação no crescimento do e-commerce com a retomada do varejo físico, aponta a equipe de análise da XP, que ressalta Via Varejo (VVAR3) e Locaweb (LWSA3) como os destaques positivos.
Para a Via Varejo, a estimativa da XP é de um crescimento de vendas no conceito mesmas lojas de 1% na base de comparação anual (versus queda de 2,2% no terceiro trimestre de 2019 e baixa de 63,0% no segundo trimestre) enquanto a operação online deve manter forte crescimento nas vendas totais (GMV) em alta de 235,2% na base anual, com vendas de estoque próprio (1P) em alta de 200% na base anual (versus alta de 311% no 2T20) e um crescimento de alta de 170% na comparação anual no marketplace (3P) (versus alta de 180% no segundo trimestre). A XP também espera uma melhora na rentabilidade, com expansão de margem Ebitda ajustada de 2,3 pontos percentuais.
Já para o Magazine Luiza (MGLU3), a expectativa é de melhora sequencial na operação de varejo físico dada a reabertura das lojas, apesar das vendas ainda serem impactadas por algumas medidas de restrição. Com isso, a estimativa é de um crescimento de vendas no varejo físico no conceito mesmas lojas de 3,7% na comparação anual (versus alta de 9,4% no terceiro trimestre de 2019 e queda de 50,9% no segundo trimestre de 2020) enquanto espera que a operação online mostre uma forte expansão de vendas totais de 98,2% na base anual.
Entretanto, espera-se uma pressão na rentabilidade, com contração de margem Ebitda de 2,7 pontos percentuais na base anual no trimestre no trimestre, resultante de uma contração de margem bruta, assim como uma retomada em investimentos pela companhia. “Por fim, esperamos que a companhia apresente um lucro líquido de R$ 94 milhões no período (baixa de 26% na comparação anual)”, apontam.
Para a B2W (BTOW3), espera-se uma dinâmica de rentabilidade muito similar ao trimestre anterior, com expansão de margem bruta, mas margem Ebitda praticamente em linha com igual período de 2019, atingindo 9,1%. A estimativa é de um prejuízo de R$ 60 milhões, uma melhora na comparação anual (prejuízo de R$ 101 milhões).
Além disso, a XP espera que as empresas de consumo básico também reportem mais um trimestre de sólidos resultados, em especial no segmento de atacado, com a retomada da demanda no segmento de serviços alimentícios (restaurantes, bares, transformadores) e resiliência da demanda por parte de consumidores pessoa física, com destaque para o resultado de Carrefour (CRFB3).
Em relação a farmácias, deve haver retomada de crescimento de vendas no conceito mesmas lojas, enquanto a margem bruta deve se beneficiar do reajuste de preço de medicamentos feito em junho.
“Esperamos ver uma significativa melhora nos resultados de varejistas cujas operações são principalmente compostas por lojas físicas, como C&A (CEAB3), Renner (LREN3) e Vivara (VIVA3) por conta da reabertura das suas lojas. Apesar de ainda esperarmos queda de vendas no conceito mesmas lojas no trimestre, acreditamos que setembro já tenha sido um mês próximo ao positivo e, portanto, uma boa sinalização para o quarto trimestre”, avaliam.
Alimentos e bebidas: onde estão as oportunidades?
O Bank of America ressaltou que, no setor de frigoríficos, tem uma visão de curto prazo positiva para a BRF (BRFS3) em relação aos outros nomes, dado o espaço mais positivo para surpresas positivas no terceiro trimestre em um momentum mais positivo para a carne de frango versus a bovina. Isso em meio ao crescimento do consumo de frango com os consumidores com a busca por cortes mais baratos do que o bovino.
Contudo, os analistas seguem com recomendação de compra também para JBS, Marfrig e Minerva, ressaltando ainda a demanda estruturalmente maior da China e as margens nos EUA devendo continuar altas por um tempo prolongado, além de ressaltarem a forte geração de caixa esperada para as companhias.
Com uma visão diferente, a XP Investimentos espera desempenho positivo para frigoríficos expostos às carnes bovina e suína neste trimestre, ao passo que a carne de frango segue em um momento mais desafiador. Os frigoríficos de carne bovina no Brasil continuam sendo beneficiados por exportações fortes, sobretudo em volumes, e por um real desvalorizado frente ao dólar. Por outro lado, a alta no preço da arroba deve acelerar o processo de erosão de margens – no caso de frigoríficos de carne bovina expostos exclusivamente ao mercado doméstico, já há notícias de férias coletivas e pulos nos abates, inclusive.
Já nos EUA, após atingir picos históricos na pandemia, a margem da carne bovina também estaria passando por um momento de normalização, devendo se manter em patamares semelhantes aos do terceiro trimestre de 2019. No caso da carne suína, ela segue beneficiada por forte momento nas exportações para a China, tanto via Brasil quanto via EUA, especialmente após a imposição de restrições à exportação de carne suína vinda da Alemanha, um dos maiores fornecedores do país asiático, ressalta a XP.
