Profissionais denunciam superlotação e falta de médico em maternidade
março 30, 2023O Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed) recebeu denúncias graves de profissionais da saúde que trabalham na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL) sobre a situação do atendimento na unidade.
De acordo com as denúncias, a escala dos médicos está desfalcada e em desacordo com o padrão exigido. “Conforme relatos, os números de atendimento e internamento vêm aumentando assustadoramente, sobrecarregando os profissionais, os quais acreditam que esse excesso de demanda está relacionado, dentre outras coisas, ao desvio de modalidade, isto é, a maternidade, criada para receber pacientes de “alto risco”, passou a ser “porta aberta”, diz o Sindicato.
Diante desse panorama, o Sindicado diz que a unidade encontra-se em situação de “colapso operacional”, com superlotação nas enfermarias de puerpério e nos demais leitos. “Há relatos, inclusive, de pacientes internadas recebendo atendimento em cadeiras. Já o vai e vem de visitantes, sem controle de fluxo, torna o ambiente de trabalho ainda mais caótico. Uma situação degradante e inimaginável para uma unidade de saúde que é conhecida como ‘referência’”, resume a situação.
Ainda de acordo com as denúncias recebidas pelo Sindicato, durante os plantões diurno e noturno, os médicos ficam responsáveis pelas pacientes que estão nas três enfermarias da maternidade, cada uma com 36 leitos. “Eles ainda são escalados para avaliar e medicar pacientes do projeto de ‘Atendimento às Vítimas de Violência Sexual’ em dias não úteis”, pontua o Sindimed.
O Sindicato dos Médicos informou também que vai apurar as denúncias e encaminhar ofício às autoridades fiscalizadoras para que a MNSL volte a operar de forma decente, respeitando os trabalhadores e o mais importante: que ofereça um atendimento correto e humanizado aos usuários. “Diante das sérias denúncias, o Sindimed-SE manifesta solidariedade e preocupação não somente aos médicos, mas a todos os profissionais de saúde da unidade, como enfermeiros e técnicos, que estão exercendo a profissão sem as mínimas condições de trabalho, sendo impossibilitados de prestar um atendimento digno à população, que sofre ainda mais com toda essa situação de descaso”, destaca.
SES
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL) é uma unidade porta aberta, que recebe gestantes por demanda espontânea, reguladas e encaminhas, sejam elas de alto risco ou de risco habitual, apesar dessa última não ser seu perfil assistencial. “A MNSL é a única referência do estado neste sentido, por isso, não fecha plantão”, diz a pasta.
Para melhoria de escala, a SES destacou que continua realizando o credenciamento de médicos obstetras, neonatologistas e pediatras, mas, não há adesão de profissionais nesse processo e também não há lista de espera. “A situação é ainda mais agravante pelo alto número de profissionais da saúde com atestados médicos prolongados e sem data para retorno, além de afastamento de gestantes e lactantes. Há um pequeno déficit na escala médica, mas não tem afetado na assistência aos pacientes. Esse déficit é também em virtude desses afastamentos e atestados.”, lamenta o órgão.
Por fim, a SES afirmou que tem empenhado todos os esforços no remanejamento de outros profissionais da rede para a MNSL. “É importante salientar que todos os pacientes recebem assistência médica e atenção devida”, finaliza o comunicado.
por João Paulo Schneider