Brasileira internada nos EUA acumula dívida milionária: seguro-viagem pode ajudar?
abril 28, 2024O caso de uma estudante brasileira que foi fazer intercâmbio no Colorado, nos EUA, acendeu alerta para aqueles que pretendem fazer uma viagem internacional em breve: a contratação de um bom seguro-viagem.
Cláudia Albuquerque Celada, 23, desenvolveu botulismo após ser infectada por uma bactéria, que tem como principal agravante a paralisia do corpo. A diária no hospital que a jovem ficou recebendo o tratamento custa em torno de US$ 10 mil, e ela está internada há quase dois meses.
Por se tratar de uma doença rara, os custos com o tratamento excederam os US$ 100 mil garantidos pelo seguro-saúde contratado para a viagem e, segundo sua irmã Luisa, a dívida com o tratamento e internação já chegaram a US$ 2 milhões – mais de R$ 10 milhões na conversão atual.
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Para auxiliar financeiramente a família, o hospital se comprometeu a arcar com o custo do transporte médico aéreo de Cláudia de volta para o Brasil — que custa em torno de US$ 200 mil.
O que seguro para viagem internacional cobre?
O seguro-viagem é um tipo de proteção que garante o pagamento de indenização (ao segurado ou ao beneficiário indicado na contratação) no caso de sinistros relacionados diretamente a uma viagem do contratante.
Essas ocorrências devem constar no contrato do seguro (apólice), documento que tem os detalhes das coberturas e dos serviços de assistência, além dos valores de indenização.
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O seguro de viagem internacional tem como coberturas mais comuns:
- despesas médicas e hospitalares, incluindo atendimento de casos de Covid-19;
- despesas odontológicas;
- custos decorrentes de cancelamento e interrupção de viagem;
- custos relacionados a extravios de bagagens;
- indenização por morte acidental;
- indenização por invalidez permanente (total ou parcial) ocasionada por acidente;
- regresso sanitário (traslado de corpo de volta ao Brasil);
- pagamento de despesas de acompanhante que precise ir ao encontro do segurado acidentado e/ou hospitalizado no exterior;
- cancelamento de voo;
- atraso de voo;
- roubo, furto ou extravio de documentos (como passaporte).
Proteção em viagens ao exterior
No caso de viagens para outros países, a contratação deste seguro se faz ainda mais necessária. Isso porque os imprevistos que podem acontecer em um país estrangeiro acabam sendo agravados, visto que o viajante normalmente não tem redes de apoio e pleno conhecimento do idioma, do sistema de saúde e dos costumes locais.
Além disso, o viajante pode não ter dinheiro suficiente para arcar com as despesas de um atendimento médico inesperado, como foi o caso da jovem.
Seguro-viagem inclui plano de saúde local?
De acordo com a advogada Camila Prado, sócia da área de Seguros e Resseguros, Previdência Privada e Saúde Suplementar do escritório Demarest, a seguradora tem a opção de oferecer a cobertura de DMHO (sigla para despesas médicas, hospitalares e/ou odontológicas) por meio do reembolso das despesas pagas pelo segurado, até o limite de valor previsto na apólice.
E pode oferecer a prestação dos serviços por meio de rede referenciada no destino, como se fosse uma espécie de “plano de saúde” local.
“Mas, nos casos de emergência ou urgência, o seguro deverá reembolsar ao segurado as despesas, que teve fora da rede referenciada, relacionadas à estabilização do quadro clínico”, destaca Prado. Assim, depois de estabilizado, o segurado pode ser transferido para um estabelecimento da rede.
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Essa determinação da Susep (órgão responsável pela regulação do setor) para o seguro de viagem internacional vale mesmo nos casos em que o contrato estabelece exclusivamente a prestação de serviços por meio de rede referenciada.
Há cobertura obrigatória no seguro-viagem?
De acordo com a norma da Susep, todo seguro de viagem internacional deve cobrir DMHO.
As coberturas DMHO indenizam o segurado conforme as condições estabelecidas no contrato e até os limites de valor contratados. O segurado deve ser indenizado por eventuais despesas que tiver durante a viagem para tratamento médico por motivos de acidente ou doença aguda.
O seguro de viagem internacional também deve indenizar o segurado por despesas DMHO relacionadas à estabilização do quadro clínico nos episódios de crise de doença preexistente ou crônica que ocorram durante a viagem e que gerem urgência ou emergência. Estabilizado, o segurado pode decidir se vai continuar a viagem ou retornar ao Brasil.