Tesouro Direto: IPCA+2045 cai a 6,48%; mercado analisa alta de juros nos EUA e aguarda decisão no Brasil

Tesouro Direto: IPCA+2045 cai a 6,48%; mercado analisa alta de juros nos EUA e aguarda decisão no Brasil

março 22, 2023 Off Por JJ

Como já era esperado pelo mercado, o Federal Reserve, apesar da crise bancária, deu sequência ao ciclo de aperto monetário e elevou a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, após reunião desta quarta-feira (22), para um intervalo de 4,75% a 5% ao ano. A decisão foi unânime. “A necessidade de novos aumentos será baseada nos efeitos reais e esperados de aperto de crédito em particular”, diz Jerome Powell, presidente do Fed.

Por aqui, o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) deve manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Do lado político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o adiamento de proposta de regra fiscal e renovou críticas aos juros praticados pelo Banco Central.

O Tesouro Direto reage às notícias. Por conta da volatilidade, as negociações dos títulos públicos ficaram paralisadas por mais de mais de uma hora e meia nesta Super Quarta.

Às 15h21, os ativos apresentavam queda, ao contrário do moviment0 registrado na abertura de hoje. Entre os ativos atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+ 2045 oferecia retorno de 6,48%, ligeiramente maior do que os 6,47% desta terça-feira (2). Pela manhã, o ativo em questão chegou a 6,56% ao ano, perto do recorde de 6,58%, o maior já oferecido por esse papel, que começou a ser negociado em 2017.

O piso era entregue pelo IPCA+2032, com 6,04%, abaixo dos 6,07% ao ano vistos na sessão anterior.

O maior retorno dos prefixados era o do Tesouro Prefixado 2033, com 13,02% ao ano, inferior aos 13,18% da véspera. O piso era entregue pelo Prefixado 2026, com 12,14%, menor do que os 12,30% da terça.

“O mercado ele começou o dia pressionado. Na parte da tarde a gente houve um movimento das treasuries fechando, a curva começou a ceder um pouco e isso já era uma expectativa de que o Fed poderia ser um pouco menos duro, o que acabou se confirmando”, diz Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos

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Ele destaca que houve a alta de 0,25 ponto percentual, mas acompanhado de tom relativamente dovish (disposto a baixar os juros), que ressalta as preocupações com a inflação. “O discurso é de que o sistema financeiro norte-americano é robusto e tem ferramentas para lidar com a questão de curto prazo e com os problemas financeiros. O Fed fala que, em algum momento, o aumento de juros pode ainda acontecer, ou seja, deixou um pouco em aberto”, conclui Costa.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (22): 

Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

 

Juros EUA

Como já era esperado pelo mercado, o Federal Reserve, apesar da crise bancária, deu sequência ao ciclo de aperto monetário e elevou a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual (p.p.) após reunião desta quarta-feira (22), para um intervalo de 4,75% a 5% ao ano. A decisão foi unânime.

“Indicadores recentes apontam crescimento modesto do gasto e da produção. Os ganhos de empregos aumentaram nos últimos meses e estão ocorrendo em um ritmo robusto; a taxa de desemprego manteve-se baixa. A inflação continua elevada”, diz o comunicado que acompanha a decisão.

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Na reunião do último mês de fevereiro, a autoridade monetária já havia reduzido o compasso de alta dos Fed funds, fazendo um primeiro ajuste de 25 pontos base.

Para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, as decisões sobre a taxa de juros será de reunião com mais dados sobre a evolução da economia. “Daqui para frente, será importante acompanhar como a autoridade monetária irá reagir: aceitarão uma inflação mais alta e darão prioridade ao sistema financeiro ou o contrário”, questiona. Nessa direção, a taxa de juros norte-americana deve encerrar o ciclo de alta ainda neste ano em torno de 5,25% a.a., crê o economista da Suno.

