Mitre desaba 16%, Tenda salta 10%: o que explica movimentos extremos após balanços?

março 15, 2024 Off Por JJ

Diversas construtoras divulgaram seus balanços do quarto trimestre de 2023 (4T23) na véspera, mas duas empresas específicas se destacaram, positiva e negativamente, na sessão pós-resultados.

Na ponta negativa, ficou a Mitre (MTRE3), que viu suas ações caírem 16%, a R$ 4,83 no pregão desta sexta-feira (15). Na ponta positiva, por sua vez, a Tenda  (TEND3), liderou os ganhos da sessão e fechou com alta de 10,05%, a R$ 11,94.

Para a Mitre, a redução das margens, queda no lucro e endividamento elevado desagradaram os investidores, repercutindo negativamente nas ações.

Na noite de quinta-feira, a Mitre divulgou que o seu lucro líquido ajustado ficou em R$ 9,9 milhões no quarto trimestre de 2023, uma queda de 47,6% na comparação com igual período do ano anterior. E embora a receita líquida tenha crescido 5,8% no período, a margem bruta da construtora recuou 6,9 pontos percentuais, para 19,5%.

Na avaliação dos analistas do Bradesco BBI, os resultados foram mistos, mas destacou o endividamento da empresa. “Os números foram adequados, com o balanço permanecendo pressionado (relação dívida líquida/patrimônio líquido de 44%).”

A dívida da Mitre terminou o ano em R$ 276,8 milhões, uma leve alta de 0,2% na comparação com igual período de 2022. No entanto, o indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida líquida/patrimônio líquido, ficou em 44,4%, alta de 17,6 p.p. ante 2022.

A Genial Investimentos tem uma visão neutra para a ação. De um lado, pesa a queda de caixa da empresa, que no trimestre foi compensada pela venda de participações, mas os analistas destacam o início do processo de desalavancagem.

Tenda em disparada

Já a visão dos analistas para a disparada da Tenda (TEND3) é que a construtora continua a trajetória de recuperação, com a operação tradicional, excluído a Alea, atingindo o ponto de equilíbrio (break-even). A receita líquida cresceu 20% no trimestre, embora tenha sido 4% menor do que o trimestre anterior.

A margem bruta consolidada foi de 22,2%, com aumento de 11,3 pontos percentuais (pp) em base anual e 0,5 pp no trimestre, ficando 3,2 pp abaixo de nossas estimativas e do consenso. Por fim, o prejuízo de R$ 20 milhões, foi menor do que os –R$ 24 milhões no 3T23 e dos –R$ 155 milhões no 4T22. Assim, em 2023, o prejuízo acumulado foi de R$ 96 milhões, marginalmente pior do que os analistas do BBI esperavam. Desta forma, o ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) dos últimos 12 meses foi negativo em 12,2%.

“Em geral, vemos tendências positivas, com recuperação das margens e significante queda da alavancagem ao longo do tempo. Além disso, novas mudanças no programa Minha Casa Minha Vida podem afetar os números do 2S24, o que beneficiaria a operação da Tenda”, aponta o BBI, mantendo recomendação de compra, pois vê uma assimetria positiva para TEND3, com o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) negociando a 4,3 vezes estimados para 2025.

A XP, por sua vez, apontou ter uma avaliação mista dos resultados da Tenda, com base em seu lucro líquido pressionado, embora celebre a recuperação gradual da lucratividade do segmento Tenda. A casa mantém recomendação neutra para TEND3 e preço alvo de R$ 11 por ação.

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