Após pedir recuperação nos EUA, Latam ainda depende de ajuda de governos

Após pedir recuperação nos EUA, Latam ainda depende de ajuda de governos

maio 27, 2020 Off Por JJ

Com US$ 17,9 bilhões em dívidas e mais de 100 mil credores, a Latam pediu recuperação judicial (chapter 11) na terça-feira, 26, em Nova York. A empresa foi a segunda aérea da América Latina a solicitar reestruturação nos Estados Unidos em meio à crise da pandemia da covid-19, que paralisou o setor aéreo em todo o mundo.

Há 15 dias, a Avianca Holdings fez o mesmo movimento. A proteção judicial de credores, porém, não será suficiente para atravessar a crise. A Latam ainda espera um socorro dos governos dos países onde atua.

“A única coisa inviável é achar que não vai ter ajuda governamental. A ajuda dos governos, não só do Brasil, precisa vir, assim como aconteceu na Alemanha e nos EUA”, disse o presidente da Latam no Brasil, Jerome Cadier, ao jornal O Estado de S. Paulo.

O pedido de recuperação não inclui a unidade brasileira do grupo, justamente por causa da possibilidade de receber auxílio financeiro do governo.

O pacote de ajuda brasileira para as companhias aéreas, desenhado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prevê um socorro de R$ 4 bilhões para ser dividido entre Latam, Gol e Azul e exige que as empresas estejam listadas na B3, a Bolsa paulista. A Latam, no entanto, tem ações negociadas em Nova York e em Santiago, no Chile.

Segundo Cadier, as conversas com o governo Jair Bolsonaro estão avançando para que se chegue a uma solução que atenda também a Latam. “Tem a opção de encontrar um financiamento que não obrigue a companhia a se listar aqui e tem outras opções. A gente ainda não convergiu, mas estamos analisando os prós e contras de cada opção.”

Um modelo em análise é que o BNDES participe da recuperação como debtor in possession (DIP), uma espécie de credor que tem prioridade de pagamento.

Acionistas da Latam, a família chilena Cueto (controladora, com 21,5% de participação) e a brasileira Amaro (com 2%), além da Qatar Airways (dona de 10% da aérea), concederão um empréstimo de até US$ 900 milhões nesse modelo para que a companhia continue operando enquanto está em recuperação.

A Latam acredita que a reestruturação pode ajudá-la a conseguir um empréstimo no Brasil. Em entrevista com jornalistas, o presidente do grupo, Roberto Alvo, afirmou que a “reabilitação dá opções interessantes para o BNDES participar. A estrutura que o banco havia proposto era complexa”, disse.

A leitura, no entanto, é outra no BNDES e nos bancos privados, que também participam das conversas.

O valor que até então estava disponível à aérea deve ser reduzido, com o aumento da percepção do risco, segundo fontes do setor.

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A Latam espera ainda receber ajuda do governo do Chile, país sede da empresa. O presidente chileno, Sebastián Piñera, já foi um dos principais acionistas da companhia aérea e é próximo da família Cueto. Um auxílio financeiro, portanto, poderia ser malvisto no país.

Na terça, o Ministério da Fazenda do Chile, porém, divulgou uma nota em que afirma avaliar a “conveniência e a oportunidade de contribuir com o processo de reorganização da Latam”. De acordo com Cadier, as conversas com o governo Piñera “estão andando”.

As ações da Latam em Santiago fecharam na terça-feira com queda de 36%. Em Nova York, os papéis recuaram 34,6%.

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