Recuperação da produção de carne bovina nos EUA deve levar meses
maio 19, 2020(Bloomberg) — Os consumidores de carne bovina nos Estados Unidos provavelmente continuarão a pagar preços mais altos do que o normal pelo produto diante das medidas para mitigar o risco de coronavírus, o que leva frigoríficos a operar com capacidade reduzida.
Essa é a avaliação de Tim Klein, presidente da National Beef Packing Co., grande produtora de carne nos EUA controlada pela Marfrig Global Foods. Atualmente, a National Beef opera com 85% da capacidade, em comparação com 100% há um ano e com a taxa atual do setor de 75%, disse Klein em entrevista por telefone na segunda-feira.
“Não espero que o setor volte a atingir a capacidade máxima antes do fim de junho, mais provavelmente em algum momento entre julho e agosto”, disse. “E, talvez, não voltemos aos mesmos níveis, porque hoje temos menos pessoas nas linhas de produção devido à separação das estações de trabalho, entre outras coisas.”
Na terça-feira, durante teleconferência com analistas, Klein disse que o setor deve operar abaixo de 90% da capacidade instalada até julho.
Klein concedeu entrevista com o presidente da Marfrig, Miguel Gularte, que comanda as operações na América do Sul, no dia em que a empresa divulgou que seu Ebitda mais que dobrou no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 1,2 bilhão. O resultado foi beneficiado por maiores vendas e margens nos EUA, que responde por mais de 70% da receita da Marfrig.
Segundo Klein, as margens de processamento de carne bovina dos EUA devem continuar “bem acima” do registrado há um ano nos próximos meses devido à sólida demanda e à ampla oferta de gado.
Na América do Sul, as exportações aumentaram 65% em relação ao ano anterior, graças ao forte consumo chinês. As exportações agora respondem por cerca de 70% das vendas na América do Sul da Marfrig ante uma média histórica de aproximadamente 50%, segundo Miguel Gularte, diretor-presidente da Marfrig. A empresa tem o maior número de frigoríficos autorizados a exportar para a China.
Segundo Gularte, essa tendência deve continuar devido ao impacto da crise econômica no mercado doméstico, alta do dólar e forte demanda nos mercados de exportação.
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