Já no caso da carne de frango, o cenário doméstico segue desafiador no curto prazo, segundo a XP, a menos enquanto não houver redução significativa no alojamento, concomitantemente ao fato de que os preços em dólares das exportações seguem mais fracos na comparação anual, apesar de melhora sequencial nos últimos meses.
Com relação à bebidas, mais notoriamente Ambev entre as empresas listadas na B3, a expectativa é positiva. Em relatório bastante otimista, o Credit Suisse projeta um crescimento de 14% nas vendas de cerveja no terceiro trimestre no Brasil na comparação anual, embora os preços devam melhorar apenas no quarto trimestre. Inclusive, destacaram que o “gigante acordou” (veja mais clicando aqui).
A XP Investimentos também destaca a perspectiva de retomada da produção de bebidas alcóolicas no Brasil, que segue acelerada desde junho, mas avalia que a exposição negativa ao câmbio deve seguir pressionando as margens, apenas parcialmente compensada pelas tentativas do setor de reajuste nos preços ao consumidor. “Nas outras regiões, a retomada de bares e restaurantes deve favorecer as vendas no segmento on-premise, historicamente mais rentáveis em função do mix de produtos e embalagens, enquanto o real desvalorizado frente ao dólar e a boa performance da unidade do Canadá também deve favorecer o resultado consolidado da Ambev”, avaliam.
Energia e saneamento: dados fracos
Para a XP, do lado das distribuidoras de energia, os resultados refletirão, ainda que de maneira mais branda, os impactos da crise do COVID-19. São eles, principalmente: (1) a retração de demanda de energia para algumas distribuidoras em alguns estados, ainda que sinalizando uma recuperação em relação ao trimestre anterior e (2) o aumento potencial nas provisões para inadimplência, dependendo da abordagem contábil de cada empresa.
Quanto às geradoras, a expectativa é de que os resultados sejam impactados negativamente pela alocação sazonal no trimestre e pelo GSF (medida do risco hidrológico, refletindo a menor incidência de chuvas no trimestre). Enquanto isso, não deve haver grandes surpresas no segmento de transmissão de energia.
Já os resultados das empresas de saneamento devem ser um pouco mais fracos, dado (i) o adiamento de reajustes tarifários para todas as empresas durante o trimestre, (ii) provisões potencialmente mais altas para inadimplência e (iii) no caso da Sabesp (SBSP3), maior participação da demanda residencial no portfólio, o que implica tarifas médias mais baixas.
Confira o calendário de resultados do terceiro trimestre:
Outros setores no radar
As empresas de telecomunicações também devem registrar um melhor desempenho, na avaliação do BofA, impulsionado pela reabertura econômica. A expectativa é de que o Ebitda da Vivo (VIVT4) aumente 1% a 5% no período na comparação com o segundo trimestre (mas com baixa entre 3% e 4% na comparação anual), enquanto o da TIM (TIMP3) devA crescer entre 5% e 6% (alta de 1% na base anual).
Os canais físicos foram reabertos no terceiro trimestre, o que contribuiu para trazer novos clientes e elevar a venda de aparelhos. Para o BofA, a expectativa é de que a Vivo tenha 3,3 milhões novas linhas de comunicação sem fio, enquanto a receita relacionada a esse serviço deve crescer 3%. A TIM, por sua vez, deve perder 600 mil clientes dos serviços sem fio em função de políticas de crédito rígidas para controlar as dívidas de inadimplentes; contudo, a receita relacionada a serviços pode subir 6%.
Entre outros setores de destaque, o Morgan Stanley aponta que o agronegócio deve continuar apresentando bons resultados: “todos os produtores de açúcar, etanol e grãos devem se beneficiar de fortes volumes de exportação e também ganhar com a desvalorização das moedas locais (principalmente o Brasil)”.
Para o setor de educação, o Morgan aponta que a Afya deve apresentar os melhores resultados, seguido por Vitru e Ânima (ANIM3). No entanto, o resto do setor ainda deve enfrentar pressão sobre as receitas e margem. Para Arco e Vasta, o guidance para 2021 do ACV – uma métrica que representa o ganho anual por aluno previsto para determinado ciclo comercial – deve ser o foco principal.
No segmento de aluguel de carros, o Bradesco BBI aponta que o terceiro trimestre deve confirmar que a Movida (MOVI3), Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3) – essas duas últimas com acordo para fusão – sairão da pandemia mais rápido do que o mercado esperava. “Nossas estimativas sugerem que Localiza, Movida e Unidas estão preparadas para superar as estimativas do consenso do mercado em termos de ganhos em 54%, 43% e 18%, respectivamente”, avaliam os analistas.
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