Com Selic no menor patamar da história, rentabilidade do FGTS supera renda fixa

Com Selic no menor patamar da história, rentabilidade do FGTS supera renda fixa

maio 23, 2020 Off Por JJ

(Gettyimages)

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que historicamente perdeu em rentabilidade para a inflação e todas as modalidades de investimento, tornou-se uma das melhores aplicações para o trabalhador quando comparada a outras alternativas de renda fixa.

Remunera o cotista com taxa de 3% ao ano e, assim, já empata com a Selic, supera a caderneta de poupança, que paga aos poupadores 70% da Selic, e o rendimento médio do Certificado de Depósito Bancário (CDB), de 85% do CDI, sobre o qual ainda incide cobrança de Imposto de Renda (IR).

A vantagem do rendimento do FGTS sobre as demais aplicações pode aumentar ainda mais em junho, quando o Copom deve fazer mais um corte na taxa básica de juros, de 0,50 ou 0,75 ponto porcentual, para 2,50% ou 2,25% ao ano, segundo expectativas dos analistas do mercado financeiro. Em janeiro, para efeito de comparação, o CDI rendia ao investidor 0,38%. Agora em maio, com a mais recente queda da Selic, o CDI passou a pagar 0,23%. O FGTS, por sua vez, rendeu 0,25%.

Tais comparações servem para mostrar que, dentro do universo da renda fixa, deixar o dinheiro parado no fundo pode ser uma boa opção. Desde o ano passado está em vigência um programa da Caixa Econômica Federal que permite ao trabalhador sacar parcelas de seu saldo no FGTS na data de seu aniversário. O objetivo do governo, com o programa, é injetar recursos na combalida economia do País.

De acordo com o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, para o trabalhador que conseguir passar pela crise atual sem precisar lançar mão do seu saldo no FGTS, o melhor que ele faz é deixar o dinheiro parado lá.

“O FGTS hoje é uma boa aplicação porque está dando 3% ao ano e a sua regra não muda com os movimentos da Selic e da poupança. Então, o fundo vai ter pelo menos 0,50% de rentabilidade real no ano (descontada a inflação)”, prevê o economista. Ele projeta que a inflação deverá fechar 2020 em torno de 2,50% e a Selic em 2,25% ao ano.

Em janeiro, quando a Selic estava em 4,50% ao ano, o CDI rendia 0,38% ao mês; o CDB, 0,32%; a poupança, 0,26% e o FGTS, 0,25%.

Em maio, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a Selic para 3% ao ano, o CDI pagou 0,23% ao mês; o CDB, 0,20%; a poupança, 0,17%; e o FGTS, 0,25%. Vale notar que, no caso do CDB, a alíquota de IR varia de acordo com o tempo da aplicação.

Para junho, mês em que a Austin Rating projeta que a Selic cairá 0,75 ponto porcentual, para 2,25% ao ano, o CDI deverá render 0,19% ao mês, o CDB pagará 0,16%, a poupança renderá 0,13% e o FGTS, 0,25% ao mês. Todos os retornos do CDI e do CDB foram calculados com base em uma alíquota de IR de 22,5%.

Ainda, de acordo com Agostini, em dezembro de 2019, quando a Selic estava em 4,50% ao ano, um trabalhador que tivesse investido igualmente R$ 1.000 em CDI, CDB, poupança e FGTS, em dezembro deste ano, após 12 meses, teria auferido rendimentos de 2,31% no CDI, 1,06% no CDB, 2,04% na poupança e 3,00% no FGTS.

Quando os cálculos são feitos considerando a Selic de maio, de 3% ao ano, e assumindo que ela vai ser reduzida em junho para 2,25% ao ano, assim permanecendo até maio de 2021, o rendimento dos R$ 1.000 no CDI será de 1,83%. No CDB será de 1,56%, na poupança, de 1,58%, e no FGTS, de 3%. A rentabilidade de todos os investimentos não leva em consideração a inflação. Caso fosse descontado a taxa do IPCA, o rendimento seria ainda menor e, em alguns casos, até mesmo negativo.

Segundo a Caixa Econômica Federal, no fim de 2018, o ativo total do FGTS era de R$ 529,2 bilhões – o banco fecha o balanço do fundo do ano anterior sempre no mês de agosto do ano subsequente. O balanço de 2019 será fechado apenas em agosto deste ano.