Dos números insustentavelmente bons da SulAmérica ao salto de 10% da ação da Totvs: os resultados em destaque desta 5ª
agosto 6, 2020SÃO PAULO – A temporada de resultados contou, nesta quinta-feira, com surpresas que movimentaram os papéis de importantes companhias na Bolsa. Além do balanço do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 34,35, +3,06%) – veja mais clicando aqui – o destaque positivo no Ibovespa fica para a ação da Totvs (TOTS3, R$ 28,82, +10,85%) que disparou após a divulgação do balanço do segundo trimestre.
Por outro lado, as ações da SulAmérica (SULA11, R$ 50,88, +0,20%) tiveram um desempenho modesto, na esteira da avaliação de que os números da companhia foram muito bons, mas insustentáveis.
Confira o desempenho das ações de empresas que divulgaram resultados e as análises sobre os números das companhias.
SulAmerica (SULA11, R$ 50,88, +0,20%)
O lucro da seguradora SulAmerica subiu 91% no segundo trimestre de 2020, para R$ 498 milhões, superando as expectativas que já eram altas em meio à pandemia.
Neste período, o retorno sobre o capital investido (ROE, na sigla em inglês) foi de R$ 27%. O analista Marcel Campos, da XP Investimentos, aponta que esse resultado tem a ver com uma menor taxa de perda, uma vez que os clientes que contratam planos de saúde pararam de ir aos hospitais com temor de contrair o novo coronavírus. Desta forma, ele classificou o resultado como “insustentavelmente bom”.
Diante do desempenho da SulAmerica no trimestre, a XP elevou o preço-alvo das ações da companhia de R$ 53 para R$ 58. “O desempenho de curto prazo foi melhor que o esperado, o crescimento a médio prazo deve ser melhor apesar da deterioração da economia brasileira, esperamos concretização do negócio de P&C [propriedade e acidente na sigla em inglês] e as perspectivas de longo prazo para a seguradora melhoraram.”
Entre outros destaques, a empresa também teve aumentos no uso do seu aplicativo, nos atendimentos digitais, nas orientações via telefone e nas videochamadas com médicos.
“Embora não levemos isso em consideração em nossos modelos, nossa opinião é que essa melhoria deve ajudar a SulAmérica em seu plano a alinhar os interesses dos beneficiários, a seguradora e operadores, criando uma possível melhora no índice de sinistralidade, se bem-sucedida”, explica.
O UBS, por sua vez, notou uma queda de 120 mil no número de beneficiários, compensada por um aumento nos tickets e apontam que apesar das receitas não recorrentes com os desinvestimentos em P&C, a pandemia teve efeitos melhores que os esperados de 230 pontos-base na Relação de Perda Médica.
Para os analistas do banco, o valuation 24% descontado em relação ao Grupo Notre-Dame Intermédica tornam as ações da SulAmerica atrativas para compra.
Totvs (TOTS3, R$ 28,82, +10,85%)
Já a Totvs teve um crescimento de 11% nas suas receitas no segundo trimestre na comparação anual, atingindo R$ 627 milhões. A equipe de análise do Bradesco BBI ressalta que este foi o primeiro trimestre de integração da Totvs com a finaneira Supplier, que perdeu 19% das suas receitas devido ao impacto do coronavírus.
Para os analistas, o trimestre foi um teste de estresse para a Supplier, e a operação passou, uma vez que teve um aumento modesto na inadimplência, de 1,6% para 2%.
“Apesar de todos os desafios, a Totvs conseguiu expandir sua margem Ebitda em 220 pontos-base para 22,8%, impulsionada pelo forte avanço de 13% na receita recorrente e pelo controle de custos”, escrevem em relatório os analistas Fred Mendes, Cristian Faria e Gustavo Tiseo.
De acordo com o Bradesco BBI, o crescimento das receitas recorrentes deve voltar a patamares acima dos dois dígitos nos próximos trimestres, com mais cross-selling (venda de um produto ou serviço adicional a alguém que já é cliente) e mais vendas de licenças impulsionando as receitas de manutenção.
Os analistas Daniel Federle e Felipe Cheng, do Credit Suisse, por sua vez, consideraram o resultado como positivo e destacaram a expansão de 18% no lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) na comparação com o segundo trimestre do ano passado.
“As receitas com softwares bateram nossas estimativas em 2% graças às fortes vendas de licenças, que caíram apenas 4% na base anual”, analisam.
No entanto, o CS demonstrou preocupação com a desaceleração das receitas recorrentes orgânicas. “O crescimento orgânico desacelerou a 9,4% ano-a-ano apesar das boas vendas e baixas taxas de rotatividade, provavelmente afetado pela estratégia comercial de conceder períodos de carência maiores. Essa estratégia deve continuar levando a uma desaceleração gradual do crescimento nos próximos trimestres.”