Reforma tributária

Apesar da percepção no mundo político de que as chances de avanço de uma reforma tributária sobre os impostos sobre o consumo podem ser maiores do que foram no passado, muitas empresas ainda não estimaram os potenciais impactos das propostas em discussão no Congresso Nacional sobre suas operações e compartilham preocupações sobre a implementação de um novo modelo.

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Arcabouço fiscal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu, nesta terça-feira (21), que o novo arcabouço fiscal não será apresentado antes da viagem oficial à China, marcada para sábado (25). Mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), minimizou a mudança de planos e disse que há alinhamento no governo em torno do texto que será encaminhado como projeto de lei complementar ao Congresso Nacional.

“Fizemos a reunião com três ministérios: Gestão e Inovação, Planejamento e Fazenda. Fechamos os detalhes pedidos na reunião de sexta-feira. Estamos alinhados. Agora vamos prosperar, fazer chegar ao conhecimento do presidente da República os detalhes que ele pediu”, disse Haddad em conversa com jornalistas, na saída da sede do Ministério, nesta terça-feira (21).

“É uma regra que vai ser apresentada assim que o presidente autorizar. O que deve acontecer depois da viagem à China, porque ele queria que eu estivesse ao longo do tempo, depois da divulgação, disponível para a sociedade, para a imprensa, para esclarecimentos. E se a gente divulgasse muito em cima da viagem, eu não ia estar presente. Isso não prejudica em nada nosso cronograma. O mais importante é o governo estar unido em torno de uma proposta”, pontuou.

Há forte expectativa do mercado pelo texto, que, pelo que estabelece a PEC da Transição, pode ser encaminhado pelo governo ao Congresso Nacional até 31 de agosto – prazo antecipado duas vezes por Haddad para que o novo modelo pudesse ser usado na elaboração do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2024.

A data limite considerada pela equipe econômica para a apresentação do novo marco fiscal é 15 de abril, quando o governo precisa encaminhar ao Congresso Nacional o PLDO do ano que vem. A ideia é que o texto seja construído considerando as novas regras para as contas públicas.

Selic

A XP Investimentos considera a reunião do Copom, que termina hoje, a mais importante dos últimos anos, devido à expectativa sobre o comunicado do Banco Central. “Esperamos que a taxa Selic permaneça em 13,75% nesta reunião e que o comunicado pós decisão deixe as portas abertas para frente. Por ora, mantemos nossa projeção de estabilidade da taxa Selic em 13,75% até o final do ano”, registra o relatório, assinado pela head de Renda Fixa, Camilla Dolle e equipe.

“Reconhecemos, entretanto, a possibilidade de cortes mais cedo, a depender da evolução dos choques financeiros e da forma que o Copom optará por administrar o balanço entre desaceleração da atividade e convergência da inflação.”

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Para os juros norte-americanos, a expectativa da XP é de elevação de 0,25 pp da taxa pelo banco central norte-americano (Fed).

Banco Central

O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), afirmou, nesta terça-feira (21), que o presidente Lula, já definiu quais serão suas indicações para a diretoria do Banco Central.

O ministro não revelou os indicados, mas afirmou que o presidente deve anunciar os escolhidos após sua viagem à China, quando enviará os nomes para aprovação do Senado Federal.

Costa pontuou que os nomes foram levados a Lula pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e aprovados pelo presidente após uma conversa com ambos.

BCE

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse nesta quarta-feira (22) que a trajetória futura de política será determinada por três fatores: a avaliação das perspectivas para a inflação à luz dos dados econômicos e financeiros recebidos, a dinâmica da inflação subjacente e a força da transmissão da política monetária.

Em discurso durante evento em Frankfurt, na Alemanha, Lagarde ressaltou que o BCE comunicou aos mercados uma “clara trajetória de alta” para os juros para que fique evidente a disposição da autoridade monetária de combater a inflação.

Lagarde disse que a inflação na zona do euro deverá desacelerar fortemente este ano, graças à queda nos preços de energia e ao arrefecimento de gargalos de oferta, mas fez a ressalva de que a “dinâmica da inflação subjacente permanece forte” e não traz sinais claros de diminuição.