Drex: dinheiro programável vai “destravar valor gigantesco”, diz VP da Visa

Drex: dinheiro programável vai “destravar valor gigantesco”, diz VP da Visa

setembro 1, 2023 Off Por JJ

O Drex, versão digital do real, vai “destravar um valor gigantesco” por sua capacidade de permitir programação do dinheiro, disse nesta sexta-feira (1) Fernando Amaral, Vice Presidente de Produtos & Inovação da Visa, durante painel na 13ª edição da Expert XP, que acontece entre hoje e sábado (2) no São Paulo Expo, na capital paulista.

Com a chegada do Drex, será possível programar transações para serem realizadas apenas quando determinada condição for atendida o executivo.

“Quantas vezes precisamos vender bens de maior ou menor valor, e ficamos naquela situação: eu passo o bem ou pago primeiro? Se multiplicarmos esse momento de insegurança pela quantidade de transações, o potencial [do Drex] de destravar valor é gigantesco”, afirmou o executivo.

Um exemplo comum é a compra de um carro: em vez de ser obrigado a pagar antes da transferência do veículo,  com o Drex, ambas as transações poderão ser feitas de forma concomitante. Nos bastidores, a tecnologia que proporcionará essa inovação é a dos contratos inteligentes (smart contracts).

“Vai tirar uma fricção gigantesca das trocas de valores e alavancar muito economicamente o país”, completou Amaral.

As aplicações dessa inovação passam também pelos investimentos, com aportes e resgates operando 24 horas por dia, além de produtos potencialmente mais rentáveis como consequência da eliminação de intermediários — que poderão, em alguma medida, ser substituídos por programas de computador.

Para chegar lá, no entanto, ainda há um longo caminho pela frente, destacou Jochen Mielke de Lima, CEO da B3 Digitas, participante do mesmo painel.

“O Drex é só o meio de pagamento. Ele depende que haja outros ativos tokenizados na rede. E, para isso, precisamos de ‘passos’ que ainda precisam acontecer”, ponderou.

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Um desses passos é o regulatório. Enquanto o Drex passa por um projeto-piloto, corre em paralelo uma discussão sobre como adequar legalmente os ativos financeiros a essa nova realidade.

No mercado, há expectativa de que novas normativas surjam ainda em 2023, vindas do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ao InfoMoney, o presidente da CVM, João Pedro Nascimento, disse que a autarquia quer trazer a criptoeconomia para o mercado regulado.

“Escriturador, corretora, depositário: como ficam em um ambiente com processamento distribuído, com o Drex, principalmente com relação à responsabilidade fiduciária?”, questiona Mielke.

Em busca dessa resposta, B3 Digitas e Visa participam de dois dos 16 consórcios selecionados para integrar o programa-piloto do Drex, visto como essencial para experimentar novos casos de uso e entender quais são os riscos que acompanham a adoção da tecnologia de moeda digital.

Um desses riscos, falou Mielke, é tecnológico, decorrente do uso da blockchain, uma inovação que se prova a cada dia ser estável e de alto desempenho, mas que ainda precisa ser testada com uso de uma moeda fiduciária como o real. Outro risco, diz, é justamente da regulação: se for pesada demais, freará a inovação; se for branda, pode levar riscos maiores para o investidor.

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O que é Drex

O Drex será a primeira moeda virtual oficial do Brasil. Trata-se de uma extensão das tradicionais cédulas físicas de dinheiro, mas será transacionada exclusivamente no ambiente digital.

As regras e fundamentos para manter a estabilidade do real serão mantidas e será possível fazer transações financeiras, transferências e pagamentos com Drex.

A atual fase de testes com uma versão piloto do Drex, a versão digital do real, vai demorar mais que o previsto pelo Banco Central. Em agosto, diretores da instituição anunciaram um adiamento no cronograma do projeto, que agora está previsto para terminar em maio de 2024, alguns meses a mais em relação à projeção inicial.

Segundo Fabio Araujo, diretor do BC responsável pelo projeto, apesar disso, a projeção de lançamento da plataforma para o fim de 2024 ou início de 2025 está mantida.

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