AES Tietê (TIET11, R$ 15,37, +4,91%)
A AES Tietê registrou lucro líquido de R$ 119 milhões no segundo trimestre de 2020, avanço de 235,7% na comparação com igual período do ano anterior.
O Ebitda ficou em R$ 275,6 milhões, alta de 21,8% no comparativo anual. A receita líquida foi de R$ 475,2 milhões, queda de 2%.
No final de julho, a AES Corp adquiriu uma fatia do BNDESPar na empresa e passou a deter participação de 42,9% na AES Tietê, depois de uma disputa com a Eneva.
Conforme destaca o Morgan Stanley, o Ebitda superou as estimativas, principalmente devido aos resultados melhores do que o esperado na geração hidrelétrica, que foi impactado positivamente pela gestão ativa do Tiete de seu portfólio de energia.
O lucro líquido, que disparou no período, também foi mais forte que a estimativa do banco, principalmente devido aos melhores resultados operacionais, juntamente com os ganhos de câmbio relacionados à reavaliação de um processo referente à transferência de energia de Itaipu.
Ainda no radar da companhia, ela divulgou fato relevante afirmando que adquiriu um complexo de geração eólica da J. Malucelli Energia S.A., localizada no estado do Rio Grande do Norte.
“Temos uma avaliação positiva da transação para a AES Tietê, uma vez que estimamos taxas de retorno reais atrativas para os acionistas da companhia com base nos modelos que elaboramos para o complexo”, aponta Gabriel Francisco, analista da XP Investimentos, que reitera recomendação de compra para a unit da companhia, com preço-alvo de R$ 17 por ativo. “Notamos que nossas estimativas e preço-alvo não levam em consideração a aquisição do Complexo Eólico Ventus”, avaliam.
A operação pelas usinas eólicas no Rio Grande do Norte foi anunciada dias após a AES ter afirmado que pretendia acelerar o crescimento no Brasil. “Essa aquisição vem na hora certa e no lugar certo”, disse à Reuters a diretora vice-presidente e de Relações com Investidores, Clarissa Della Nina Sadock, ao destacar que os ativos ficam próximos da região onde a companhia já tem acordos para desenvolver projetos, o que gerará sinergias.
Braskem (BRKM5, R$ 24,10, +2,99%)
A Braskem reverteu o lucro líquido de R$ 84 milhões no segundo trimestre do ano passado em um prejuízo de R$ 2,476 bilhões entre abril e junho deste ano. O prejuízo é 32% menor que o registrado no primeiro trimestre deste ano, quando foram registradas perdas de R$ 3,649 bilhões.
A companhia informou que o prejuízo no segundo trimestre ocorreu, principalmente, por conta da provisão adicional de R$ 1,6 bilhão referente ao evento geológico de Alagoas e do impacto da variação cambial no resultado financeiro com a depreciação do real frente ao dólar.
O Ebitda recorrente atingiu R$ 1,655 bilhão no segundo trimestre deste ano, alta de 2% na comparação com o mesmo período do ano passado e 26% maior do que o primeiro trimestre deste ano (R$ 1,313 bilhão), também em função da depreciação do real frente ao dólar.
Em dólar, o Ebitda recorrente da companhia chegou a US$ 310 milhões, 5% superior ao primeiro trimestre de 2020, por conta do menor custo de matéria-prima no Brasil, dado o menor custo do estoque, além de menores despesas com vendas, gerais e administrativas no Brasil e México. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o Ebitda recorrente da companhia foi 25% inferior em dólares, em função de menores spreads no mercado internacional e menores volumes devido a covid-19, e 2% superior em reais dada a depreciação do real frente ao dólar.
A receita líquida de vendas da companhia, por sua vez, caiu 16% no segundo trimestre, para R$ 11,188 bilhões ante R$ 13,337 registrado no mesmo período do ano passado. Em relação a janeiro e março deste ano, a queda é menor, de 11%.
Em relatório, o Morgan Stanley afirmou que embora a liquidez não seja uma preocupação para a Braskem no momento, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) demonstra excesso e deve permanecer em patamar elevado até 2022.
“Os índices de alavancagem estão atingindo um nível desconfortável, com a relação dívida líquida e Ebitda subindo para 8,5 vezes”, alertou, em relatório, o banco americano.
O UBS, por sua vez, apontou que os resultados foram fracos, mas em linha com o esperado pelos analistas do banco suíço, que possui recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de R$ 28.
Em teleconferência, a companhia destacou que a alta das exportações de resinas a partir do Brasil compensou parte da queda na demanda doméstica, provocada pela crise da pandemia, ao longo do segundo trimestre. As vendas no mercado brasileiro caíram 19% na base trimestral e 15% na comparação anual, para 719 mil toneladas.
Para 2020, a expectativa é de uma queda de 6% na demanda brasileira de resinas termoplásticas, influenciada pela pandemia.
