BNDES faz desinvestimento bilionário na Vale e ações ficam em leilão por quase duas horas
agosto 4, 2020SÃO PAULO – As ações da mineradora Vale (VALE3) ficaram quase duas horas sem negociar na B3, abrindo por volta das 11h40 (horário de Brasília), em meio à grande operação de venda de ações em bloco do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de acordo com informações da Bloomberg.
A estimativa é de que tenham sido negociadas entre 100 milhões e 130 milhões de ativos VALE3 cotados a R$ 58,76, representando um desconto de 2,49% frente os R$ 60,26 do fechamento da véspera. Assim, poderia levantar entre R$ 5,87 bilhões a R$ 7,6 bilhões com o desinvestimento.
A operação acontece um dia após a Bloomberg noticiar, citando fontes de mercado, que o BNDES estava buscando vender US$ 1 bilhão de sua fatia na Vale neste mês.
O BNDES possuía até a manhã de hoje uma participação total de 323,5 milhões de ações da Vale, correspondente a 6,3% do capital da mineradora, ou R$ 20 bilhões. Do total, 117,5 milhões de papéis, ou 2,26% do negócio, estão amarrados ao acordo de acionistas até novembro. Já do montante fora do contrato, foram colocadas à venda mais de 60% da posição no leilão de hoje.
As ações não negociaram durante o tempo do leilão tendo em vista a instrução 168 da CVM, que prevê que a Bolsa brasileira deverá adotar procedimentos especiais de negociação para operações que incluam quantidade de ações superior à média diária negociada nos últimos pregões ou qualquer bloco substancial de ativos, o que ocorreu nessa sessão. Desta forma, ficou preservada a estabilidade e o preço do papel, uma vez que uma quantidade expressiva de ações ofertada no mercado em uma mesma oferta poderia causar desequilíbrio.
Analistas do Itaú BBA citaram que a operação poderia gerar uma pressão de curto prazo nos papéis, em razão de ‘overhang’ (excesso de ações no mercado), mas destacaram ver a operação de venda pelo BNDES como positiva. Na visão deles, essa operação pode fechar parte do recente ‘gap’ contra seus pares australianos. O banco segue com visão positiva para a mineradora, apontando o desconto de 30% frente seus pares.
Cabe destacar, contudo, que as ações saíram do leilão praticamente estáveis, registrando, às 12h (horário de Brasília), leve alta de 0,65%, a R$ 60,65. Em julho, a companhia alcançou o seu maior valor de mercado na B3, encerrando o pregão da véspera avaliada em R$ 320 bilhões.
Nesta terça-feira, o minério de ferro, um dos grandes catalisadores para os ativos, teve nova alta, de 1,4%, a US$ 118 a tonelada (com pureza de 62% negociado no porto de Qingdao), em meio ao maior otimismo sobre a recuperação econômica da China e com os investidores questionando a capacidade da mineradora brasileira de aumentar a produção da commodity.
Desta forma, o BNDES, segundo aponta a Bloomberg, teria aproveitado o cenário para seguir com o seu processo de desinvestimentos. O banco também deve desinvestir até US$ 1 bilhão na gigante petrolífera Petrobras (PETR3;PETR4), segundo a agência.
O portfolio de empresas de capital aberto do BNDES totaliza cerca de R$ 61,4 bilhões, segundo dados do final de março no site do banco. As vendas propostas retomariam um processo de encolhimento do balanço do banco e de redução da volatilidade de seu patrimônio interrompido pela pandemia de Covid-19.
Em fevereiro, o BNDES vendeu R$ 22 bilhões em ações da Petrobras e ainda detém 8% do capital da produtora de petróleo. Além delas, o banco de fomento também pretende vender suas participações na fabricante de celulose Suzano (SUZB3) e na produtora de embalagens de papel Klabin (KLBN11), segundo apontam fontes da Bloomberg.
(Com informações da Bloomberg)
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