Tesouro Direto: títulos de inflação chegam a 6,45%, com mercado acompanhando detalhes da nova regra fiscal
março 17, 2023A sexta-feira (17) que marca uma semana de grande turbulência, vai chegando ao fim com o mercado focando na crise dos bancos e no novo arcabouço fiscal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne hoje com equipe de governo para debater a tão esperada proposta. O anúncio deve ser feito nos próximos dias.
E os próximos dias prometem. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne na quarta-feira (22) para definir a taxa de juros.
No cenário internacional, também na próxima próxima quarta, acontece a reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que vai mostrar quais serão os rumos da política monetária, após os estrondos provocados pelos bancos. Os investidores perderam a confiança nos bancos regionais dos Estados Unidos e no Credit Suisse, da Europa, em razão da crise que começou com o colapso do Silicon Valley Bank, com sede nos Estados Unidos, há uma semana.
Já todos os títulos atrelados à inflação apresentavam queda, com relação ao fechamento de ontem. O Tesouro IPCA+ 2045 oferecia retorno de 6,45% ao ano, com recuo em comparação à véspera, que registrava valor de 6,51%.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (17):
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Copom
Na quarta-feira (22) acontece a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que vai definir se haverá aumento ou manutenção da taxa Selic, que está hoje em 13,75% ao ano. “A próxima reunião acontece em meio a um contexto macroeconômico delicado. Por um lado, a última leitura do IPCA registrou aceleração da inflação e deterioração da composição mostrando uma alta de preços mais resiliente. Mas, de outro lado, há um cenário de crédito complexo aqui e lá fora”, afirma Antonio van Moorsel, estrategista-chefe e sócio da Acqua Vero.
Segundo ele, isso proporciona ao Copom um novo argumento técnico para defender a redução da taxa de juros e ao mesmo tempo atender ao desejo do governo, sem que se possa dizer que o Banco Central se dobrou às pressões políticas.
“É possível a interpretação de que o colapso dos dois bancos pode apertar as condições financeiras, desacelerando a inflação e a economia global. Além disso, na esfera fiscal há outros fatores que corroboram a sinalização de cortes da Selic. Por exemplo a retomada de tributos sobre combustíveis ainda que parcial”.
Desta forma, destaca van Moorsel, a expectativa para a decisão é a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano e uma sinalização do Banco Central de iniciar o corte da taxa ao longo dos próximos meses, a depender dos desdobramentos macroeconômicos.
Crédito e PIB
A projeção para alta do PIB em 2023 passou de 2,1% para 1,61%, de acordo com o Ministério da Fazenda. A nova projeção reflete a desaceleração da indústria e do setor de serviços.
O cenário de crédito foi um dos principais itens que fez o governo projetar a desaceleração do PIB. Guilherme Santos Mello, secretário da Política Econômica do Ministério da Fazenda, diz que “o crédito está extremamente elevado, inviabilizando atividades e investimentos”. Ele acrescentou que o governo está endereçado em reestabelecer o crédito no País.
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O secretário acrescentou que o Brasil apresenta inflação menor que muitos países: “Estamos descolados da taxa de juros real”. Segundo Mello, isso se traduz na desaceleração da atividade econômica.
Taxa de desemprego
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 8,4% no trimestre móvel encerrado em janeiro, praticamente estável em relação à desocupação verificada em outubro (8,3%). Em dezembro, a taxa estava em 7,9%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e foram divulgados nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O dado ficou um pouco acima do esperado pelo mercado, que previa uma taxa de desocupação de 8,3%, segundo o consenso Refinitiv.
A taxa do período de novembro a janeiro é a menor registrada pelo IBGE desde 2015. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, houve queda de 2,9 pontos porcentuais.
Produção industrial EUA
A produção industrial nos Estados Unidos permaneceu inalterada em fevereiro em relação a janeiro, mas apresentou queda de 0,2% na comparação com fevereiro de 2022, informou nesta sexta-feira o Federal Reserve (Fed). O dado mensal veio pior que o esperado pelo consenso Refinitiv, que previa alta de 0,2% em fevereiro.
Em fevereiro, a produção manufatureira subiu 0,1% e o índice do setor de mineração caiu 0,6%, enquanto a produção de serviços cresceu 0,5%.
OCDE
Os impactos da política monetária restritiva liderada por bancos centrais ao redor do mundo começaram a aparecer no setor bancário, indica a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em relatório divulgado nesta sexta-feira, 17.
O documento aponta que o aperto monetário para combater a inflação é um dos riscos centrais para o crescimento global, considerando as incertezas sobre a escala e duração necessárias para o ciclo restritivo reduzir a inflação sustentadamente.