Agência europeia alerta para resgates de bancos zumbis
junho 12, 2020(Bloomberg) — A principal autoridade europeia encarregada de bancos em crise alertou contra o uso de dinheiro dos contribuintes para resgatar instituições já em dificuldades antes da pandemia de coronavírus.
As consequências econômicas do vírus pressionam os limites de ajuda estatal na Europa. Com isso, Elke Koenig, que comanda o Conselho Único de Resolução (SRB, na sigla em inglês), disse que distribuir ajuda específica aos bancos “não deveria significar que estamos de volta aos resgates”.
A pergunta que precisa ser feita é “o que é um problema relacionado ao corona e o que talvez seja um problema subjacente que apenas recebeu o último pontapé via corona“, disse Elke em entrevista de Bruxelas.
A posição de Elke será crucial para o debate sobre o assunto que deve se intensificar, com mais empresas fechando as portas, o que deve causar um buraco nos balanços dos bancos. Por enquanto, o Banco Central Europeu e outras autoridades forneceram ajuda sem precedentes ao setor, permitindo que bancos recorram a colchões de capital e ajustem regras às pressas para garantir a continuidade da oferta de crédito.
Os governos usaram trilhões de euros para sustentar bancos durante a crise financeira, tornando-se acionistas diretos em algumas instituições. Mais de uma década depois, o governo alemão ainda possui cerca de 15% do Commerzbank.
O SRB foi criado em 2015, juntamente com uma nova estrutura europeia para garantir que bancos em crise sejam tratados igualmente em toda a região, poupando os contribuintes na maior medida possível. Ainda assim, políticos encontraram várias maneiras de evitar impor prejuízos aos investidores, usando dinheiro público para sustentar bancos em dificuldades nos últimos anos.
A Comissão Europeia, braço executivo da UE, disse em março que a ajuda aos bancos para compensar os “danos diretos” sofridos como resultado do vírus não estaria sujeita às restrições usuais. As regras também foram afrouxadas para muitos outros setores da economia, e governos usaram essa margem para ajudar companhias aéreas e distribuir centenas de bilhões de euros em garantias de empréstimos.
Elke também disse que propostas de algumas autoridades europeias de criar um banco da UE para comprar empréstimos duvidosos são prematuras e provavelmente impraticáveis porque entregariam a um gerente uma “mistura” de ativos. “Não estou muito convencida de que um banco amplo que esteja coletando de qualquer lugar seja uma solução administrável”, disse.
Segundo ela, é “amplamente realista” esperar que alguns bancos enfrentem dificuldades no fim deste ano e em 2021. “Serão instituições que você terá que declarar quebradas ou com probabilidade de quebrar? Não sei. Agora estamos apenas monitorando”, disse.
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