Fim do Perse tem boas chances no Congresso, mas reoneração deve cair, projetam analistas

Fim do Perse tem boas chances no Congresso, mas reoneração deve cair, projetam analistas

janeiro 26, 2024 Off Por JJ

Primeiro foco de atrito entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Congresso Nacional em 2024, a medida provisória que trata da reoneração da folha de pagamentos (MPV 1202/2023) não deve ser devolvida ao Poder Executivo, mas a mudança nas regras para a contribuição previdenciária patronal corre riscos de ficar pelo caminho durante sua tramitação.

É o que esperam analistas políticos consultados pela 52ª edição do Barômetro do Poder, levantamento feito mensalmente pelo InfoMoney com consultorias e analistas independentes sobre alguns dos principais temas em discussão na política nacional.

O estudo, realizado entre os dias 17 e 22 de janeiro, mostra que 82% dos especialistas consultados avaliam como pouco provável a devolução sumária da medida provisória pelo presidente do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Outros 18% consideram moderada a chance para o texto retornar ao Palácio do Planalto.

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Considerando uma escala de 1 (muito baixa) a 5 (muito alta), a probabilidade média atribuída pelos analistas políticos para uma eventual devolução da MPV é de 2,00 − portanto, baixa.

Por outro lado, utilizando o mesmo instrumento de medida, a probabilidade apontada pelos especialistas de o Congresso Nacional aprovar a reoneração gradual da folha de pagamentos a setores específicos da economia, revogando lei promulgada pelo Legislativo no fim do ano passado, é de 2,55. Apenas 18% consideram boas as chances de êxito para o governo neste embate, enquanto 54% pensam o contrário.

Em 2023, o Legislativo aprovou um projeto de lei que prorrogou até dezembro de 2027 um benefício fiscal sobre a contribuição patronal de empresas de 17 setores específicos da economia e ainda reduziu a alíquota da contribuição previdenciária paga por municípios de até 142 mil habitantes. O texto foi vetado por Lula, que alegou inconstitucionalidade da matéria por não prever mecanismos de compensação para a frustração de receitas, mas o dispositivo acabou derrubado pelos parlamentares.

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Poucas semanas depois da derrota, o Poder Executivo editou uma medida provisória (MPV 1202/2023) revogando a lei aprovada e criando uma nova regra para a cota patronal paga por empresas de determinados setores − em um movimento de reoneração gradual da folha de pagamentos. A matéria também revogava o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), criado no contexto da pandemia de Covid-19, e impunha uma limitação para a compensação anual de créditos decorrentes de decisões judiciais.

Tal movimento foi interpretado por parlamentares como uma afronta à decisão tomada por duas vezes pelas casas legislativas. Por outro lado, o governo federal alega que a MPV representa uma alternativa à judicialização (a avaliação no Palácio do Planalto é que, caso a questão seja levada para o Poder Judiciário, são altas as chances de vitória, apesar dos esperados efeitos colaterais sobre a relação com o parlamento).

Dos principais pontos abordados pela medida provisória, os analistas políticos consultados pelo Barômetro do Poder consideram a limitação para o uso da compensação para créditos tributários o mais fácil de ser aprovado (média 3,45 na escala de 1 a 5). Neste caso, 45% dos entrevistados veem boas perspectivas de aprovação, enquanto 55%, cenário moderado.

Já no caso da revogação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), com a aplicação gradual dos impostos (CSLL, PIS/Pasep e Cofins a partir de abril de 2024, e do IRPJ em 2025), 55% consideram elevadas as chances de aprovação no Congresso, contra 18% que veem dificuldades. Naquela escala de 1 a 5, a probabilidade média atribuída para a aprovação deste ponto do texto ficou em 3,36.

Vale ressaltar que o levantamento, por ter sido realizado entre os dias 17 e 22 de janeiro, não capturou os efeitos das críticas feitas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), sobre o assunto.

Esta edição do Barômetro do Poder ouviu 7 consultorias políticas – Ágora Assuntos Políticos; Control Risks; Eurasia Group; Medley Global Advisors; Prospectiva Consultoria; Tendências Consultoria Integrada; e Warren Rena – e 4 analistas independentes – Antonio Lavareda (Ipespe); Carlos Melo (Insper); Rogério Schmitt (Espaço Democrático) e Thomas Traumann (Traumann Consultoria).

Conforme combinado previamente com os participantes, os resultados são divulgados apenas de forma agregada, sendo mantido o anonimato das respostas.

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