Enauta (ENAT3, R$ 11,21, -0,18%)
O lucro líquido da Enauta atingiu R$ 127,8 milhões no segundo trimestre do ano, número mais de 6 vezes (ou 526,2%) superior ao registrado em igual período de 2019.
Já a receita líquida da empresa ficou em R$ 243,8 milhões, com crescimento de 32,6% no comparativo atual. O Ebitdax (Ebitda que considera a exploração de poços secos chegou a R$ 310,4 milhões, um crescimento de 215,6%
Os analistas do Itaú BBA consideraram o resultado neutro, apontando que o Ebitdax ficou abaixo da expectativa, “em grande parte devido a um desconto acima do esperado no petróleo do campo de Atlanta”. Afirmaram ainda que os investidores devem se concentrar nas discussões sobre a implementação do Sistema de Desenvolvimento Integral em Atlanta, onde a companhia irá furar o quarto poço.
Por outro lado, o Morgan Stanley ressaltou que o Ebitdax ajustado ficou acima da expectativa dos analistas do banco em 15%, principalmente devido a uma trajetória de custo melhor que a esperada durante o trimestre.
Os analistas ressaltam, por outro lado, que os melhores resultados operacionais foram compensados por uma receita financeira menor que a esperada, além de uma taxa tributária efetiva mais alta, resultando em um lucro por ação ajustado ligeiramente abaixo da estimativa, avaliam os analistas que, contudo, destacam o resultado como sólido, possuindo recomendação overweight (exposição acima da média do mercado).
“A situação no mercado de petróleo permanece complicada, mas as ações ENAT3 tiveram um desempenho abaixo do barril brent e dos pares recentemente. Com isso, vemos um ponto de entrada atrativo para o case (…) Vemos potencial para outro pagamento de dividendos especiais, que não seriam alavancados pelos preços das commodities, mas pela sólida posição de caixa da companhia, juntamente com o pagamento da última parcela da venda do campo de Bacalhau”, avaliam.
BR Properties (BRPR3, R$ 9,95, +6,08%)
A BR Properties registrou um lucro líquido de R$ 19,9 milhões, uma queda de 65% na comparação com igual período do ano passado.
Entre abril e junho, a receita líquida da companhia foi de R$ 75,5 milhões, queda de 23% no comparativo anual. As despesas gerais e administrativas ajustadas, que excluem despesas por vacância, totalizaram R$ 14,7 milhões, leve alta de 2%. Copm isso, o Ebitda ajustada foi de R$ 52,1 milhões, queda de 27%.
Para os analistas do Itaú BBA, a atividade de arrendamento mercantil se mostrou resiliente para a empresa. “Embora tenhamos a previsão de um impacto limitado nos ganhos de curto prazo devido à Covid-19, vamos manter a recomendação neutra devido ao cenário pouco claro para os spreads de arrendamento mercantil”, avaliaram.
O Credit Suisse também decidiu manter a recomendação de neutro para as ações da BR Properties pela ausência de fatores que possam impulsionar maiores ganhos. “Nesse sentido, esperamos que a empresa continue a reportar bem, mas com desempenho à margem.”
Tegma (TGMA3, R$ 27,24, +0,44%)
A Tegma registrou um prejuízo líquido de R$ 4,36 milhões no segundo trimestre do ano, ante um lucro líquido de R$ 32,5 milhões em igual período do ano passado.
A receita líquida atingiu R$ 131,1 milhões, um recuo de 61% no comparativo anual e abaixo do esperado por analistas.
O Ebitda ajustado ficou negativo em R$ 4,7 milhões, ante positivo de R$ 17,2 milhões entre abril e junho de 2019. A margem Ebitda, que era positiva em 15,4% no ano passado, ficou negativa em 3,6%.
Conforme aponta o Itaú BBA, os resultados foram neutros, avaliando que, como esperado, o declínio substancial dos volumes transportados no trimestre prejudicou o desempenho da divisão Automotiva, enquanto a divisão de Logística Integrada, mais resiliente (mas menos representativa), superou as projeções dos analistas. No geral, os números consolidados não ofereceram surpresas relevantes, apontam.
Os analistas do banco seguem com recomendação outperform para os ativos, com preço-alvo de R$ 30 por ação. “Apesar do impacto previsto no desempenho da divisão automotiva em 2020, as eficientes operações da Tegma anteriores à pandemia aumentam nossa confiança na recuperação dos negócios. A base baixa de comparação trará um próximo ano de crescimento sólido e uma maior variação de capital de giro”, avaliam.
Eles preveem uma melhora operacional contínua e necessidades de baixo investimento da Tegma que devem impulsionar uma geração significativa de caixa a partir de 2022, contribuindo para uma posição financeira ainda mais saudável e ajudando a sustentar rendimentos atraentes de dividendos. “No entanto, monitoramos os desenvolvimentos nas investigações relacionadas à busca e apreensão ocorridas em outubro de 2019 (Operação do Pacto)”, ponderam (veja mais sobre a operação clicando aqui).
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