Ibovespa resiste a pressão do exterior e fecha em alta pelo 4º pregão consecutivo; dólar sobe 5% na semana

Ibovespa resiste a pressão do exterior e fecha em alta pelo 4º pregão consecutivo; dólar sobe 5% na semana

junho 19, 2020 Off Por JJ

SÃO PAULO – O Ibovespa resistiu à pressão das bolsas americanas nesta sexta-feira (19) e fechou em alta pelo quarto pregão consecutivo, acumulando ganhos de 4,07% na semana. O principal driver dos últimos dias foi a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar a Selic em 0,75 ponto percentual e deixar a porta entreaberta para mais uma redução na taxa na próxima reunião.

Com isso, os investimentos em Bolsa ganharam ainda mais atratividade em relação à renda fixa, o custo de capital das empresas caiu e o diferencial de juros entre o que pagam os títulos públicos e privados brasileiros e o que pagam os títulos de países desenvolvidos como os Estados Unidos diminuiu.

Isso apesar de estimular a Bolsa gerou uma forte pressão sobre o câmbio, que resultou em uma valorização de 5,41% do dólar sobre o real na semana.

Falando especificamente desta sexta, o Ibovespa subiu apesar da queda das bolsas americanas. Os índices Dow Jones e S&P 500 recuaram 0,8% e 0,56% respectivamente em meio a notícias de que a Apple está fechando novamente lojas na Florida e no Arizona por conta dos temores com a segunda onda do coronavírus.

Por outro lado, os investidores repercutiram de maneira positiva a reunião dos líderes das 27 economias da União Europeia para discutir um programa de estímulo de 750 bilhões de euros (equivalente a US$ 840 bilhões) para ajudar no processo de recuperação econômica das economias da região.

Não houve consenso sobre um acordo. Porém, Michel Michel, chefe da Comissão Europeia, disse que a primeira discussão foi bastante positiva e que muitos líderes destacaram que um acordo será atingido em breve, até agosto.

O Ibovespa teve hoje leve alta de 0,46% a 96.572 pontos com volume financeiro negociado de R$ 35,555 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial caiu 0,99% a R$ 5,3167 na compra e a R$ 5,3182 na venda. Já o dólar futuro para julho opera em queda de 1,29% a R$ 5,312 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu oito pontos-base a 3,02%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de oito pontos-base a 4,16% e o DI para janeiro de 2025 recuou um ponto-base a 5,86%.

Ainda em destaque estiveram as notícias sobre as negociações entre EUA-China. Na quinta-feira, o presidente americano, Donald Trump, ameaçou mais uma vez cortar os laços com a China, embora o próprio representante comercial dos Estados Unidos, tenha sugerido que isso seria uma medida inviável.

Por outro lado, a China disse que planeja acelerar compras de produtos agrícolas americanos para cumprir o acordo comercial da primeira fase, o que repercutiu positivamente nos índices futuros americanos.

Também lá fora, o mercado americano teve hoje o vencimento quádruplo de futuros e opções de índices e ações, o que gerou volatilidade nas bolsas.

No Brasil, o cenário político foi dominado pela repercussão da prisão ontem de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), em Atibaia (SP). Também ontem o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou sua demissão e foi indicado para a vaga brasileira no Banco Mundial.

Âncora fiscal

O Ministério da Economia prepara um plano para estabelecer mais uma âncora fiscal para o país. Dessa vez, seria a vez do endividamento público, segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo“.

A ideia será apresentada pela equipe econômica a Paulo Guedes. O Brasil já conta hoje com duas âncoras fiscais: as metas de inflação e a meta de resultado primário.

O objetivo é sinalizar a investidores que o governo segue empenhado com o ajuste fiscal. O endividamento deve terminar o ano em torno de 92% do PIB. A ideia é estabelecer formas de reduzir essa dívida a partir do próximo ano.

Tensão política

O governo de Jair Bolsonaro precisa lidar com mais uma crise que levou para dentro do Palácio do Planalto. Dessa vez, encarar o envolvimento do advogado da família, Frederick Wassef, com Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e suspeito de envolvimento em um esquema de “rachadinhas” na Assembleia Legislativa.

Queiroz foi preso na quinta pela manhã em um imóvel de Wassef, onde estaria há mais de um ano.

Na noite de quinta-feira, em transmissão pela internet, Bolsonaro afirmou que Queiroz não estava foragido e não havia mandado de prisão contra ele e que, por isso, a prisão do ex-assessor do filho havia sido “espetaculosa”.

Junto a essa crise, o governo lida ainda com o inquérito das fake news em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), os pedidos de cassação da chapa, investigações sobre a interferência na Polícia Federal e o avanço do coronavírus no país, quando o número de casos confirmados se aproxima da marca de 1 milhão e o de mortes já totaliza mais de 47 mil. Há mais de um mês o Ministério da Saúde está sem ministro.

Panorama corporativo

Mais uma oferta de ações está em preparação. A Metalfrio anunciou, na quinta-feira à noite, que considera realizar uma oferta pública de ações.

O BTG Pactual, Santander, Bradesco BBI e BB Banco de Investimentos foram contratados para atuarem como coordenadores. Ainda não há definição sobre volume ou o cronograma da oferta.

E apesar do avanço do coronavírus no país, a CVC espera retomar 100% das suas atividades a partir de 1º de julho. Segundo o jornal “Valor Econômico”, Leonel Andrade, presidente da CVC, disse que o grupo aproveitou a quarentena para acelerar a digitalização da companhia.

A companhia também prepara um plano de capitalização que, segundo estimativas de mercado, pode chegar a R$ 1 bilhão. Andrade espera ter uma conclusão desse plano nos próximos 15 dias. A CVC começou a reabrir lojas neste mês. Na quarta-feira, eram 928. Ao todo, são 1.400.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
MRVE3 6.37664 17.85
HAPV3 5.63847 63.7
QUAL3 4.72924 29.01
SULA11 4.48102 45.7
PCAR3 3.73337 68.63

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
CSNA3 -3.77682 11.21
FLRY3 -3.42308 25.11
BRDT3 -2.88462 22.22
BRAP4 -2.8279 36.08
MRFG3 -2.82108 13.09

Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), anunciou na quinta-feira que o novo marco regulatório do saneamento básico deverá ser votado, em plenário virtual, na próxima quarta-feira.

O projeto abre caminho para a privatização do serviço e estabelece metas a serem cumpridas para os próximos anos. O texto já foi aprovado pela Câmara.

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